Mansueto: se atrasar, reforma da Previdência ficará mais dura
Questionado se a 2ª denúncia da PGR contra Temer vai atrapalhar o andamento da Previdência, Mansueto ressaltou que vai depender dos políticos
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de setembro de 2017 às 14h22.
Última atualização em 25 de setembro de 2017 às 14h24.
São Paulo - O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, afirmou a jornalistas nesta segunda-feira, 25, que, quanto mais rápido ocorrer a reforma da Previdência , será melhor para todos, incluindo para o próximo presidente da República. "Quanto mais se atrasar, mais duro terá que ser a reforma", disse após participar de evento na Fundação Getulio Vargas (FGV)
Questionado se a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer vai atrapalhar o andamento da Previdência, Mansueto ressaltou que essa resposta vai depender dos políticos.
O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem trabalhado com os parlamentares para articular e viabilizar a aprovação da reforma, disse o secretário. A votação do texto no Congresso, ressaltou, depende do ambiente político.
"O que a gente tem deixado muito claro é que a reforma é essencial. Quanto mais rápido acontecer melhor, inclusive para o próximo governo." Sem a reforma, não haverá como cumprir o teto para os gastos públicos, ressaltou o secretário.
O Brasil gastou no ano passado com Previdência 13% do Produto Interno Bruto (PIB). Desse total, Mansueto ressaltou que o que está no orçamento federal é 10% do PIB, pois o porcentual restante se refere a estados e municípios. "Se o Brasil não fizer reforma, esses 10% do governo federal vão para 12%, isso em um período que se precisa reduzir o gasto (por causa do teto)."
No evento da FGV, o secretário ressaltou que a China, que tem estrutura demográfica semelhante a do Brasil, gasta 3,5% do PIB com Previdência.
Manuseio ressaltou que os críticos da reforma esquecem que as regras serão estabelecidas de forma gradual. A nova idade mínima prevista para aposentadoria, de 65 anos para homens e 62 para mulheres, só vai passar a valer em 20 anos, o período da regra de transição.
"Nesse período você está passando por processo de envelhecimento da população muito rápido", disse o secretário, ressaltando que até 2060, o porcentual de pessoas com mais de 65 anos no Brasil vai mais que triplicar.
"O Brasil hoje é um dos países do mundo que mais gasta com previdência." O país supera as despesas com aposentadorias de economias desenvolvidas, como o Japão, ponto que tem sido citado por Meirelles em apresentações. "Daqui a 40 anos a estrutura demográfica do Brasil vai ser semelhante a do Japão, que é um dos países com maior proporção de idosos do mundo."
Refis
Os rumos do Refis estão sendo negociados pelo próprio ministro da Fazenda, disse Mansueto ao ser perguntado se o governo vai deixar ou não caducar a Medida Provisória (MP) que estabelece o novo programa de parcelamento de dívidas tributárias de empresas.
Enquanto Meirelles está nos EUA e Europa, o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, tem participado mais diretamente das conversas.
Os parlamentares pedem descontos maiores do que os previstos na MP. Meirelles disse nesta segunda que espera chegar a um acordo nos próximos dias. O texto da atual MP perde a validade se não for votado até 11 de outubro.