Mantega está menos preocupado com a inflação que Tombini
O recente pico da inflação no Brasil não é motivo para alarme, disse o ministro da Fazenda
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2013 às 06h42.
São Paulo - O recente pico da inflação no Brasil não é motivo para alarme, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quinta-feira, com comentários que sugerem divergência com o Banco Central sobre como lidar com a inflação em alta.
Em entrevista de cerca de uma hora com a Reuters em seu gabinete em Brasília, Mantega também disse que a recuperação do crescimento será gradual, adotando um tom mais cauteloso em relação as suas bombásticas previsões no passado, que afetaram a sua credibilidade nos mercados financeiros.
A inflação em janeiro subiu no ritmo mais rápido desde abril de 2005 e chegou a uma taxa anual de 6,15 por cento, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira.
Mantega disse que a alta foi resultado não de uma forte demanda, mas sim de fatores temporários, como preços mais elevados dos alimentos, e que a taxa de inflação começará a cair em fevereiro.
"A tendência é da inflação cair" disse Mantega.
Seus comentários contrastam com uma avaliação mais pessimista do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que levou os mercados financeiras a apostar que o BC poderá elevar os juros antes do esperado.
Questionado sobre a diferença de tom entre a sua avaliação e a de Tombini sobre a inflação, o ministro respondeu: "Por isso é que nós somos independentes, a opinião dele pode ser diferente da minha".
As opiniões divergentes têm frequentemente deixado os investidores confusos nos últimos meses, causando volatilidade nos mercados de câmbio e juros, além de levanterem questões sobre quem realmente decide na equipe da presidente Dilma Rousseff.
Alguns analistas culpam os sinais mistos, e as frequentes mudanças nas variáveis econômicas, como os impostos, por criar incertezas e afugentar os investimentos.
A maior economia da América Latina deve ter crescido apenas 1 por cento no ano passado, representando uma forte queda em relação às taxas de crescimento de 4 por cento ou mais que fizeram do Brasil uma estrela dos mercados emergentes na última década.
Em um esforço para reativar a economia, Mantega tem defendido frequentemente taxas de juros mais baixas e um real fraco. O ministro talvez seja mais conhecido no exterior por condenar a "guerra cambial" global e acusar os países ricos de tentarem enfraquecer suas moedas para obter vantagens comerciais.
O Banco Central surprendeu grande parte dos investidores, e provavelmente até Mantega, ao intervir nas últimas semanas no mercado para levar o dólar abaixo de 2 reais.
Muitos analistas interpretaram o real mais forte como uma tentativa do BC para conter a inflação, e como um sinal de que a postura mais conservadora de Tombini tem prevalecido sobre a de Mantega. Um real mais forte deixa os produtos importados mais baratos para os consumidores brasileiros.
O dólar fechou em queda de 0,82 por cento na quinta-feira,a 1,9720 real na venda, a menor cotação de fechamento desde 11 de maior de 2012.
Olhando para uma grande tela de televisão na parede de seu gabinete que mostrava um gráfico indicando valorização de 4 por cento do real frente ao dólar este ano, Mantega disse estar contente com o recente desempenho da moeda.
"O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado", disse o ministro. "Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável", avaliou o ministro.
Mantega disse que o governo vai continuar intervindo para evitar uma forte valorização do real, e disse que o governo não permitirá que o dólar chegue a 1,85 real.
A presidente Dilma Rousseff tem tentado equilibrar a necessidade de um crescimento mais robusto com o medo da inflação, que está profundamente enraizado no país que já viu os preços subirem mais de 2.500 por cento há apenas duas décadas. O controle da inflação em 1994 é visto amplamente como o momento em que a economia brasileira começou a deslanchar.
A inflação esperada para este ano é de 5,68 por cento, de acordo com o mais recente relatório Focus do BC. Mantega disse, contudo, que espera que a inflação no final do ano fique ainda mais baixa que a previsão.
Mais cedo nesta quinta, Tombini fez uma avaliação distinta sobre a inflação, e disse ao blog da jornalista Miriam Leitão, no site do jornal O Globo, que a inflação no curto prazo preocupa.
Questionado se seria necessário mudar a política monetária diante do cenário de preços mais elevados, Tombini respondeu que o BC está atento à inflação.
Mantega foi mais conservador em suas previsões sobre o crescimento econômico este ano. Perguntado duas vezes se a economia cresceria entre 3 e 4 por cento, como ele previu anteriormente, Mantega mudou de assunto e não respondeu.
Os analistas ouvidos no relatório Focus previram esta semana que o crescimento será de 3,1 por cento.
"A economia brasileira vem melhorando desde o segundo semestre do ano passado, gradualmente vem melhorando o nível de consumo, vem melhorando certos setores. Então, está em um processo gradual de recuperação".
