(Mario Tama/Getty Images)
AFP
Publicado em 13 de fevereiro de 2018 às 12h26.
O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo com mais de 1 trilhão de dólares em ativos, pediu nesta terça-feira para as cerca de 9.100 empresas nas quais investe para lutarem contra a corrupção que engole 2% da riqueza mundial, de acordo com o FMI.
"Exigimos que todas as empresas nas quais investimos adotem medidas efetivas contra a corrupção", declarou a chefe do fundo, Yngve Slyngstad, em um comunicado.
Em um novo documento, o fundo recomenda que os conselhos administrativos de cada empresa assegurem a existência de políticas anticorrupção e que elas sejam claramente comunicadas aos funcionários.
As empresas também são convidadas a organizar formações apropriadas, bem como um mecanismo para denunciantes garantindo "um tratamento eficaz e confidencial no caso em que passar por um superior direto não seja apropriado ou se o denunciante desejar permanecer anônimo".
A corrupção engole anualmente cerca de 2% da riqueza global e prejudica a partilha equitativa do crescimento econômico, estimou em maio de 2016 o Fundo Monetário Internacional.
Os subornos pagos anualmente em todo o mundo totalizam entre US$ 1,5 trilhão e US$ 2 trilhões, o que é próximo do Produto Interno Bruto (PIB) francês, segundo estimativa do FMI.
Destinado a aumentar as receitas petroleiras do Estado, o fundo norueguês - que pesava nesta terça-feira de manhã 8.188 trilhões de coroas (US$ 1,028 trilhão ou 825 bilhões de euros) - possui capital em quase 9.150 empresas. Assim, tem 1,4% da capitalização do mercado financeiro mundial.
Administrado pelo Banco da Noruega, ele obedece a regras éticas que o impedem de investir em empresas culpadas de graves violações de direitos humanos, aquelas que fabricam armas nucleares ou "particularmente desumanas", carvão ou mesmo tabaco.
Desta forma, o fundo desativou 11 empresas em 2017, incluindo dez envolvidas no setor do carvão, segundo indicou em um relatório separado sobre seu balanço ético.
Isso eleva a 133 o número de empresas em sua lista negra no final do ano, entre as quais estão Boeing, Airbus, Wal-Mart, Rio Tinto e Philip Morris.
"Ainda não há sinal de uma saída do fundo das areias petroleiras", lamentou no Twitter Anja Bakken Riise, presidente da ONG Framtiden in våre hender (O futuro em nossas mãos).
Além dessas exclusões com base em considerações éticas, o fundo desvinculou-se de seis empresas no ano passado, estimando que os efeitos adversos de suas atividades no meio ambiente (desmatamento, poluição da água, etc.) eram um risco para a sua rentabilidade financeira. Entre eles, quatro produtores de óleo de palma e de soja.
Desde 2012, 216 empresas pagaram por essa política.
As decisões do fundo têm ainda mais impacto, já que muitas vezes são imitadas por outros investidores.