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Mercados com preços baixos se popularizam na crise grega

Nos finais de semana, várias praças públicas na Grécia recebem agricultores que oferecem seus produtos a preços baixos, ao que se chamou "movimento sem intermediários"

Fila de pessoas procurando emprego em Atenas, na Grécia: na crise, tanto os agricultores como os consumidores se beneficiam dos mercados sem intermediários (John Kolesidis/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 07h56.

Atenas - Quando chega o fim de semana, várias praças em cidades gregas se transformam em mercados de venda direta, onde os agricultores oferecem seus produtos a preços baixos, uma prática que a crise tornou possível.

O que há um ano nasceu como uma ideia espontânea de protesto contra as consequências de uma crise cada vez mais grave, com o tempo foi ganhando forma até se transformar no chamado "movimento sem intermediários", cujo objetivo é pôr os produtores diretamente em contato com os consumidores, evitando as redes comerciais tradicionais que aumentam excessivamente os preços.

Tudo começou em dezembro de 2011, quando os agricultores de Drama, uma cidade próxima à fronteira com a Bulgária, cansados de vender sua produção a baixo preço, decidiram presentear em Salônica pacotes de batatas de dois quilos.

Um mês mais tarde, uma associação local de Katerini, no norte do país, convidou os agricultores de Drama a lhes vender diretamente seus produtos. Em duas semanas, esses mesmos agricultores já estavam vendendo em Volos, no centro da Grécia . E depois em outras cidades.

Foi aí que o que teve início com o nome de "movimento das batatas" se transformou no "movimento sem intermediários".

Dezenas de municípios em todo o país entraram em contato com agricultores para possibilitar em suas praças a venda direta.

"Organizamos este mercado todo segundo domingo de cada mês. Estudamos experiências similares na França e na Holanda. A partir de março, começaremos a montá-lo a cada duas semanas", declarou à Agência Efe Nikos Chardaliás, prefeito de Vyronas, cidade nos arredores de Atenas.


Na "cidade de produtores", como é chamado o mercado de Vyronas, são vendidos 60 produtos de primeira necessidade, entre eles azeite, farinha, mel, massas, arroz e laranja, como também ervas aromáticas, amêndoas, nozes e salsichas.

"Nos interessa oferecer produtos de boa qualidade e que sejam baratos. Uma comissão municipal examina as ofertas dos produtores e verifica se eles são realmente os produtores", destaca Stavrula Panayea, que junto com Maria Dimopulu supervisiona o mercado sem intermediários a cada dois meses em Elefsina, a 20 quilômetros de Atenas.

"Os consumidores são informados pelo rádio, a imprensa local, a internet e por anúncios nas mesmas praças", acrescenta.

"A cada vez que organizamos o mercado, de 600 a 900 famílias fazem compras, e isso é muito importante para uma cidade como a nossa, que sofre de uma taxa de desemprego muito alta", acrescenta o prefeito de Elefsina, Giorgos Tsukalas.

Há municípios que organizam o mercado para um só produto de cada vez. "Pedimos ofertas para um só produto", explica o vice-prefeito de Iliupolis, na periferia de Atenas, Christos Yannakis.

Mas nem todos os mercados sem intermediários dependem de prefeituras. Em três bairros da periferia de Heraklion, na ilha de Creta, o mercado é organizado por uma iniciativa local de cidadãos.

"Tomamos a decisão de fazê-lo em uma assembleia de moradores", explica Katerina Savvaki. "Somos todos voluntários, por isso não é possível organizá-lo em prazos precisos", acrescenta.

Segundo ela, antes de fazer as encomendas aos produtores, são distribuídas cédulas de comandas nos pontos centrais dos três bairros.

Tanto os agricultores como os consumidores se beneficiam dos mercados sem intermediários. "Vendo meu arroz a 1 euro por quilo, em pacotes de 3 e de 5 quilos", explica Dimitris Vlajos, que a este preço tem 15% a mais de lucro. Para os compradores sai pelo menos 50 centavos por quilo mais barato.

"Venho fazer minhas compras aqui a cada mês", diz a dona de casa Margarita Nasia. "Compro especialmente ovos, massa, batatas e arroz. Tanto a qualidade dos produtos como seus preços são melhores que os do supermercado", acrescenta.