São Paulo - O recente pico da inflação no Brasil não é motivo para alarme, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quinta-feira, com comentários que sugerem divergência com o Banco Central sobre como lidar com a inflação em alta.
Em entrevista de cerca de uma hora com a Reuters em seu gabinete em Brasília, Mantega também disse que a recuperação do crescimento será gradual, adotando um tom mais cauteloso em relação as suas bombásticas previsões no passado, que afetaram a sua credibilidade nos mercados financeiros.
A inflação em janeiro subiu no ritmo mais rápido desde abril de 2005 e chegou a uma taxa anual de 6,15 por cento, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira.
Mantega disse que a alta foi resultado não de uma forte demanda, mas sim de fatores temporários, como preços mais elevados dos alimentos, e que a taxa de inflação começará a cair em fevereiro.
"A tendência é da inflação cair" disse Mantega.
Seus comentários contrastam com uma avaliação mais pessimista do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que levou os mercados financeiras a apostar que o BC poderá elevar os juros antes do esperado.
Questionado sobre a diferença de tom entre a sua avaliação e a de Tombini sobre a inflação, o ministro respondeu: "Por isso é que nós somos independentes, a opinião dele pode ser diferente da minha".
As opiniões divergentes têm frequentemente deixado os investidores confusos nos últimos meses, causando volatilidade nos mercados de câmbio e juros, além de levanterem questões sobre quem realmente decide na equipe da presidente Dilma Rousseff.
Alguns analistas culpam os sinais mistos, e as frequentes mudanças nas variáveis econômicas, como os impostos, por criar incertezas e afugentar os investimentos.
A maior economia da América Latina deve ter crescido apenas 1 por cento no ano passado, representando uma forte queda em relação às taxas de crescimento de 4 por cento ou mais que fizeram do Brasil uma estrela dos mercados emergentes na última década.
Em um esforço para reativar a economia, Mantega tem defendido frequentemente taxas de juros mais baixas e um real fraco. O ministro talvez seja mais conhecido no exterior por condenar a "guerra cambial" global e acusar os países ricos de tentarem enfraquecer suas moedas para obter vantagens comerciais.
O Banco Central surprendeu grande parte dos investidores, e provavelmente até Mantega, ao intervir nas últimas semanas no mercado para levar o dólar abaixo de 2 reais.
Muitos analistas interpretaram o real mais forte como uma tentativa do BC para conter a inflação, e como um sinal de que a postura mais conservadora de Tombini tem prevalecido sobre a de Mantega. Um real mais forte deixa os produtos importados mais baratos para os consumidores brasileiros.
O dólar fechou em queda de 0,82 por cento na quinta-feira,a 1,9720 real na venda, a menor cotação de fechamento desde 11 de maior de 2012.
Olhando para uma grande tela de televisão na parede de seu gabinete que mostrava um gráfico indicando valorização de 4 por cento do real frente ao dólar este ano, Mantega disse estar contente com o recente desempenho da moeda.
"O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado", disse o ministro. "Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável", avaliou o ministro.
Mantega disse que o governo vai continuar intervindo para evitar uma forte valorização do real, e disse que o governo não permitirá que o dólar chegue a 1,85 real.
A presidente Dilma Rousseff tem tentado equilibrar a necessidade de um crescimento mais robusto com o medo da inflação, que está profundamente enraizado no país que já viu os preços subirem mais de 2.500 por cento há apenas duas décadas. O controle da inflação em 1994 é visto amplamente como o momento em que a economia brasileira começou a deslanchar.
A inflação esperada para este ano é de 5,68 por cento, de acordo com o mais recente relatório Focus do BC. Mantega disse, contudo, que espera que a inflação no final do ano fique ainda mais baixa que a previsão.
Mais cedo nesta quinta, Tombini fez uma avaliação distinta sobre a inflação, e disse ao blog da jornalista Miriam Leitão, no site do jornal O Globo, que a inflação no curto prazo preocupa.
Questionado se seria necessário mudar a política monetária diante do cenário de preços mais elevados, Tombini respondeu que o BC está atento à inflação.
Mantega foi mais conservador em suas previsões sobre o crescimento econômico este ano. Perguntado duas vezes se a economia cresceria entre 3 e 4 por cento, como ele previu anteriormente, Mantega mudou de assunto e não respondeu.
Os analistas ouvidos no relatório Focus previram esta semana que o crescimento será de 3,1 por cento.
"A economia brasileira vem melhorando desde o segundo semestre do ano passado, gradualmente vem melhorando o nível de consumo, vem melhorando certos setores. Então, está em um processo gradual de recuperação".