Economia

Lula: 'por que não estabelecer uma meta de US$ 1 trilhão de comércio exterior?'

Em evento da Apex, presidente também citou a possibilidade de diminuir 10.000 quilômetros da rota Brasil e China com novo plano de integração com países da região

Lula (Ton Molina/Getty Images)

Lula (Ton Molina/Getty Images)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 7 de novembro de 2023 às 15h48.

Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 17h49.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um desafio nesta terça-feira, 7, para empresários do comércio exterior brasileiro: comercializar um trilhão de dólares. Atualmente, entre importações e exportações, essa quantia se aproxima de 600 bilhões de dólares.

A afirmação do petista acontece após um ruído, que mexeu com o ânimo de agentes econômicos, de que "dificilmente" o país alcançará em 2024 o déficit zero das contas do governo federal. Agora, o governo parece ter recuado. Segundo o Estadão, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), disse que o Executivo não vai enviar ao Congresso uma mensagem presidencial modificando a meta.

“Vamos garantir estabilidade política, vamos garantir estabilidade social, vamos garantir estabilidade jurídica, vamos garantir estabilidade fiscal. E queremos garantir a possibilidade de vocês colocarem a inteligência empresarial para que o país cresça cada vez mais", disse Lula durante o Brasil Investment Forum, evento da Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) que conta com mais de 300 empresários e lideranças do setor privado para mostrar oportunidades de investimentos.

"Ao invés de 600 e pouco bilhões de dólares de comércio exterior, por que a gente não estabelece uma meta de chegar a 1 trilhão de dólares e vamos buscar isso?”

Até outubro, o Brasil acumula 80,2 bilhões de dólares de saldo na balança comercial, e US$ 484,7 bilhões de corrente comercial, segundo dados do MDIC. A previsão é de que, ao final do ano, a corrente alcance o patamar de US$ 575,3 bilhões.

Integração regional

Lula também comentou o programa, apresentando recentemente a ele pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, para a integração do Brasil aos países da América do Sul. O Planejamento descreve as cinco rotas escolhidas como uma "vasta teia de conexões que irrigue e potencialize as relações da economia brasileira com a dos países vizinhos e, inclusive, com os mercados emergentes da Ásia Pacífico”.

Ilustração das cinco rotas mapeadas pelo Planejamento para integrar Brasil aos países vizinhos (Ministério do Planejamento/Divulgação)

As cinco rotas podem ser assim resumidas:

  1. Rota do Escudo Guianense, que inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela;
  2. Rota Multimodal Manta-Manaus, contemplando inteiramente o estado Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador;
  3. Rota do Quadrante Rondon, formado pelos estados do Acre e Rondônia e por toda a porção oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru;
  4. Rota de Capricórnio, desde os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, a Paraguai, Argentina e Chile;
  5. Rota Porto Alegre-Coquimbo, abrangendo o Rio Grande do Sul, integrada à Argentina, Uruguai e Chile.

"Espero que possamos concluir grande parte dele no nosso mandato. Vai simplesmente permitir, além da integração e se alcançarmos as obras, diminuir 10.000 quilômetros entre Brasil e China no nosso comércio exterior. Isso vai fazer muita diferença para nós e para os chineses", afirmou Lula.

Sem diminuir o Estado

Lula afirmou que o governo federal não venderá ativos públicos, mas fará com que eles se tornem competitivos e compartilhem relação com a iniciativa privada. Nessa toada, ele destacou que o governo utilizará os bancos públicos, não para prejudicar bancos privados, mas para trazer alternativas.

"Tenho fé em Deus e tenho fé no nosso governo que nós vamos utilizar os bancos públicos não para prejudicar bancos privados, mas para oferecer alternativas e oportunidades de créditos a juros mais baratos, de longo prazo, para que a indústria brasileira se transforme definitivamente numa indústria competitiva", disse. "No nosso governo, a gente não vai tentar vender a cama para a gente dormir no chão, a gente não vai vender ativos públicos, vamos fazer com que eles se tornem tão competitivos e que compartilhem relação com iniciativa privada para que a gente possa melhorar."

Ele se referiu ao Inflation Reduction Act, o plano dos Estados Unidos para subsidiar investimentos industriais de baixo carbono e financiar uma nova matriz energética, como uma forma de o Estado investir em projetos industriais.

"Nós não vamos subsidiar, vamos apenas incentivar e, se depender da vontade do governo, quem quiser fazer investimento para produzir carro verde, bicicleta verde, carne verde, não precisa procurar, tem um lugar chamado Brasil", afirmou.

Agendas internacionais de Lula

O presidente também destacou os próximos países que pretende visitar para estreitar laços diplomáticos e comerciais: Catar, Arábia Saudita e Alemanha, além dos Emirados Árabes Unidos (EAU), onde acontecerá a COP 28.

"Em todos estes encontros, vamos levar projetos que o Brasil tem, coisas que estão em funcionamento e que queremos compartilhar com empresários brasileiros e estrangeiros", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorLuiz Inácio Lula da SilvaGoverno Lula

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor