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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.
O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá ignorar os recentes sinais de desaceleração da economia, como os indicadores de produção e de vendas industriais divulgados recentemente, para se concentrar em trazer as expectativas de inflação de 2005 para o centro da meta (5,1%). Como o último relatório de mercado do Banco Central indica que a projeção do IPCA para 2005 continua em 5,9% pela segunda semana consecutiva, os economistas apostam em um novo aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), nesta quarta-feira (17/11).
A estratégia, porém, é recebida com ressalvas. "O Banco Central está com olhos mais pessimistas que o mercado sobre a inflação. É claro que o risco existe, mas o banco está carregando nas tintas", afirma Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria. Loyola também criticou a excessiva atenção do Copom em relação às expectativas de inflação futura formuladas pelo mercado.
Já o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, afirma que a inflação está menos preocupante do que em meses anteriores. O sinal mais forte é a estabilidade da expectativa de inflação para os preços livres. "As projeções estão estáveis há sete semanas. O problema são os preços administrados", diz. Mas mesmo o IGP-M tende a permanecer mais comportado em 2005. "As projeções do IGP-M para o ano que vem são metade das deste ano", afirma Barros. Segundo o relatório de mercado do BC, os analistas esperam que esse índice acumule 12,34% neste ano e 6,5% em 2005.
Apostas
Apesar da menor pressão inflacionária, Barros acredita que o Copom elevará em 0,50 ponto percentual a Selic, nesta reunião. A expectativa está em linha com outras instituições financeiras, como o banco de investimentos Banif. O UBS, que esperava a manutenção da Selic em 16,75% ao ano, também elevou sua estimativa para uma alta de 0,50 ponto percentual.
Segundo a economista-chefe do UBS, Victoria Werneck, o BC não estaria sentindo, ainda, uma trajetória convincente de convergência da expectativa de inflação de 2005 para a meta de 5,1%. Já o gerente de Tesouraria do Banif, Alberto Oliveira, cita a instabilidade do preço do petróleo como fator de pressão internacional.
A dúvida, agora, é sobre o ponto em que o Copom estabilizará os juros. "Eu não jogaria todas as minhas fichas em três rodadas consecutivas de 0,50 ponto de aumento", afirma Barros, do Bradesco. Para ele, novembro será o último mês em que o BC adotará essa taxa de aumento dos juros. Em dezembro, o novo ajuste será de 0,25 ponto e a taxa Selic encerraria o ano em 17,5% ao ano.
Victoria, do UBS, é mais conservadora e projeta novo ajuste de 0,5 ponto em dezembro, com o qual a Selic fecharia 2004 em 17,75%. Tanto Barros, quanto ela, porém, concordam que a autoridade monetária deverá deixar os juros inalterados no primeiro trimestre de 2005, a fim de verificar se os ajustes serão suficientes para que o IPCA recue para o centro da meta.