Boletim Focus: ainda sob efeito das medidas para baixar os preços de combustíveis, o IPCA de 2022 caiu pela terceira semana consecutiva (RafaPress/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de julho de 2022 às 09h53.
Última atualização em 18 de julho de 2022 às 12h41.
A mediana para a alta do IPCA, o índice de inflação oficial, de 2022 voltou a perder força, ainda estourando a meta, conforme o Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 18, enquanto a projeção de 2023 segue subindo e superando o intervalo de tolerância do mandato principal do Banco Central (BC).
Ainda sob efeito das medidas tributárias para baixar os preços de combustíveis, principalmente, a projeção para o IPCA de 2022 caiu pela terceira semana consecutiva e passou de 7,67% para 7 54%. Em contrapartida, a de 2023, foco da política monetária, já sobe pela 15ª semana seguida, avançando de 5,09% para 5,20%. Há um mês, as estimativas eram de 8,27% e 4,83%, respectivamente.
Considerando somente as 43 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 passou de 7,49% para 7,50% e a de 2023 foi de 5,20% para 5,12%.
Os porcentuais divulgados na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC indicou que mira algo mais próximo do centro da meta no ano que vem do que sua projeção atual (4,0%).
O Boletim Focus também mostra sinais de desancoragem mais ampla, com a mediana de 2024 acima do centro da meta. Nesta semana, a estimativa continuou em 3,30%. Há um mês, estava em 3,25%. A previsão para 2025, por sua vez, continuou em 3,00%, mesmo porcentual há 53 semanas.
A meta para 2024 e para 2025 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%).
No Copom do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 8,8% em 2022, 4,0 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Graças às desonerações em energia e combustíveis, os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação ainda maior no IPCA de julho, com a mediana variando de -0,28% para -0,46%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado era de alta de 0,43%.
Para agosto, a projeção no Focus cedeu de alta de 0,16% para 0 13%, ante 0,33% há quatro semanas. Para o índice de setembro, a estimativa variou de 0,48% para 0,49%, contra 0,46% de um mês antes.
Já a inflação suavizada para os próximos 12 meses acelerou, de alta de 5,16% para 5,24% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,79%.
Com os dados positivos de atividade econômica e a PEC dos Benefícios, pacote bilionário de estímulo à demanda em ano eleitoral aprovado no Congresso Nacional, a previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 continuou a avançar.
A projeção passou de 1,59% para 1,75%, contra 1,50% há um mês. Já a estimativa para a expansão do PIB em 2023 continuou em 0,50%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás.
Considerando apenas as 27 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 1,80% para 1 85%. No caso de 2023, houve 25 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação de 0,43% para 0,50%.
O Relatório Focus ainda trouxe a medianas para o PIB de 2024, que continuou em 1,80%, e de 2025, que permaneceu em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,81% e 2,00%, respectivamente.
O Relatório de Mercado Focus também mostrou nesta segunda-feira, 18, leve piora na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana aumentou de 59,00% para 59,23%, ante 59,29% de um mês atrás.
O relatório trouxe ainda manutenção na relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com superávit de 0,10%, contra resultado positivo de 0,15% há quatro semanas. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 permaneceu em 6,70%, ante 6 90% de um mês antes.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB também se deteriorou, de 62,00% para 63,50%, de 62,70% há um mês. A mediana para o déficit primário continuou em 0,20% do PIB. Já para o rombo nominal, a estimativa permaneceu em 7,60%. Os porcentuais eram negativos em 0,25% e 7,50%, respectivamente, há quatro semanas.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 70,00 bilhões para US$ 68,18 bilhões na última semana, ante US$ 69,00 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus. Para 2023, passou de US$ 60 71 bilhões para R$ 60,00 bilhões, mesma expectativa de quatro semanas antes.
No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana continuou em US$ 18,00 bilhões, repetindo a expectativa de um mês atrás. Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes passou de US$ 32,30 bilhões para US$ 30,60 bilhões. Há um mês, era de US$ 33,70 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 passou de US$ 58,40 bilhões para US$ 57,20 bilhões, ante US$ 58,40 bilhões de um mês atrás. Para 2023, passou de US$ 66,15 bilhões para US$ 60,50 bilhões, mesma mediana de quatro semanas antes.
A projeção para a Selic - a taxa básica de juros - no fim deste ano continuou estável em 13,75% no Boletim Focus. A estimativa para 2023 voltou a subir, de 10,50% para 10,75%, seguindo a sinalização do Banco Central (BC) de taxa restritiva por mais tempo e a deterioração das estimativas de inflação para 2023, foco da política monetária. Há um mês, os porcentuais eram de 13,75% e 10,25%, nessa ordem.
Considerando apenas as 37 respostas nos últimos cinco dias úteis a expectativa para a Selic no fim deste ano também permaneceu em 13,75%. No fim de 2023, cedeu de 11,00% para 10,50%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de junho, a Selic subiu de 12,75% para 13,25% e o colegiado indicou novo aumento de igual ou menor magnitude (0,50pp) para a reunião de agosto. Além disso, na ata, sinalizou que a Selic deve ficar em patamar "significativamente" contracionista por período maior do que projetava na época o mercado, com o objetivo de que a inflação de 2023 convirja para o "redor da meta".
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
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