Com 58,294 milhões de votos, ou 60,83% dos votos válidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve a reeleição confirmada ainda neste domingo (29/10), quando foi realizado o segudo turno das eleições em todo o país, pelo Tribunal Superior Eleitoral. 

Com 100% das urnas apuradas, o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, recebeu 37,542 milhões de votos, o equivalente a 39,17% dos votos válidos. A apuração mostrou que o tucano perdeu força entre o primeiro e o segundo turno do pleito: na primeira fase da votação, Alckmin havia conseguido 41,6% dos votos válidos, ficando apenas 7 pontos percentuais atrás de Lula. No segundo turno, a vantagem do petista cresceu para mais de 20 pontos.

Recuperação no segundo turno

No primeiro turno, Lula não participou de debates, sendo fortemente criticado por todos os adversários. O escândalo da compra de um dossiê contra candidatos tucanos por integrantes do PT, deflagrado dias antes da eleição, conferiu ao candidato do PSDB a força necessária para chegar ao segundo turno - tirando dos petistas a certeza da reeleição.

Ao término da apuração do primeiro turno, Lula obteve 48,6% dos votos, e Alckmin, 41,6%. Tudo indicava que a segunda rodada seria de disputa acirrada - percepção que aos poucos foi sendo desfeita.

Ao contrário do que fez anteriormente, no segundo turno Lula participou de vários debates, entrevistas e sabatinas. No primeiro confronte entre os dois candidatos, no dia 8 de outubro, os rivais atacaram-se mutuamente, deixando pouco espaço para a discussão das propostas de governo. As trocas de acusações prosseguiram nos encontros seguintes, porém com menor impacto sobre o eleitorado.

A diferença entre Lula e Alckmin, que no dia 12 de outubro era de 12 pontos, segundo o Ibope, foi subindo com os passar dos dias até atingir os 24 pontos percentuais na última sexta-feira (27/10). Há menos de uma semana das eleições, no entanto, o candidato do PSDB ainda tinha esperanças de uma virada.

O que mudou?

A percepção dos analistas é de que as suspeitas de corrupção e a falta de esclarecimentos por parte do governo, que no primeiro turno aparentemente influenciaram a escolha do candidato, nos últimos dias já não abalavam tanto a opinião dos eleitores.

As questões éticas foram dando lugar a preocupações do dia-a-dia, como emprego, renda e estabilidade econômica. Foi daí que veio a recuperação petista: ao afirmar que se Alckmin fosse eleito haveria novas privatizações - e, consequentemente, demissões e reduções de salários -, Lula utilizou, com sucesso, a estratégia da qual já foi vítima: o medo. Alckmin, por sua vez, não soube modificar a percepção criada pelo rival, e o resultado dessa batalha foi visto nas urnas.