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Mercado eleva previsão para inflação em 2015

Com todos os aumentos, a expectativa da Tendências para a inflação em 2015 deve passar de 8,1% para 8,3%

Moedas: mercado contava com uma certa acomodação da inflação nos meses seguintes (Bruno Domingos/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2015 às 10h08.

São Paulo - Após a forte elevação vista no primeiro trimestre, os preços administrados - controlados pelo governo - estão embarcando em uma nova onda de pressão que não estava na conta de muitos economistas do mercado financeiro, com alguns deles revendo suas projeções de inflação .

Após os aumentos de preços de energia, combustível, tarifa de água e esgoto em São Paulo e de transporte urbano em várias capitais terem provocado um salto na inflação até março, o mercado contava com uma certa acomodação nos meses seguintes.

Mas tem havido surpresas, como a alta extraordinária nas tarifas de água e esgoto em algumas capitais e o reajuste nas apostas de loterias.

"Tem diversos reajustes que estão vindo acima do esperado, que, somados, devem gerar revisão (na projeção de inflação). Mas não tem nenhum grande choque, está bastante pulverizado", disse a economista Adriana Molinari, da consultoria Tendências.

Adriana se refere, por exemplo, aos reajustes da Sabesp, da Eletropaulo, dos jogos lotéricos e ainda aos aguardados para planos de saúde, que normalmente são autorizados para o começo do segundo semestre e devem ficar acima de 9%.

"Devem vir um pouco em linha com a inflação de saúde."

A Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) autorizou um novo aumento, de 15,24%, a partir de junho, para as tarifas da Sabesp, que alega aumento de custos por causa da energia mais cara e falta de chuvas.

E a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae) autorizou a Caixa a aplicar, a partir de maio, um aumento médio de nada menos do que 38,91% no preço das apostas das loterias, que também pesam na inflação.

Aumento dobra

Já as tarifas da Eletropaulo devem subir, em média, 15,16% a partir de 4 de julho, segundo proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o aumento ordinário da companhia.

Os aumentos nas contas de luz e água na capital paulista foram praticamente o dobro do esperado pela economista da Tendências. Ela estimava algo em torno de 8% nos dois casos. "Só essa diferença acrescenta 0,10 ponto porcentual na previsão do IPCA deste ano", disse, lembrando, ainda, dos aumentos de água e esgoto promovidos em Belo Horizonte (15%) e em Salvador (10%).

"Alguns reajustes são indexados, mas este ano as distribuidoras alegam que têm um custo adicional por causa da crise hídrica, em alguns casos, e de desequilíbrio financeiro, além de gastos com energia", disse Adriana.

No caso das loterias, a economista estima um impacto de um terço na inflação, como foi no ano passado, ou 0,08 ponto porcentual a mais no IPCA.

Com todos os aumentos, a expectativa da Tendências para a inflação em 2015 deve passar de 8,1% para 8,3%.

Viés de alta

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, também colocou um viés de alta para sua expectativa de IPCA de 8,70% para 2015, citando que há uma série de novas pressões de preços administrados, como o reajuste maior do que o previsto nas loterias.

"Temos agora também o risco vindo da telefonia com o possível reajuste do fundo das telecomunicações", afirmou.

A Fazenda estuda reajustar as cobranças do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) para ajudar a cumprir a meta fiscal de 2015, o que pode deixar as contas de telefone e internet mais caras este ano.

Marcel Caparoz, economista da RC Consultores, esperava que as novas altas de preços administrados a partir do segundo trimestre fossem menores. Desde o começo do ano, fez algumas revisões nas suas expectativas para o IPCA de 2015, que começou com uma previsão de cerca de 7%.

Com os reajustes expressivos e inesperados nas tarifas de energia, a projeção logo atingiu 7,5% e, atualmente, está em 8,1%.

"Foi um período que concentrou diversos reajustes de monitorados. Foi uma tempestade perfeita. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Alguns de magnitude muito forte, principalmente energia elétrica. Os combustíveis também subiram e ainda tiveram aumento de impostos. Foram reajustes que vieram muito acima", afirmou.

Economia fraca

Apesar das incertezas que permeiam principalmente a inflação dos preços administrados nos próximos meses, o economista da RC Consultores não descarta a possibilidade de o IPCA fechar um pouco abaixo de 8%, por causa dos preços livres.

