Mantega: o ministro admitiu que os efeitos da atual crise já são similares aos de 2008 (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2012 às 17h45.
São Paulo - O Brasil vem sofrendo cada vez mais os efeitos da crise econômica internacional, principalmente na indústria, mas está mais preparado para superá-la agora do que em 2008 graças às elevadas reservas internacionais e à maior solidez fiscal, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"Temos agora condições até melhores do que em 2008, quando também sofremos os efeitos de uma crise internacional", declarou Mantega em um seminário com empresários em São Paulo.
"Temos agora mais reservas, maior solidez fiscal e mais experiência. Além dessas condições, estamos implantando reformas importantes na economia brasileira que, independente da crise, nos fortalecerão e nos prepararão para um novo ciclo de crescimento", acrescentou o ministro.
Entre as reformas em curso para fortalecer a economia, ele citou a redução dos juros, a política cambial mais competitiva e os estímulos ao investimento e ao consumo interno, assim como a implantação de uma nova política tributária, após qualificar a atual como arcaica e prejudicial à produção.
O ministro aproveitou a reunião com os empresários para lhes pedir que intercedam para que o Congresso vote uma reforma tributária que melhore a competitividade da indústria, setor que considerou o mais afetado pela crise internacional.
"O ideal é que tenhamos apenas um tributo nacional (em vez de vários nacionais e estaduais) e que esse tributo possa ser reduzido. A reforma tributária vai aumentar nossa competitividade", destacou.
Segundo Mantega, a transformação atualmente em curso na economia brasileira, "que não está sendo bem avaliada porque seus impactos não são imediatos", preparará o país para um novo ciclo de crescimento que pode ser de 5% anual a partir de 2013.
A economia brasileira cresceu 2,7% em 2011, após ter se expandido 7,5% em 2010. Tanto o governo como os economistas preveem que essa desaceleração prosseguirá neste ano, para quando se prevê um crescimento inferior a 2,5%.
Mantega pediu um voto de confiança aos empresários e lembrou-lhes que, em 2008, alguns acabaram aumentando seus investimentos, apesar de terem duvidado inicialmente da capacidade do país de superar a crise de então.
"Naquela época, os empresários confiaram. Inicialmente não, mas viram que as condições do Brasil eram favoráveis e que o governo faria o máximo possível para superar a crise", ressaltou.
O ministro admitiu que os efeitos da atual crise já são similares aos de 2008. "Temos que ter a consciência de que estamos enfrentando uma crise bastante grave e que não vai ser solucionada no curto prazo", afirmou.