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Mattar prepara programa de privatização para ano que vem, diz Guedes

O ministro, porém, não deu detalhes do processo de privatizações; "É o Salim em grande estilo", definiu Guedes

Paulo Guedes: ministro, em discurso, ressaltou outros feitos econômicos (Andre Coelho/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de setembro de 2019 às 08h03.

São Paulo — O ministro da Economia, Paulo Guedes , afirmou que o secretário de Desestatização, Salim Mattar , está debruçado em um programa de privatização que "virá com força" no ano que vem. "É o Salim em grande estilo", disse o ministro no 10º Fórum Liberdade e Democracia, em Belo Horizonte, no qual proferiu a palestra de encerramento na noite desta segunda-feira.

O ministro, porém, não deu detalhes do processo de privatizações. Ao comentar as perspectivas para os próximos meses, Guedes garantiu que virá uma reforma do saneamento, com o apoio do BNDES. "O BNDES vai ser de saneamento", afirmou. "Em vez de financiar campeão nacional, o BNDES tinha de estar dando dinheiro para o saneamento", continuou.

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Na sua fala, que durou mais de uma hora, Guedes ressaltou outros feitos econômicos. Ao comentar sobre os efeitos das reformas, ele comemorou a redução dos juros no Brasil. "Os juros estão descendo, estão em 5,5%. E vão continuar descendo", opinou.

Ele citou ainda conversas sobre acordos comerciais com os Estados Unidos, o Canadá e a Coreia do Sul.

Guedes falou ainda de outras mudanças na administração federal, não somente na área econômica. "O governo diminuiu criminalidade. O desmatamento está abaixo da média dos últimos 15 anos", disse.

"Nova CPMF"

O ministro também afirmou que a proposta de reforma tributária do governo "se autoimplodiu" com o veto à discussão de um novo tributo que seria cobrado sobre os meios de pagamentos nos moldes da antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

A ideia defendida pela equipe econômica era usar esse novo imposto para reduzir a carga tributária que as empresas pagam sobre a folha de salários dos funcionários, como forma de baratear as contratações para reduzir o nível do desemprego no País. "Vocês preferem a perversidade dos encargos trabalhistas ao imposto feio? Escolham. O imposto sobre transação é feio, o outro é cruel. Você prefere o feio ou o cruel? Isso era uma opção que ofereceríamos. Estava no nosso programa oferecer essa opção à Câmara e ao Senado", disse Guedes à Jovem Pan.

"Nossa proposta estava praticamente pronta e ela se 'autoimplodiu' com o mal entendido a respeito do imposto de transações. O nosso secretário sai, nós temos de reprogramar os cálculos todos", afirmou.

Marcos Cintra, ex-chefe da Receita, caiu pela defesa enfática à criação do imposto sobre pagamentos. Para o seu lugar, foi nomeado na sexta-feira José Barroso Tostes Neto.

Na visão do ministro, a "dança" da reforma tributária começou a sair errada quando Câmara e Senado travaram uma disputa pelo protagonismo na simplificação dos impostos. "Começou a bagunça e virou baile funk, deram tiro para cima e começou a correria no salão. Pedimos: 'Cintra, dá licença, vai embora, acalma tudo'."

À noite, em palestra em Belo Horizonte, Guedes garantiu que a proposta de reforma tributária do governo deve ser enviado ao Congresso nos próximos dias. "Semana que vem a gente já começa a entrar com nossa proposta tributária."

Para isso, Guedes disse ter designado um trio para tocar a proposta. O secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, será a "cara política" da reforma para as negociações com o Congresso. Para cuidar da parte técnica, Guedes designou a dupla formada por Tostes, e a tributarista Vanessa Canado, diretora do Centro de Cidadania Fiscal, que chegou a ser cogitada para comandar a Receita com a saída de Cintra.

Ainda na entrevista à Jovem Pan, o ministro disse que quer fazer uma renovação na Receita, como antecipou o Estado, e que não quer o órgão envolvido em tumultos políticos. Depois do aceno com a escolha de Tostes, funcionário de carreira, a fala de Guedes chateou a categoria. Um auditor ouvido pelo Estadão/Broadcast refutou qualquer tipo de perseguição política pela Receita e disse que as declarações do ministro não ajudam o órgão neste momento

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