Mercado livre sofre com situação de reservatórios
Contratos de compra e venda de energia para 2014 estão sendo negociados na casa dos R$ 400/MWh atualmente
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 20h14.
Rio - A situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas já repercute negativamente no ambiente de negócios do mercado livre, no qual grandes indústrias escolhem livremente de quem comprar energia. Contratos de compra e venda de energia para 2014 estão sendo negociados na casa dos R$ 400/MWh atualmente, reflexo do aumento recorde de R$ 822,23/MWh no preço de liquidação das diferenças (PLD), balizador dos agentes na formação de preços no curto prazo. O cenário atual já contamina, inclusive, os preços para 2015.
No fim do ano passado, quando o nível dos reservatórios apresentava trajetória crescente e a previsão de chuvas para janeiro era bastante favorável, era possível contratar energia para entrega em 2014 pagando entre R$ 160/MWh e R$ 170/MWh. "O mercado não tinha a expectativa de que o sistema passaria por tal estresse e que janeiro seria seco", disse o sócio-diretor da comercializadora Ecom Energia, Paulo Toledo.
No início de janeiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trabalhava com a projeção de que as chuvas do mês seriam de 98% da média histórica no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais relevante do sistema elétrico brasileiro. Mas a atuação de uma massa de ar quente e seca nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste impediu o avanço de frentes frias, provocando seca e temperaturas elevadas. Por causa disso, as vazões reais para o mês de janeiro ficaram bem abaixo do previsto, em 54% da média histórica.
A combinação de chuvas escassas e consumo elevado levaram ao esvaziamento dos reservatórios das principais hidrelétricas do País. Hoje, os reservatórios das usinas do Sudeste/Centro-Oeste estão no nível mais baixo de 2001, ano em que o governo decretou racionamento. Tal situação não deve melhorar este mês, porque as chuvas em fevereiro devem ser fracas, próximas a 42% da média histórica.
O diretor-comercial da comercializadora Bolt Energias, Rodolfo Salazar, afirmou que liquidez do mercado livre para operações no curto prazo não foi comprometida pelo cenário adverso. "O agente descontratado, seja um gerador, um consumidor ou uma comercializadora, continua comprando energia", disse.
O desaquecimento dos negócios foi sentida na busca por contratos de médio e longo prazo. O presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Vlavianos, disse que a energia para 2015 já está sendo vendida no mercado entre R$ 180/MWh e R$ 200/MWh. Antes crise, os preços giravam em torno de R$ 135/MWh a R$ 140/MWh. "As operações para venda de energia no médio prazo diminuíram, porque não há uma referência de preços futuros", acrescentou Toledo.
Além da maior cautela, alta inesperada do preço spot tem feito as grandes indústrias repensarem as suas estratégias para o ano. Algumas empresas fazem contar para ver se vale à pena reduzir o consumo para lucrar com a venda do excedente da energia, enquanto outras buscam maneiras de ajustar a produção ao volume de energia contratada, para evitar penalidades e ter adquirir energia ao PLD.
Salazar afirmou que pelo menos três clientes da Bolt no setor têxtil estão avaliando diminuir ou até parar a produção. "As margens desse setor são baixas, e, com a alta do PLD, é como se pagassem para fabricar os seus produtos", explicou. Dois desses consumidores avaliam parar as suas fábricas para não ficarem expostos ao mercado spot, enquanto um deles, 100% contratado, planeja lucrar com o preço alto.
Rio - A situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas já repercute negativamente no ambiente de negócios do mercado livre, no qual grandes indústrias escolhem livremente de quem comprar energia. Contratos de compra e venda de energia para 2014 estão sendo negociados na casa dos R$ 400/MWh atualmente, reflexo do aumento recorde de R$ 822,23/MWh no preço de liquidação das diferenças (PLD), balizador dos agentes na formação de preços no curto prazo. O cenário atual já contamina, inclusive, os preços para 2015.
No fim do ano passado, quando o nível dos reservatórios apresentava trajetória crescente e a previsão de chuvas para janeiro era bastante favorável, era possível contratar energia para entrega em 2014 pagando entre R$ 160/MWh e R$ 170/MWh. "O mercado não tinha a expectativa de que o sistema passaria por tal estresse e que janeiro seria seco", disse o sócio-diretor da comercializadora Ecom Energia, Paulo Toledo.
No início de janeiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trabalhava com a projeção de que as chuvas do mês seriam de 98% da média histórica no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais relevante do sistema elétrico brasileiro. Mas a atuação de uma massa de ar quente e seca nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste impediu o avanço de frentes frias, provocando seca e temperaturas elevadas. Por causa disso, as vazões reais para o mês de janeiro ficaram bem abaixo do previsto, em 54% da média histórica.
A combinação de chuvas escassas e consumo elevado levaram ao esvaziamento dos reservatórios das principais hidrelétricas do País. Hoje, os reservatórios das usinas do Sudeste/Centro-Oeste estão no nível mais baixo de 2001, ano em que o governo decretou racionamento. Tal situação não deve melhorar este mês, porque as chuvas em fevereiro devem ser fracas, próximas a 42% da média histórica.
O diretor-comercial da comercializadora Bolt Energias, Rodolfo Salazar, afirmou que liquidez do mercado livre para operações no curto prazo não foi comprometida pelo cenário adverso. "O agente descontratado, seja um gerador, um consumidor ou uma comercializadora, continua comprando energia", disse.
O desaquecimento dos negócios foi sentida na busca por contratos de médio e longo prazo. O presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Vlavianos, disse que a energia para 2015 já está sendo vendida no mercado entre R$ 180/MWh e R$ 200/MWh. Antes crise, os preços giravam em torno de R$ 135/MWh a R$ 140/MWh. "As operações para venda de energia no médio prazo diminuíram, porque não há uma referência de preços futuros", acrescentou Toledo.
Além da maior cautela, alta inesperada do preço spot tem feito as grandes indústrias repensarem as suas estratégias para o ano. Algumas empresas fazem contar para ver se vale à pena reduzir o consumo para lucrar com a venda do excedente da energia, enquanto outras buscam maneiras de ajustar a produção ao volume de energia contratada, para evitar penalidades e ter adquirir energia ao PLD.
Salazar afirmou que pelo menos três clientes da Bolt no setor têxtil estão avaliando diminuir ou até parar a produção. "As margens desse setor são baixas, e, com a alta do PLD, é como se pagassem para fabricar os seus produtos", explicou. Dois desses consumidores avaliam parar as suas fábricas para não ficarem expostos ao mercado spot, enquanto um deles, 100% contratado, planeja lucrar com o preço alto.