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Mercado reduz previsão do PIB de 2014

Agora, os economistas estão céticos sobre a possibilidade de o PIB atingir 2% e os mais pessimistas calculam alta menor do que 1%

Indicadores da economia decepcionaram o mercado (Antonio Cruz/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2014 às 13h24.

São Paulo - Analistas de mercado revisaram suas projeções para a economia em 2014, após a divulgação do fraco resultado do PIB no primeiro trimestre. Previsões preliminares indicam projeção de alta do PIB entre 0,80% e 1,90% este ano, com mediana de 1,30%.

O resultado apareceu em uma pesquisa feita com 20 analistas financeiros ontem à tarde pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado.

O cenário é muito diferente daquele registrado em levantamento semelhante realizado logo após a divulgação do PIB de 2013, no fim de fevereiro, quando as previsões iam de 1,25% a 2,50%, com mediana de 1,80%.

Agora, os economistas estão céticos sobre a possibilidade de o PIB atingir 2% e os mais pessimistas calculam alta menor do que 1% este ano.

Decepção

Nos últimos meses, os indicadores da indústria, dos serviços, de investimento e da confiança de empresários e de consumidores decepcionaram o mercado, que teve de ajustar seus cálculos. E, embora os economistas já contassem com um crescimento baixo no primeiro trimestre, o IBGE trouxe revisões na série histórica, o que também levou o mercado a mexer em seus números.

O PIB de 2013 foi revisto para cima, de 2,3% para 2,5%, o que eleva a base de comparação para 2014. "Após esta revisão, o efeito carregamento trazido de 2013 para 2014 (quanto o PIB cresceria em 2014 caso tivesse crescimento zero em todos os trimestres) recuou de 0,7% para 0,6%. Se ficasse estável no patamar do primeiro trimestre do ano, o PIB cresceria 0,7% em 2014", disseram os economistas da Rosenberg Associados, em relatório.

No piso das estimativas está o Banco Fibra, aguardando PIB de 0,80% para este ano. A taxa foi revisada de uma projeção anterior de 1,3%. O economista Cristiano Oliveira afirmou que a economia está num cenário de estagflação, que combina crescimento baixo e inflação elevada. "(O problema) Não é apenas a indústria, é generalizado", afirmou.

Também pessimista para o PIB deste ano está o economista Adauto Lima, da Western Asset, que, em número ainda preliminar, projeta crescimento de 1% este ano. Entre os vários problemas que a economia apresenta, ele destaca a produtividade. "A produtividade está estagnada no Brasil", disse. Para ele, a questão está relacionada, entre outros fatores, à forte valorização do câmbio, que está prejudicando a indústria, e ao crescimento do setor de serviços, "em que a produtividade costuma ser menor", nos últimos anos. "Em termos de PIB, e não de emprego, o cenário é de estagflação", acrescentou.

Tendência

Em entrevistas concedidas após a divulgação do PIB, vários economistas demonstraram preocupação com as perspectivas para os próximos meses. A economista da XP Investimentos, Zeina Latif, disse que o resultado do primeiro trimestre indica tendência de queda no segundo trimestre. De acordo com a economista, a expectativa de queda está amparada não só no baixo crescimento na primeira leitura do ano, mas também à percepção de que os investimentos continuarão caindo. "Espero queda no segundo trimestre até mesmo pela queda generalizada da confiança dos empresários de todos os setores."

O economista Luis Paulo Rosenberg, sócio da Rosenberg Associados, afirmou que o cenário de desânimo com a economia, principalmente por parte dos empresários, pode fazer com que o PIB cresça apenas 1,2% em 2014. "Infelizmente, a economia brasileira está crescendo aquém do potencial e existe um fator de expectativa muito negativo. Eu nunca tinha visto a classe empresarial tão desanimada com as perspectivas", disse.

Para Rosenberg, o pessimismo e o desânimo do empresariado ocorrem "indevidamente", já que a situação cambial, de emprego e do poder aquisitivo são positivas, mesmo com os juros ainda altos. "Mas os desacertos cometidos pelo governo no passado, alguns deles já corrigidos como a entrada maior nas privatizações e concessões, trouxeram um ranço de que o governo é intervencionista, bolivariano. E uma associação com o que ocorreu na Argentina e na Venezuela é assustadora ao empresariado." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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São Paulo - Analistas de mercado revisaram suas projeções para a economia em 2014, após a divulgação do fraco resultado do PIB no primeiro trimestre. Previsões preliminares indicam projeção de alta do PIB entre 0,80% e 1,90% este ano, com mediana de 1,30%.

O resultado apareceu em uma pesquisa feita com 20 analistas financeiros ontem à tarde pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado.

O cenário é muito diferente daquele registrado em levantamento semelhante realizado logo após a divulgação do PIB de 2013, no fim de fevereiro, quando as previsões iam de 1,25% a 2,50%, com mediana de 1,80%.

Agora, os economistas estão céticos sobre a possibilidade de o PIB atingir 2% e os mais pessimistas calculam alta menor do que 1% este ano.

Decepção

Nos últimos meses, os indicadores da indústria, dos serviços, de investimento e da confiança de empresários e de consumidores decepcionaram o mercado, que teve de ajustar seus cálculos. E, embora os economistas já contassem com um crescimento baixo no primeiro trimestre, o IBGE trouxe revisões na série histórica, o que também levou o mercado a mexer em seus números.

O PIB de 2013 foi revisto para cima, de 2,3% para 2,5%, o que eleva a base de comparação para 2014. "Após esta revisão, o efeito carregamento trazido de 2013 para 2014 (quanto o PIB cresceria em 2014 caso tivesse crescimento zero em todos os trimestres) recuou de 0,7% para 0,6%. Se ficasse estável no patamar do primeiro trimestre do ano, o PIB cresceria 0,7% em 2014", disseram os economistas da Rosenberg Associados, em relatório.

No piso das estimativas está o Banco Fibra, aguardando PIB de 0,80% para este ano. A taxa foi revisada de uma projeção anterior de 1,3%. O economista Cristiano Oliveira afirmou que a economia está num cenário de estagflação, que combina crescimento baixo e inflação elevada. "(O problema) Não é apenas a indústria, é generalizado", afirmou.

Também pessimista para o PIB deste ano está o economista Adauto Lima, da Western Asset, que, em número ainda preliminar, projeta crescimento de 1% este ano. Entre os vários problemas que a economia apresenta, ele destaca a produtividade. "A produtividade está estagnada no Brasil", disse. Para ele, a questão está relacionada, entre outros fatores, à forte valorização do câmbio, que está prejudicando a indústria, e ao crescimento do setor de serviços, "em que a produtividade costuma ser menor", nos últimos anos. "Em termos de PIB, e não de emprego, o cenário é de estagflação", acrescentou.

Tendência

Em entrevistas concedidas após a divulgação do PIB, vários economistas demonstraram preocupação com as perspectivas para os próximos meses. A economista da XP Investimentos, Zeina Latif, disse que o resultado do primeiro trimestre indica tendência de queda no segundo trimestre. De acordo com a economista, a expectativa de queda está amparada não só no baixo crescimento na primeira leitura do ano, mas também à percepção de que os investimentos continuarão caindo. "Espero queda no segundo trimestre até mesmo pela queda generalizada da confiança dos empresários de todos os setores."

O economista Luis Paulo Rosenberg, sócio da Rosenberg Associados, afirmou que o cenário de desânimo com a economia, principalmente por parte dos empresários, pode fazer com que o PIB cresça apenas 1,2% em 2014. "Infelizmente, a economia brasileira está crescendo aquém do potencial e existe um fator de expectativa muito negativo. Eu nunca tinha visto a classe empresarial tão desanimada com as perspectivas", disse.

Para Rosenberg, o pessimismo e o desânimo do empresariado ocorrem "indevidamente", já que a situação cambial, de emprego e do poder aquisitivo são positivas, mesmo com os juros ainda altos. "Mas os desacertos cometidos pelo governo no passado, alguns deles já corrigidos como a entrada maior nas privatizações e concessões, trouxeram um ranço de que o governo é intervencionista, bolivariano. E uma associação com o que ocorreu na Argentina e na Venezuela é assustadora ao empresariado." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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