Para ele, a atividade econômica mais fraca deve começar a refletir sobre os preços, especialmente de alguns serviços considerados não essenciais. As informações são do Jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Após a forte elevação vista no primeiro trimestre, os preços administrados - controlados pelo governo - estão embarcando em uma nova onda de pressão que não estava na conta de muitos economistas do mercado financeiro, com alguns deles revendo suas projeções de inflação .

Após os aumentos de preços de energia, combustível, tarifa de água e esgoto em São Paulo e de transporte urbano em várias capitais terem provocado um salto na inflação até março, o mercado contava com uma certa acomodação nos meses seguintes.

Mas tem havido surpresas, como a alta extraordinária nas tarifas de água e esgoto em algumas capitais e o reajuste nas apostas de loterias.

"Tem diversos reajustes que estão vindo acima do esperado, que, somados, devem gerar revisão (na projeção de inflação). Mas não tem nenhum grande choque, está bastante pulverizado", disse a economista Adriana Molinari, da consultoria Tendências.

Adriana se refere, por exemplo, aos reajustes da Sabesp, da Eletropaulo, dos jogos lotéricos e ainda aos aguardados para planos de saúde, que normalmente são autorizados para o começo do segundo semestre e devem ficar acima de 9%.

"Devem vir um pouco em linha com a inflação de saúde."

A Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) autorizou um novo aumento, de 15,24%, a partir de junho, para as tarifas da Sabesp, que alega aumento de custos por causa da energia mais cara e falta de chuvas.

E a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae) autorizou a Caixa a aplicar, a partir de maio, um aumento médio de nada menos do que 38,91% no preço das apostas das loterias, que também pesam na inflação.

Aumento dobra

Já as tarifas da Eletropaulo devem subir, em média, 15,16% a partir de 4 de julho, segundo proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o aumento ordinário da companhia.

Os aumentos nas contas de luz e água na capital paulista foram praticamente o dobro do esperado pela economista da Tendências. Ela estimava algo em torno de 8% nos dois casos. "Só essa diferença acrescenta 0,10 ponto porcentual na previsão do IPCA deste ano", disse, lembrando, ainda, dos aumentos de água e esgoto promovidos em Belo Horizonte (15%) e em Salvador (10%).

"Alguns reajustes são indexados, mas este ano as distribuidoras alegam que têm um custo adicional por causa da crise hídrica, em alguns casos, e de desequilíbrio financeiro, além de gastos com energia", disse Adriana.

No caso das loterias, a economista estima um impacto de um terço na inflação, como foi no ano passado, ou 0,08 ponto porcentual a mais no IPCA.

Com todos os aumentos, a expectativa da Tendências para a inflação em 2015 deve passar de 8,1% para 8,3%.

Viés de alta

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, também colocou um viés de alta para sua expectativa de IPCA de 8,70% para 2015, citando que há uma série de novas pressões de preços administrados, como o reajuste maior do que o previsto nas loterias.

"Temos agora também o risco vindo da telefonia com o possível reajuste do fundo das telecomunicações", afirmou.

A Fazenda estuda reajustar as cobranças do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) para ajudar a cumprir a meta fiscal de 2015, o que pode deixar as contas de telefone e internet mais caras este ano.

Marcel Caparoz, economista da RC Consultores, esperava que as novas altas de preços administrados a partir do segundo trimestre fossem menores. Desde o começo do ano, fez algumas revisões nas suas expectativas para o IPCA de 2015, que começou com uma previsão de cerca de 7%.

Com os reajustes expressivos e inesperados nas tarifas de energia, a projeção logo atingiu 7,5% e, atualmente, está em 8,1%.

"Foi um período que concentrou diversos reajustes de monitorados. Foi uma tempestade perfeita. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Alguns de magnitude muito forte, principalmente energia elétrica. Os combustíveis também subiram e ainda tiveram aumento de impostos. Foram reajustes que vieram muito acima", afirmou.

Economia fraca

Apesar das incertezas que permeiam principalmente a inflação dos preços administrados nos próximos meses, o economista da RC Consultores não descarta a possibilidade de o IPCA fechar um pouco abaixo de 8%, por causa dos preços livres.

Para ele, a atividade econômica mais fraca deve começar a refletir sobre os preços, especialmente de alguns serviços considerados não essenciais. As informações são do Jornal O Estado de S. Paulo.

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