Economia

Lançamento de créditos tributários pela Receita cai 16,55%

Valor representa queda expressiva de 16,55% em comparação com o ano anterior (R$ 150,5 bilhões)


	Receita Federal: o maior valor lançado pela Receita foi na indústria, de R$ 39,36 bilhões
 (Divulgação/Receita Federal)

Receita Federal: o maior valor lançado pela Receita foi na indústria, de R$ 39,36 bilhões (Divulgação/Receita Federal)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 15h11.

Brasília - Os créditos tributários (impostos não pagos, multas e juros) lançados pela Receita Federal chegaram a R$ 125,6 bilhões em 2015, com queda expressiva (16,55%) em comparação com o ano anterior (R$ 150,5 bilhões).

A Receita espertava arrecadar pelo menos os R$ 150 bilhões do ano passado.

O subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Iágaro Jung Martins, disse,  porém, que faltou o "algo mais" para o recorde de autuações.

Segundo Iágaro, havia uma expectativa de queda de 7% nos procedimentos de fiscalização a serem executados em 2015 devido às aposentadorias de auditores na fiscalização.

O subsecretário disse que, além disso, houve redução na velocidade para o encerramento dos procedimentos por conta de discussões que são de fora da Receita Federal e que ocorreram no Congresso Nacional, com valorização de outras carreiras.

"Os auditores não se sentiram tão prestigiados”, destacou Iágaro, ao se referir à frustração de R$ 25 bilhões no lançamento de créditos tributários em 2015.

O maior valor lançado pela Receita foi na indústria: R$ 39,36 bilhões. Os valores são 33% menores que os de 2014.

Depois da indústria, o comércio ficou em segundo lugar, com R$ 20,91 bilhões, mas com elevação de 30,1% em comparação a 2014, quando foram registrados 16,07 bilhões.

Houve alta também no setor de prestação de serviços financeiros, com R$ 19,22 bilhões e alta de 12,7% em comparação ao ano anterior.

O número de contribuintes fiscalizados também caiu no ano passado em 24,18%. Em 2014, foram fiscalizados 365 mil contribuintes e, no ano passado, 277 mil.

Somente 2,5% dos valores das autuações registradas ingressaram nos cofres públicos no ano passado porque, segundo a Receita, as empresas costumam recorrer até as últimas instâncias para não pagar os valores devidos.

Lava Jato

O subsecretário de Fiscalização da Receita Federal informou que existem 434 procedimentos abertos em relação à Lava Jato e que mais 100 processos, incluindo pessoas físicas e jurídicas, serão iniciados agora neste trimestre.

Até dezembro do ano passado, foram lançados em crédito tributário R$ 1,4 bilhão.

“Considerando, investigações que fizemos antes da deflagração [da Operação Lava Jato], temos mais R$ 4,6 bilhões de autuação em uma das empresas. Então já temos recuperados R$ 6 bilhões na Lava Jato”, disse Iágaro Martins.

A expectativa da Receita é que sejam recuperados mais R$ 4 bilhões em impostos não recolhidos, multas e juros, totalizando R$ 10 bilhões em créditos tributários.

Supremo Iágaro Martins disse que se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir hoje contra o direito da Receita Federal de requisitar informações diretamente dos bancos, o Fisco perderá “uma das mais importantes ferramentas".

Segundo Martins, nos últimos 15 anos, o mecanismo permitiu ao governo recuperar cerca de R$ 140 bilhões para os cofres da União.

“Praticamente perderemos nossa capacidade de rastrear o dinheiro e ter o resultado que tivemos na Lava Jato. E, mais do que isso, a Receita praticamente entraria em um voo cego para identificar quem comete infrações, comete grande infrações ou não comete infrações”, destacou o subsecretário de Fiscalização da Receita.

Ele disse também que isso impossibilitaria acordos internacionais de fiscalização.

Acompanhe tudo sobre:Carga tributáriaCréditoeconomia-brasileiraImpostosLeãoreceita-federal

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor