Economia

Mantega: Brasil tem "bala na agulha" para responder a eventual crise

Para o ministro, a previsão é que os países desenvolvidos, nos próximos dois anos, continuem apresentando ritmo lento de crescimento

Mantega: “Os emergentes estão melhores, principalmente os dinâmicos, mas não estão isentos dessa crise” (Valter Campanato/ABr)

Mantega: “Os emergentes estão melhores, principalmente os dinâmicos, mas não estão isentos dessa crise” (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2011 às 06h44.

São Paulo - Ao participar ontem (22) à noite, em São Paulo, de evento em homenagem a economistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que caso a situação econômica mundial se agrave, o Brasil tem “muita bala na agulha" para responder a uma eventual crise que necessite de estímulos monetários e fiscais.

“Para enfrentar essa crise internacional, devemos continuar fazendo uma consolidação fiscal. É fundamental ter uma situação fiscal sólida em um momento como este. E o governo busca essa consolidação, elevando o resultado primário”, disse o ministro durante evento promovido pela Ordem dos Economistas do Brasil.

De acordo com Mantega, o governo vai continuar “fazendo bons resultados fiscais”, cada vez mais sólidos. Esse, segundo ele, é um pedido da presidente Dilma Rousseff. “Essa consolidação fiscal deve se fazer, sobretudo, pela contenção de gastos de custeio, para ficar mais espaço para manter investimentos e possibilitar desonerações tributárias”, acrescentou.

O ministro lembrou que a consolidação fiscal “não é para derrubar a economia”, mas para permitir um crescimento mais sólido e de longo prazo. “Reduzindo os gastos de custeio, podemos fazer mais investimento e abrir espaço e condições para que, no futuro, a taxa de juro possa ser reduzida”.

Mantega disse ainda que será preciso estabelecer nova relação entre a política fiscal e a política monetária, “deixando a política monetária mais ativa e a fiscal, mais na defensiva”.

Segundo o ministro, a crise de 2008 ainda não terminou para os países avançados e pode novamente se transformar numa crise de bancos (financeira). Segundo ele, o cenário econômico de países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Europa pode pressionar a economia mundial e intensificar a guerra cambial e a busca por novos mercados.

“Neste cenário de baixo crescimento, temos falta de mercado para manufaturados. Portanto, os países estão entrando numa disputa feroz pelos poucos mercados que existem. E o nosso é um dos poucos disponíveis. Estamos partindo para uma concorrência predatória”, disse o ministro.


Segundo ele, a guerra cambial tende a recrudescer neste período e continuar crescendo porque as soluções não estão sendo dadas. “Uma arma que todos os países estão usando é a manipulação cambial para terem competição e ocuparem os mercados de outros países”, acrescentou.

“Podemos observar que a economia americana não está tendo a recuperação que esperávamos após a crise de 2008, caminhando em passo lento, que poderá desembocar numa recessão; do lado europeu, a coisa não está melhor. Eu diria até que está pior: há um ritmo baixo de crescimento e uma crise da dívida mais aguda que nos Estados Unidos”, disse o ministro aos economistas.

Para ele, a previsão é que os países desenvolvidos, nos próximos dois anos, continuem apresentando ritmo lento de crescimento. “Os emergentes estão melhores, principalmente os dinâmicos, mas não estão isentos dessa crise”.

Apesar desse cenário, Mantega disse que o Brasil está preparado para enfrentar a situação. “Mais preparado do que em 2008”, disse ele, lembrando que o país tem reservas maiores que na crise anterior, um mercado interno “valioso” e depende bem menos do mercado externo que outros países, como a China.

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