Henrique Meirelles acredita que recuperação da economia brasileira será mais lenta do que a retomada após a crise de 2008 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2016 às 19h02.
São Paulo, - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concedeu entrevista ao jornalista Richard Quest, da rede de televisão CNN, durante sua passagem pelos Estados Unidos. Na conversa, Meirelles disse que o Brasil irá superar a recessão "no início do próximo ano". Ele também defendeu a necessidade de um ajuste fiscal.
"Nós temos a pior recessão desde os anos 1930. No Brasil, há um nível muito alto de desemprego, mais de 10% de desemprego, e os resultados para a economia, para as empresas, os consumidores, são muito sérios. O crédito está sofrendo, os bancos estão sofrendo", descreveu Meirelles no início da entrevista. Porém, segundo ele, o País superará a recessão no começo de 2017.
Questionado pelo apresentador sobre se a retomada do crescimento poderia ter um salto, Meirelles respondeu: "Nós provavelmente teremos um crescimento mais fraco agora. A recuperação será mais fraca que a que tivemos da crise de 2008."
Quest lembrou o fato de que Meirelles foi presidente do Banco Central e perguntou se ele, agora como ministro das Finanças, concordava com suas decisões no comando da autoridade monetária. Meirelles disse que a inflação desacelerou durante seu mandato no BC e acabou por se estabilizar por volta da meta. "Mais importante que isso, o risco-país diminuiu e a taxa de juros estrutural caiu", afirmou.
O jornalista questionou se era adequado que um presidente de banco central se tornasse um ministro da Fazenda, "dadas as diferenças de ênfases que os dois [cargos] têm". Meirelles disse que, com a experiência anterior, pode saber exatamente o motivo de o banco central tomar as decisões que toma. "E, mais importante, eu sei que para que a taxa de juros estrutural caia nós temos que fazer o ajuste fiscal. Eu não contesto isso e estou fazendo."
No fim da conversa, disponível no site da CNN, Quest disse ao ministro que "se há um país que precisa de reformas estruturais em termos de mercado de trabalho, serviços financeiros e desregulação, é o Brasil". Meirelles, que concordou com a afirmação, respondeu que estava pronto para adotar o "medicamento duro" - expressão citada por Quest. Em tom irônico, o jornalista questionou quanto tempo Meirelles ficaria no posto. "Eu já estou há cinco meses, um período longo no Brasil", brincou o ministro.