Economia

Mantega nega mais aportes volumosos ao BNDES

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje, em sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, que o Tesouro Nacional não continuará nos próximos anos fazendo aportes volumosos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para o ministro, o mercado irá responder à necessidade de aumento de crédito […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje, em sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, que o Tesouro Nacional não continuará nos próximos anos fazendo aportes volumosos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para o ministro, o mercado irá responder à necessidade de aumento de crédito no país. Mantega lembrou que, por causa da escassez de crédito provocada pela crise financeira internacional, o governo procurou estimular as ações do BNDES e fez um aporte de R$ 100 bilhões no banco.

Segundo Mantega, esses recursos foram imprescindíveis para dar liquidez à economia. O ministro disse que, ao contrário de outros países, que tiveram que fechar "buracos" causados pela "irresponsabilidade de bancos", no Brasil, a ação do governo foi salutar para reativar os investimentos. Mantega disse que a medida foi muito eficaz e hoje o crescimento dos investimentos está na casa dos 16% a 17% em relação ao ano passado.

O ministro disse que, se fosse preciso, tomaria a mesma medida novamente porque tem certeza de que foi acertada. Ele admitiu que isso gera o aumento da dívida bruta, mas lembrou que os recursos serão devolvidos ao Estado. Mantega destacou ainda que está prevista para este ano a transferência de mais R$ 80 bilhões do Tesouro para o BNDES para dar prosseguimento aos programas de investimento.

Ele disse que a medida é uma forma de reduzir juros, já que o BNDES tem as taxas mais competitivas do mercado. "É claro que o BNDES não vai continuar recebendo recurso do Tesouro (no futuro). O mercado vai responder", afirmou, ao responder questionamento de deputados durante CPI da Dívida Pública na Câmara.

O ministro afirmou ser contrário ao projeto de lei que tramita no Senado, que flexibiliza a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). "Se abrir um pouco a porta, vai para o vinagre", disse Mantega. Ele avaliou que a LRF não prejudicou os Estados e, segundo ele, entre 2007 e 2009, com exceção de um Estado, os demais receberam do Tesouro autorização para aumentar o limite de endividamento. Mantega informou que foram R$ 35 bilhões a mais que os Estados tiveram para realizar investimentos em obras como metrô, saneamento e melhoria urbana, com recursos de organismos internacionais, como Bird e BID, além do próprio BNDES.


O deputado Ivan Valente (Psol-SP), um dos autores do pedido de criação da CPI, questionou o pagamento de juros da dívida pelo Brasil. Segundo ele, 36% do orçamento de 2009 foram gastos com juros e amortização da dívida. Ele também defendeu uma auditoria nos contratos da dívida externa, argumentando que havia irregularidades nos acordos da dívida externa fechados com bancos privados nas últimas décadas.

O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), além de questionar os juros elevados, também questionou a composição das reservas internacionais brasileiras. Segundo ele, a sociedade tem o direito de saber quanto das reservas são dólares provenientes das exportações e quanto é dólar "ruim" adquirido no mercado para enxugar a base monetária.

Juros

Mantega afirmou ainda que "também não gosta de pagar juros". A afirmação foi feita em resposta a um dos parlamentares que o questionou sobre o atual patamar da taxa básica de juros (Selic) e seu custo para a administração da dívida pública. O ministro lembrou que o País não convive mais com taxas elevadas como as observadas há alguns anos, que chegaram a superar 40%. "Era um absurdo, mas fomos levados a isso", disse Mantega, ao comentar que esse é um fato do passado e que, atualmente, as taxas são bem menores. Ele citou como exemplo o gasto com juros nominais em 2009, que somou 5,44% do Produto Interno Bruto (PIB), e em 2010, que deve chegar a 4,8%. "Ainda é alto, mas precisamos olhar quanto esse indicador avançou. Há alguns anos, pagávamos entre 7% e 8% do PIB".

O ministro da Fazenda rechaçou qualquer preocupação com a evolução da dívida externa brasileira e disse que isso não é "mais um problema". "Proporcionalmente, temos uma dívida externa menor que a dos EUA, Itália e Japão", enumerou. Ele também lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não pauta a equipe econômica brasileira como fazia antigamente. "Hoje, somos nós que dizemos o que pensamos ao FMI", disse, ao lembrar que o organismo internacional também mudou nos últimos anos e, no auge da crise de 2008, chegou a incentivar o aumento do gasto público como forma de amenizar os efeitos da crise. "Isso foi uma coisa que o FMI nunca tinha feito antes".

Durante a sessão de perguntas dos deputados, Mantega foi questionado sobre uma eventual diferença de pensamento econômico com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está presente à mesma sessão. Mantega respondeu em tom de brincadeira: "não concordo que batemos cabeça porque falta proteção nas nossas cabeças", afirmou, referindo-se à careca dos dois.

Acompanhe tudo sobre:BNDESCréditoGuido MantegaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor