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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.
Pela primeira vez no ano, as exportações industriais paulistas caíram, deixando para o mercado interno a sustentação da alta de vendas totais. De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado nesta sexta-feira (24/9), as exportações de industrializados do estado de São Paulo recuaram 1,3% em agosto na comparação com julho.
Com a queda, o avanço das vendas externas no acumulado dos oito primeiros meses do ano sobre mesmo período do ano passado foi de 35,4%, ou 0,5 ponto percentual menos do que a comparação entre janeiro e julho dos dois anos (35,9%). Ao mesmo tempo, as vendas reais totais acumuladas entre janeiro e agosto, sobre os oito meses iniciais de 2003, cresceram 19,3%, 0,4 ponto percentual acima da comparação de acumulados de janeiro a julho de 2004 com 2003 (18,9%).
"É uma queda de exportações irrelevante, mas pela primeira vez no ano a Fiesp constatou esse movimento", diz Cláudio Vaz, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e presidente eleito do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), cuja posse está marcada para a próxima semana.
O Indicador de Nível de Atividade (INA) da Fiesp foi reformulado por causa de uma mudança metodológica adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no cálculo do indicador de produção física industrial, que lhe servia como base. Entre outras mudanças, foi alterada a composição dos setores industriais, o que acabou quebrando a série histórica do INA. Depois de uma reformulação estatística que consumiu seis meses, a Fiesp reconstituiu a série a partir do ano passado, mas divulgou apenas os números deste ano (veja tabela).
O dado para agosto indica um avanço de 1,8% da atividade industrial no estado ante o mês anterior, e de 7% no acumulado do ano. Para efeito de comparação, o novo INA de julho registra avanço de 1,3%, enquanto o indicador do IBGE apontava crescimento de 4,5%. "Os números do INA são mais atenuados que os do IBGE pelo número maior de variáveis que possui. A atividade industrial não é só produção física, inclui horas trabalhadas e pagas e faturamento real, por exemplo", diz Vaz. "Ambos caminham na mesma direção, mas os nossos são menos exuberantes do que os do IBGE."
Em sua avaliação, a recente alta da taxa básica de juros e o anúncio de incremento do superávit fiscal de 4,25% para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) devem arrefecer o ímpeto do mercado interno no próximo ano. "É descaradamente óbvio que o crescimento será afetado."
A Fiesp também vai divulgar, a partir de janeiro de 2005, um "indicador antecedente" que vai procurar refletir estatisticamente as tendências da indústria para o trimestre seguinte. "Ainda estamos testando, mas se estivesse pronto, esse indicador mostraria certamente um crescimento mais suave entre setembro e novembro", afirma Vaz.
Em vendas deflacionadas pelo Índice de Preços no Atacado (IPA), a indústria de São Paulo avançou 4% entre julho e agosto. Os setores que mais se destacaram foram os de material e equipamentos eletrônicos (16%), combustíveis (13,3%) e edição, impressão e reprodução de gravações (10,4%). A maior queda em vendas foi detectada no setor de metalurgia básica (-4,1%), que ao mesmo tempo registra um nível de utilização de capacidade instalada de 90,1%. Só três setores estão mais próximos do teto da capacidade: papel e celulose (90,6%), veículos automotores (91,5%) e combustíveis (97,8%).
O salário real médio pago na indústria caiu 0,1% entre julho e agosto e avançou 7,6% comparando janeiro-agosto deste ano com mesmo período de 2003.
Comparação entre indicadores - Mês/Mês anterior (%)
INA Fiesp |
IPF IBGE | |
Janeiro |
-0,6 |
-2,7 |
Fevereiro |
-3,6 |
-2,7 |
Março |
14,2 |
18,2 |
Abril |
-3,3 |
-5,6 |
Maio |
5,6 |
6,6 |
Junho |
2,6 |
1,4 |
Julho |
1,3 |
4,5 |
Agosto |
1,8 |
|