Lava-Jato piora ambiente de crédito no Brasil
Segundo alto executivo de um dos maiores bancos do país, um dos motivos da precaução é a demora para publicação do balanço da Petrobras
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2015 às 14h13.
São Paulo - Receosos com o enfraquecimento financeiro das empresas que fazem parte das cadeias de óleo e gás e de construção pesada devido ao escândalo de corrupção da Petrobras , grandes bancos comerciais do país têm pisado no freio de novas concessões de crédito para companhias direta ou indiretamente ligadas a elas, o que deve levar a uma expansão ainda mais fraca dos financiamentos neste ano.
Segundo um alto executivo de um dos maiores bancos do país, um dos motivos da precaução é a demora para publicação do balanço da Petrobras.
O relatório do exercício de 2014 deve trazer o cálculo das perdas da companhia com sobrepreço em obras com empreiteiras, assunto-alvo da investigação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Os bancos estão aguardando os números auditados da Petrobras para alimentar seus modelos internos de risco que referenciam sua análise de crédito.
"Estamos segurando crédito até para empresa de marmita, se ela tem como cliente empresas ligadas às investigações", disse o executivo.
O receio tem crescido na esteira do enfraquecimento financeiro das fornecedoras da Petrobras.
A própria estatal já teve o rating cortado para grau especulativo pela agência de classificação de risco Moody's. Juntas, Moody's, Fitch e Standard & Poor's já cortaram os ratings de várias das empreiteiras investigadas pela Lava-Jato.
Na semana passada, a Galvão Engenharia pediu recuperação judicial.
No começo do ano, a OAS anunciou que preparava um plano expressivo de redução de despesas e pode vender ativos para reequilibrar sua posição financeira, logo depois de faltar com o pagamento de juros de uma dívida de 400 milhões de dólares.
Embora mais intensa em óleo e gás e na construção pesada, a cautela dos bancos tem envolvido outros segmentos, diz Alberto Jacobsen, sócio fundador da consultoria Riskoffice.
"A restrição a crédito está cada vez maior. Ninguém quer dar crédito para óleo e gás, construção civil ou pesada, setor elétrico, saneamento, entre outros", diz Jacobsen.
A previsão média dos grandes bancos listados --Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil -- para este ano é de aumento de 8 por cento na carteira de crédito este ano.
Na semana passada, o Banco Central reduziu, de 12 para 11 por cento, a projeção de crescimento do estoque de crédito em 2015, após anunciar que o total dos financiamentos no país fechou fevereiro com avanço de 11 por cento em 12 meses.
No caso das empréstimos corporativos, um indício de que a situação pode estar pior do que os próprios bancos imaginavam foi a notícia veiculada pela Reuters dias atrás, de que o volume de consultas por crédito do BNDES tiveram forte queda neste trimestre na comparação com um ano antes.
"Os bancos têm sido mais criteriosos nas concessões, mas a demanda também está muito frágil", disse o alto executivo do banco à Reuters sob condição de anonimato.
Ironicamente, um desdobramento dessa postura mais conservadora dos bancos tende a ser a piora dos índices de inadimplência do primeiro trimestre. Isso devido ao efeito denominador, ou seja, volume de calotes cresce como proporção da carteira, que praticamente se estagnou, disse a fonte.
No Itaú, os últimos dois trimestres mostraram alta do índice de inadimplência para pessoas físicas, enquanto o de empresas ficou estável. No BB e no Bradesco, os calotes de empresas fecharam 2014 acima do que estavam no começo do ano, o contrário do que aconteceu com os empréstimos para o varejo.
A expectativa do setor financeiro é que a situação comece a se normalizar somente a partir de maio, tomando como certo que a Petrobras já deverá ter divulgado seu balanço auditado, disse o executivo.
São Paulo - Receosos com o enfraquecimento financeiro das empresas que fazem parte das cadeias de óleo e gás e de construção pesada devido ao escândalo de corrupção da Petrobras , grandes bancos comerciais do país têm pisado no freio de novas concessões de crédito para companhias direta ou indiretamente ligadas a elas, o que deve levar a uma expansão ainda mais fraca dos financiamentos neste ano.
Segundo um alto executivo de um dos maiores bancos do país, um dos motivos da precaução é a demora para publicação do balanço da Petrobras.
O relatório do exercício de 2014 deve trazer o cálculo das perdas da companhia com sobrepreço em obras com empreiteiras, assunto-alvo da investigação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Os bancos estão aguardando os números auditados da Petrobras para alimentar seus modelos internos de risco que referenciam sua análise de crédito.
"Estamos segurando crédito até para empresa de marmita, se ela tem como cliente empresas ligadas às investigações", disse o executivo.
O receio tem crescido na esteira do enfraquecimento financeiro das fornecedoras da Petrobras.
A própria estatal já teve o rating cortado para grau especulativo pela agência de classificação de risco Moody's. Juntas, Moody's, Fitch e Standard & Poor's já cortaram os ratings de várias das empreiteiras investigadas pela Lava-Jato.
Na semana passada, a Galvão Engenharia pediu recuperação judicial.
No começo do ano, a OAS anunciou que preparava um plano expressivo de redução de despesas e pode vender ativos para reequilibrar sua posição financeira, logo depois de faltar com o pagamento de juros de uma dívida de 400 milhões de dólares.
Embora mais intensa em óleo e gás e na construção pesada, a cautela dos bancos tem envolvido outros segmentos, diz Alberto Jacobsen, sócio fundador da consultoria Riskoffice.
"A restrição a crédito está cada vez maior. Ninguém quer dar crédito para óleo e gás, construção civil ou pesada, setor elétrico, saneamento, entre outros", diz Jacobsen.
A previsão média dos grandes bancos listados --Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil -- para este ano é de aumento de 8 por cento na carteira de crédito este ano.
Na semana passada, o Banco Central reduziu, de 12 para 11 por cento, a projeção de crescimento do estoque de crédito em 2015, após anunciar que o total dos financiamentos no país fechou fevereiro com avanço de 11 por cento em 12 meses.
No caso das empréstimos corporativos, um indício de que a situação pode estar pior do que os próprios bancos imaginavam foi a notícia veiculada pela Reuters dias atrás, de que o volume de consultas por crédito do BNDES tiveram forte queda neste trimestre na comparação com um ano antes.
"Os bancos têm sido mais criteriosos nas concessões, mas a demanda também está muito frágil", disse o alto executivo do banco à Reuters sob condição de anonimato.
Ironicamente, um desdobramento dessa postura mais conservadora dos bancos tende a ser a piora dos índices de inadimplência do primeiro trimestre. Isso devido ao efeito denominador, ou seja, volume de calotes cresce como proporção da carteira, que praticamente se estagnou, disse a fonte.
No Itaú, os últimos dois trimestres mostraram alta do índice de inadimplência para pessoas físicas, enquanto o de empresas ficou estável. No BB e no Bradesco, os calotes de empresas fecharam 2014 acima do que estavam no começo do ano, o contrário do que aconteceu com os empréstimos para o varejo.
A expectativa do setor financeiro é que a situação comece a se normalizar somente a partir de maio, tomando como certo que a Petrobras já deverá ter divulgado seu balanço auditado, disse o executivo.