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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.
O mercado financeiro brasileiro opera nesta quarta-feira de olho na reunião mensal do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que pode elevar a taxa básica de juro como medida para aliviar a pressão inflacionária.
Parte dos operadores acredita em alta de 1 ponto percentual na Selic, de 21% para 22%, e apontam o maior rigor nos juros como saída para evitar que a forte alta nos preços, provocada pela instabilidade no câmbio, espalhe-se para o resto da economia. Foi com esta justificativa que o Banco Central elevou a Selic de 18% para 21% há pouco mais de um mês, às vésperas das eleições. De lá para cá, no entanto, os índices de inflação em outubro e nas primeiras prévias de novembro continuam apontando pressões de alta nos preços.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 1,31% em outubro, contra 0,72% em setembro e 0,83% no mesmo mês do ano passado. Foi a maior alta do índice desde julho de 2001, quando a taxa atingiu 1,33%. Na manhã desta quarta-feira, outro índice que preocupa: com uma acentuada alta nos preços de alimentos, o IPC-Fipe, que calcula a inflação ao consumidor em São Paulo, subiu para 2,03% na segunda quadrissemana de novembro, após registrar 1,55% na primeira.
Há também no mercado quem aposta na manutenção da atual taxa de juro. Parte dos investidores está confiante em recentes declarações do presidente do Banco Central. Armínio Fraga disse no início da semana que já é possível visualizar uma desaceleração na expectativa de inflação. "Observamos algumas mudanças não nas variáveis, inerciais, que olham para trás, traduzindo do inglês, mas nas que olham para a frente, as que antecipam", disse o presidente do BC.
De acordo com Fraga, isso é resultado e, em parte, fruto da atitude do governo eleito, que já sinalizou que não haverá mudanças no regime de política econômica. As palavras de Armínio Fraga levam a ala otimista do mercado à seguinte constatação: não faria sentido o presidente do Banco Central fazer um discurso prevendo queda da inflação e, na reunião do Copom, optar por alta da taxa Selic.
Nesta terça-feira, o coordenador da equipe de transição, Antonio Palocci, disse que o Brasil precisa apenas "da taxa adequada de juros", mas evitou falar em números. "O juro muito alto atrapalha a economia. Se ficar muito baixo também não faz bem", afirmou o petista.
O mercado ontem
O dólar encerrou esta terça-feira em leve baixa de 0,14%, a R$ 3,555. Segundo operadores, a expectativa quanto à reunião do Copom teria freado uma queda ainda maior da moeda norte-americana.
A Bovespa, depois de oscilar muito durante pregão todo, fechou estável. Operadores argumentavam que, apesar de algumas indicações positivas --como os sinais emitidos pelo FMI para um futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)-- os investidores em bolsa continuam preferindo a cautela. O Ibovespa encerrou o dia a 9.971 pontos, sem oscilação, mas durante o dia apresentou muita volatilidade. Na máxima, o índice chegou a subir 0,81 por cento e, na mínima, perdeu até 1,32 por cento.