Economia

Lula e Haddad voltam a se reunir para discutir pacote de corte de gastos

Tema entra na terceira semana de reuniões no governo

Lula e Haddad discutem cortes de gastos para estabilidade fiscal (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Lula e Haddad discutem cortes de gastos para estabilidade fiscal (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de novembro de 2024 às 18h51.

Tudo sobreGastos
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu novamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tarde desta segunda-feira, 11,  para tratar do aguardado pacote de contenção de gastos públicos. Prometido há semanas pela equipe econômica, o plano é ansiosamente esperado pelo mercado financeiro e entra em sua terceira semana de discussões.

As medidas discutidas visam sustentabilidade ao arcabouço fiscal e controle da dívida pública, e as discussões foram intensificadas após o segundo turno das eleições municipais. Contudo, o presidente ainda não tomou uma decisão final sobre as ações.

Medidas em análise

Entre as propostas analisadas pelo governo estão ajustes no seguro-desemprego e no abono salarial, despesas que apresentam o maior crescimento após a Previdência Social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Durante o fim de semana, o presidente Lula dedicou-se a revisar as propostas, ouvindo diferentes conselheiros sobre as possibilidades.

Integrantes do governo apontam que não há um único ponto que dificulte a conclusão do pacote, mas sim a complexidade das medidas e suas implicações políticas e econômicas. Na semana passada, ocorreram intensos debates entre Lula, a equipe econômica e ministros de áreas sociais que podem ser impactadas, com alguns embates entre o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o ministro da Fazenda.

Propostas para o seguro-desemprego e abono salarial

No caso do seguro-desemprego, uma das propostas sugere regras mais rígidas de acesso, limitando o número de parcelas — que variam de três a cinco, dependendo do tempo de serviço — e estabelecendo um critério de elegibilidade para quem tem renda de até dois salários mínimos. Essa política tem custo estimado de R$ 57 bilhões para o próximo ano.

Para o abono salarial, um tipo de 14º salário para trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, a ideia com maior adesão é reduzir o limite de elegibilidade para um salário mínimo e meio. Também há uma proposta para extinguir o abono ao longo do tempo, de forma gradual. Um dos argumentos para essa mudança é que a política, que custa cerca de R$ 30 bilhões ao ano, beneficia trabalhadores formais, enquanto metade da força de trabalho é composta por informais.

Resistência de Lula a cortes em saúde e educação

Outro ponto sem decisão final é sobre a possível mudança nos pisos de saúde e educação, que hoje estão vinculados às receitas. O governo discute limitar o crescimento dessas despesas a até 2,5% acima da inflação, em consonância com o arcabouço fiscal. Se essa medida for implementada, o governo pretende explicar que não se trata de cortes, mas de uma adequação.

Lula também demonstrou resistência em relação à desindexação de benefícios previdenciários ao salário mínimo e avaliou a possibilidade de limitar o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação. Para equilibrar as contas, o presidente foi aconselhado a incluir cortes de subsídios que possam aumentar a arrecadação.

Antes de anunciar o pacote, há a intenção de apresentar as medidas aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o objetivo de garantir apoio para a aprovação de uma PEC e um projeto de lei que visam conter o crescimento das despesas.

Acompanhe tudo sobre:GastosLuiz Inácio Lula da SilvaFernando Haddad

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor