Economia

Maior cooperativa do país prevê quebra de safra de soja

Segundo Coamo, seca das últimas semanas vai provocar perdas em áreas de soja cultivas por cooperados


	Soja: Coamo deve receber cerca de 5 por cento da safra brasileira de soja em 2013/14, ou 4,2 milhões de toneladas
 (Scott Olson/Getty Images)

Soja: Coamo deve receber cerca de 5 por cento da safra brasileira de soja em 2013/14, ou 4,2 milhões de toneladas (Scott Olson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 15h41.

São Paulo - A seca das últimas semanas vai provocar perdas em áreas de soja cultivas por cooperados da Coamo, maior cooperativa agrícola do país, com sede em Campo Mourão, no Paraná, disse o presidente da entidade, em entrevista à Reuters.

"Temos aí uma seca grave. Então tem uma quebra", afirmou o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini.

A cooperativa tem forte atuação no Paraná, mas também opera unidades de recebimento de grãos em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Sozinha, a entidade deve receber cerca de 5 por cento da safra brasileira de soja em 2013/14, ou 4,2 milhões de toneladas em uma colheita nacional de 90 milhões de toneladas. A estimativa foi feita ainda sem considerar efeitos do clima nas últimas semanas.

Segundo Gallassini, a estimativa inicial era de que os cooperados da Coamo conseguissem colher em média 62 sacas por hectare, contra a média nacional de 51 sacas.

"Se chovesse hoje --e não vai chover-- é uma quebra. Se chover daqui 10 dias, aí a coisa é violenta. Precisamos esperar para ver", disse o executivo.

A Somar Meteorologia disse nesta sexta-feira que o bloqueio atmosférico que impede a entrada de frentes frias chuvosas no Sul e Sudeste do país vai deixar de atuar em cerca de 10 dias, a partir de 17 de fevereiro.

"E não é tanto a falta de umidade como é o excesso de temperatura que prejudica a soja", disse ele.

A temperatura ideal para a oleaginosa é abaixo de 33 graus, segundo Gallassini, engenheiro agrônomo de formação.

Em todos os dias de fevereiro as temperaturas máximas de Campo Mourão, por exemplo, ficaram acima de 33 graus, segundo a Somar Meteorologia.


"Acima de 33 graus, a soja quase 'cozinha'. O grão que está se formando, que precisa de muita água, fica miúdo, esverdeado, perde peso."

Safrinha

Apesar de a falta de chuvas, neste momento, dificultar o plantio da safra de inverno de milho, Gallassini acredita que até o final de fevereiro a situação esteja normalizada e que toda a área projetada por seus cooperados e para o Paraná seja semeada.

O plantio do chamado milho "safrinha" pelos cooperados da Coamo deve atingir 1,068 milhão de hectares este ano, alta de 15 por cento ante 2013. Estes produtores estão na contramão da média do Paraná, onde o governo do Estado projeta uma queda geral de 11 por cento no plantio.

"Se chover nos próximos dias, planta tudo que estava previsto, ainda em fevereiro. O produtor tem semente, tem adubo. Está tudo 'em casa'", disse o presidente da cooperativa.

Para o plantio de uma segunda safra de soja, Gallassini não vê intenção dos cooperados de aumentar a área na comparação com anos anteriores.

"Na nossa região, é pouco. Sempre recebemos um pouco, mas o pessoal prefere o milho safrinha." Ele cita a janela do vazio sanitário --que obriga o plantio da soja safrinha em fevereiro, para ser colhida antes do prazo legal de 15 de junho-- e o risco de geadas no inverno como fatores que restringem a aposta neste tipo de cultivo.

O plantio de duas safras consecutivas de soja numa mesma área, na mesma temporada, é desaconselhado por especialistas porque ajuda na manutenção da população de pragas, mas vem sendo visto como alternativa por alguns produtores uma vez que o milho registra rentabilidade muito mais baixa que a soja, atualmente.

A Secretaria de Agricultura do Paraná estima que a soja safrinha vai ganhar 25 por cento de área este ano, atingindo cerca de 100 mil hectares.

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