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Mercosul sai em defesa da Argentina

Às vésperas da data-limite para que a Argentina pague os credores, espera-se dos presidentes mais declarações formais de apoio ao governo Kirchner

Cristina Kirchner: o país tem até a quarta-feira para fechar um acordo ou dar o calote (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 08h30.

Caracas - Às vésperas da data-limite para que a Argentina pague os credores holdouts - fundos de investimentos que não participaram das renegociações da dívida de 2005 e 2010 -, a decisão do Mercosul é defender o sócio. Espera-se dos presidentes, nesta terça-feira, 29, mais declarações formais de apoio ao governo de Cristina Kirchner.

Mesmo que, a essa altura, o bloco possa apenas se manifestar politicamente, a Argentina pediu a demonstração de que não está sozinha na briga contra os fundos. Diplomatas do Mercosul estariam cogitando incluir no documento final do encontro uma menção de apoio à Argentina.

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Uma comitiva da Argentina se reúne hoje em Nova York com o mediador Daniel Pollack, indicado pela justiça americana, para uma última rodada de negociações. A Argentina tem até a quarta-feira, 30, para fechar um acordo ou dar o calote.

Em encontro com ministros do bloco, em Caracas, o chanceler argentino, Hector Timerman, apresentou a seus colegas um panorama da situação. Repetiu que o governo não tem condições de aceitar a decisão judicial sob pena de desestruturar toda a renegociação da dívida, mas que pretende continuar pagando os demais credores.

O governo brasileiro confirma que observa com preocupação a situação do país vizinho, que pode ter reflexos em toda a região. Apesar de alegar que a falta de divisas na Argentina já prejudicou o comércio com o Brasil, e que não há como piorar mais a curto prazo, diplomatas brasileiros afirmam que há riscos maiores a médio prazo.

Os diplomatas brasileiros dizem que o maior risco é para o mercado de reestruturação de dívidas, já que a Argentina foi levada a essa situação.

A Argentina tinha recursos e disposição para pagar os fundos, desde que fosse a partir de janeiro de 2015, quando expira a cláusula que obriga o país a estender a todos os credores qualquer novo benefício acertado com os holdouts - mesmo àqueles que já renegociaram.

"Estamos acompanhando a situação. O que temos de buscar é a segurança e a previsibilidade de tudo que implica a reestruturação das dívidas dos Estados", afirmou o chanceler paraguaio, Eládio Loizaga.

"Isso é uma situação que conspira contra a previsibilidade de uma reestruturação. Cremos que uma minoria não pode gerar esse tipo de descalabro em um esquema já acordado com os maiores detentores de bônus."

Reforma

Na reunião ampliada dos chanceleres, Timerman apelou ao bloco para liderar a defesa de uma reforma do sistema financeiro internacional que inclua uma limitação dos fundos holdouts.

"A Argentina agradece o respaldo do Mercosul nesta grave situação. É fundamental que, a partir deste primeiro passo, assumamos a liderança necessária para impulsionar a reforma no sistema financeiro internacional", disse o chanceler argentino.

"Precisamos promover regras mais justas e equitativas para que os processos de reestruturação de dívidas soberanas impeçam a ação dos fundos 'abutres'."

Loizaga confirma que a tese da reforma vem sendo discutida em fóruns globais com apoio do bloco. "O Mercosul está dentro de um esquema muito menor, mas quer sobretudo que haja respeito. A Argentina está pagando sua dívida."

O apoio já foi dado em outras ocasiões. Apesar de a Argentina não ter conseguido incluir na declaração do encontro do Brics com os países da América do Sul apoio explícito, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que condena a ação dos fundos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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