Meirelles fala sobre as consequências negativas do protecionismo
O ministro da Fazenda falou no primeiro dia de reunião financeira do G-20 sobre a experiência do Brasil de fechar a economia
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de março de 2017 às 18h19.
Baden-Baden - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , disse nesta sexta-feira, 17, que aproveitou o primeiro dia da reunião financeira do G-20 (os 20 maiores países do mundo) na Alemanha para dar o testemunho do Brasil sobre as consequências negativas do protecionismo.
"Foi mais do que uma opinião, dei nossa experiência prática", afirmou em coletiva de imprensa realizada após a primeira parte do encontro.
Um dos maiores debates no grupo é sobre a posição dos Estados Unidos a favor do protecionismo, em direção contrária ao que o G-20 vinha pregando nos últimos anos.
Meirelles relatou que o dia hoje foi para que todos apresentassem sua situação econômica, sobre o meio ambiente, reformas e posições sobre alguns temas.
"O que eu disse ao G-20 é que Brasil teve experiência de fechar economia. O Brasil já passou por protecionismo, e o resultado disso não foi positivo", relatou. "Passamos a nossa experiência", continuou.
Comunicado
A possibilidade de uma mudança no teor de alguns pontos-chave do comunicado que será divulgado neste sábado, 18, após a reunião financeira do G-20 não deve ser vista com surpresa, se for realmente confirmada, segundo Meirelles.
De acordo com ele, desta vez, existe, de fato, uma posição diferente do governo americano a respeito de temas como meio ambiente e proteção comercial.
Questionado sobre se esse não seria um retrocesso para a imagem do grupo, e que uma mudança poderia ser simbólica neste momento, Meirelles disse que "não há dúvida" a esse respeito e, considerou, na sequência, que os Estados Unidos são um país importante.
Ele lembrou que é fato que o documento apenas apresenta declarações em consenso e que, se não houver consenso sobre estes temas, realmente eles não estarão descritos no comunicado.
O teor completo do documento ainda não foi fechado.
O ministro ressaltou que também não deve ser vista como uma surpresa essa posição norte-americana, já que os assuntos estavam sobre a mesa desde a campanha do novo presidente do país, Donald Trump.
"Não se trata de algo novo que apareceu no G-20. A posição aqui foi até mais moderada", analisou.
Para ele, o G-20 é maior do que esse episódio. "O grupo não se restringe a isso, pois o G-20 é um órgão importante. Já houve um tempo que era o G-7 e o papel do G-20 agora é avançar nas discussões", afirmou, acrescentando que não é papel do grupo discutir a nova administração dos EUA.
O ministro disse ainda que esse fato não altera a soberania de cada país dentro do grupo.