Economia

Mercado brasileiro de beleza supera informalidade

O mercado brasileiro perde apenas para Estados Unidos e Japão


	Beleza: há pelo menos cinco anos, um número expressivo de pessoas sem opção de trabalho resolveu entrar nesse mercado devido ao retorno rápido e à fácil capacitação.

Beleza: há pelo menos cinco anos, um número expressivo de pessoas sem opção de trabalho resolveu entrar nesse mercado devido ao retorno rápido e à fácil capacitação.

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - O mercado brasileiro de beleza está em terceiro lugar no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Japão. A profissão de cabeleireiro normalmente nascia na informalidade, por influência de alguém da família que atuava na área.

Há pelo menos cinco anos, um número expressivo de pessoas sem opção de trabalho resolveu entrar nesse mercado devido ao retorno rápido e à fácil capacitação. A explicação foi dada por Carlos Oristânio, coordenador do curso de estética e cosmética da Universidade Cruzeiro do Sul, primeira instituição no estado de São Paulo a ter um curso de graduação voltado para a área.

“Pessoas que têm algum tipo de dificuldade de colocação e recolocação são as que chegam ao mercado de beleza. Vulnerável, esse mercado não está sujeito a regulamentação, o que incentiva qualquer pessoa que queira fazer um curso de três meses a aprender a cortar cabelo e montar um salão. Há dez, 15 salões em cada quarteirão. Esses profissionais sabem a profissão, mas não são bem qualificados”, disse. Com o curso de graduação em formação profissional de cabeleireiro, o aluno sai formado não só na área técnica, mas como gestor.

Segundo Oristânio, com a existência de uma universidade, as escolas e os centros técnicos começaram a melhorar seus cursos e a qualificação dos alunos. “O momento do mercado é de melhoria da qualificação das pessoas, que estão tendo mais interesse nisso. Até porque há uma cobrança maior dos próprios clientes”. De acordo com o coordenador do curso, antes da universidade os interessados iam às escolas e passavam por três passos - o lavatório, as tesouras e os tipos de corte, “Quando fazia isso, formava esse cabeleireiro. Hoje, isso não é suficiente. Há vários artigos científicos que mostram a evolução da profissão”.

Profissional da área há 12 anos e influenciada por uma família que atua no ramo da beleza, Jaqueline Ribeiro da Silva está formada na universidade desde 2009. Ela contou que fez a graduação por querer mais conhecimento do que as escolas técnicas poderiam lhe dar. “Eu já havia feito vários cursos na área, mas sentia necessidade de algo mais, de pegar um produto de tratamento e entender a composição. Eu tinha necessidade de ter algo mais do que a técnica básica”.


Jaqueline disse que a carreira mudou radicalmente depois da graduação. “As possibilidades de trabalho aumentaram, mudou a minha visão, o modo de enxergar minha cliente com sua individualidade para compor o visual sem ficar engessada a uma tendência do momento. Aprendi a dar uma consultoria melhor, que é o que falta em muitos profissionais”.

Aluna do quinto semestre do curso, Eudiane da Silva Souza Merer, será graduada no fimdo ano. Disse que antes de entrar na universidade já trabalhava como cabeleireira e procurou se graduar por não achar o curso técnico suficiente. “Infelizmente, quando fiz o curso já senti e hoje, na universidade, posso disser isso sem dúvida. O conhecimento é muito vago nos cursos que focam só na execução. Na graduação, a compreensão é mais aprofundada”.

Na avaliação da coordenadora administrativa do Instituto Loreal, Lidia Leya Saporito, os cursos técnicos atuais passaram a preparar melhor os profissionais para que eles possam acompanhar as exigências do mercado. “O mercado de beleza mudou: hoje é um negócio. E exige muito mais do que apenas saber cortar cabelo. É preciso ter um conhecimento mais aprofundado, saber atender a cliente. Isso é superimportante”.

Lidia concorda que muitos cabeleireiros que abrem salões não estão preparados como deviam, o que atribui à influência dos cursos antigos, mais básicos. “Antes, para ter um conhecimento diferenciado, era preciso sair do país para estudar. Hoje, a profissão é reconhecida e o conhecimento que se adquire lá fora pode ser adquirido tanto ou melhor aqui no Brasil”. Lidia reforçou que o cliente mudou: está muito mais exigente e consumista em relação à aparência. Os que não se atualizarem ficarão para trás.

Lidia disse ainda que, para ter sucesso na profissão e conseguir manter um salão de beleza aberto, por exemplo, não basta conhecimento técnico, é preciso saber administrar o negócio, conhecer as questões burocráticas, saber comprar os produtos certos, gerir o estoque e saber usar os produtos adequadamente.


Patrícia Lima da Silva Loureiro Diniz, 30 anos. está na etapa final do curso intensivo que dura sete meses. Ela contou que viu a profissão como alternativa à carreira anterior, que não a satisfazia e foi motivo de várias doenças. A atração pela área e a influência familiar também pesaram na escolha. “Sempre gostei de mexer com cabelo, então me arrisquei na profissão e estou superbem. Quando procurei o curso queria algo que tivesse peso no mercado e que fosse suficiente para me tornar capacitada, para me formar, poder entrar em um salão e conseguir me desenvolver nele”.

Mesmo satisfeita com o curso, Patrícia acredita que ainda precisa se aperfeiçoar e buscar mais conhecimento para aprimorar o que já tem. “O curso é suficiente para iniciar na profissão, para entrar no mercado de trabalho. Como essa área se renova todos os dias, é preciso se atualizar, se especializar. Eu já estou trabalhando e muito feliz com a escolha”, disse.

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