O ministro fez as declarações durante reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Tóquio (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2012 às 14h40.
Tóquio - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforçou nesta quinta-feira suas críticas à política de expansão monetária adotada pelos Estados Unidos, afirmando ainda que a economia brasileira voltou a crescer a um ritmo superior a 4 por cento.
O ministro fez as declarações durante reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Tóquio.
"Estamos preocupados com o excesso de expansão monetária (...). Quando isso é exagerado, começa a criar efeitos colaterais como a desvalorização do dólar, que traz prejuízos para quem tem reservas. A China tem (reservas), os Brics têm e, de forma geral, (o excesso de expansão monetária) estimula a guerra cambial porque outros países respondem da mesma forma." Mantega sugeriu ainda que as políticas monetárias adotadas pelas economias mais avançadas sejam discutidas nos eventos na capital japonesa. "Ninguém quer ver suas moedas se valorizarem e o comércio internacional é importante. Temos que conversar para ver se podemos encontrar uma política comum", propôs.
Ao falar sobre os efeitos da crise e as formas de contrabalançar a desaceleração global, o ministro disse que a economia brasileira começou a reagir e a mostrar maior ritmo de expansão.
"Já estamos acelerando nosso crescimento no segundo semestre e voltando ao patamar de crescimento acima de 4 por cento".
Apesar dessa avaliação positiva, Mantega salientou que a crise levou a uma expressiva contração do comércio mundial. "Houve forte redução das trocas comerciais. Estamos em 2012 com um dos menores crescimentos comerciais de todos os tempos", disse.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) já informou no mês passado que o comércio em escala global crescerá meros 2,5 por cento este ano, para menos da metade da média anterior de 20 anos, pressionado pela Europa.
Um dos motivos do baixo crescimento da economia brasileira tem sido a redução no ritmo de expansão das exportações. O país iniciou o ano acreditando que exportaria 264 bilhões de dólares e, após retração nos mercados compradores dos produtos brasileiros, o governo calcula agora que os embarques poderão ser menores que os de 2011.
Diante disso, e do dinamismo reduzido nos países avançados, Mantega considerou que as economias emergentes terão de se contentar com baixo nível de crescimento e incentivar seus respectivos mercados internos para assegurar alguma expansão.
União Europeia
Ao abordar as medidas que possam ser adotadas para atenuar os efeitos da desaceleração global, Mantega disse que a implementação de instrumentos pela União Europeia é determinante para o combate à crise.
"Quando se trata de países europeus, nossa visão é de que eles estão adotando as medidas corretas, que os instrumentos que estão sendo construídos são adequados", disse ele, referindo-se à supervisão bancária comum e à união fiscal.
"Mas o problema é que esses instrumentos ainda não estão sendo usados e implementados. A implementação continua sendo adiada", completou Mantega.