Mas nem todos estão contentes. "Os comerciantes locais protestaram. Isso nos levou a organizar nosso mercado uma vez por mês ao invés de dois", reconhece o vice-prefeito Christos Yannakis.

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Atenas - Quando chega o fim de semana, várias praças em cidades gregas se transformam em mercados de venda direta, onde os agricultores oferecem seus produtos a preços baixos, uma prática que a crise tornou possível.

O que há um ano nasceu como uma ideia espontânea de protesto contra as consequências de uma crise cada vez mais grave, com o tempo foi ganhando forma até se transformar no chamado "movimento sem intermediários", cujo objetivo é pôr os produtores diretamente em contato com os consumidores, evitando as redes comerciais tradicionais que aumentam excessivamente os preços.

Tudo começou em dezembro de 2011, quando os agricultores de Drama, uma cidade próxima à fronteira com a Bulgária, cansados de vender sua produção a baixo preço, decidiram presentear em Salônica pacotes de batatas de dois quilos.

Um mês mais tarde, uma associação local de Katerini, no norte do país, convidou os agricultores de Drama a lhes vender diretamente seus produtos. Em duas semanas, esses mesmos agricultores já estavam vendendo em Volos, no centro da Grécia . E depois em outras cidades.

Foi aí que o que teve início com o nome de "movimento das batatas" se transformou no "movimento sem intermediários".

Dezenas de municípios em todo o país entraram em contato com agricultores para possibilitar em suas praças a venda direta.

"Organizamos este mercado todo segundo domingo de cada mês. Estudamos experiências similares na França e na Holanda. A partir de março, começaremos a montá-lo a cada duas semanas", declarou à Agência Efe Nikos Chardaliás, prefeito de Vyronas, cidade nos arredores de Atenas.


Na "cidade de produtores", como é chamado o mercado de Vyronas, são vendidos 60 produtos de primeira necessidade, entre eles azeite, farinha, mel, massas, arroz e laranja, como também ervas aromáticas, amêndoas, nozes e salsichas.

"Nos interessa oferecer produtos de boa qualidade e que sejam baratos. Uma comissão municipal examina as ofertas dos produtores e verifica se eles são realmente os produtores", destaca Stavrula Panayea, que junto com Maria Dimopulu supervisiona o mercado sem intermediários a cada dois meses em Elefsina, a 20 quilômetros de Atenas.

"Os consumidores são informados pelo rádio, a imprensa local, a internet e por anúncios nas mesmas praças", acrescenta.

"A cada vez que organizamos o mercado, de 600 a 900 famílias fazem compras, e isso é muito importante para uma cidade como a nossa, que sofre de uma taxa de desemprego muito alta", acrescenta o prefeito de Elefsina, Giorgos Tsukalas.

Há municípios que organizam o mercado para um só produto de cada vez. "Pedimos ofertas para um só produto", explica o vice-prefeito de Iliupolis, na periferia de Atenas, Christos Yannakis.

Mas nem todos os mercados sem intermediários dependem de prefeituras. Em três bairros da periferia de Heraklion, na ilha de Creta, o mercado é organizado por uma iniciativa local de cidadãos.

"Tomamos a decisão de fazê-lo em uma assembleia de moradores", explica Katerina Savvaki. "Somos todos voluntários, por isso não é possível organizá-lo em prazos precisos", acrescenta.

Segundo ela, antes de fazer as encomendas aos produtores, são distribuídas cédulas de comandas nos pontos centrais dos três bairros.

Tanto os agricultores como os consumidores se beneficiam dos mercados sem intermediários. "Vendo meu arroz a 1 euro por quilo, em pacotes de 3 e de 5 quilos", explica Dimitris Vlajos, que a este preço tem 15% a mais de lucro. Para os compradores sai pelo menos 50 centavos por quilo mais barato.

"Venho fazer minhas compras aqui a cada mês", diz a dona de casa Margarita Nasia. "Compro especialmente ovos, massa, batatas e arroz. Tanto a qualidade dos produtos como seus preços são melhores que os do supermercado", acrescenta.

Mas nem todos estão contentes. "Os comerciantes locais protestaram. Isso nos levou a organizar nosso mercado uma vez por mês ao invés de dois", reconhece o vice-prefeito Christos Yannakis.

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