Economia

Lagarde alerta para crise como a de 2008 caso UE não aja rápido

Lagarde disse que autoridades do BCE analisam todas as ferramentas para a decisão de política monetária na quinta-feira

Lagarde: a chefe do BCE disse aos líderes da UE que, sem uma ação coordenada, a Europa “verá um cenário que lembrará a muitos a Grande Crise Financeira de 2008” (Philipp von Ditfurth/picture alliance/Getty Images)

Lagarde: a chefe do BCE disse aos líderes da UE que, sem uma ação coordenada, a Europa “verá um cenário que lembrará a muitos a Grande Crise Financeira de 2008” (Philipp von Ditfurth/picture alliance/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 11 de março de 2020 às 12h19.

Última atualização em 11 de março de 2020 às 12h20.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que a Europa corre o risco de sofrer um grande choque econômico semelhante ao da crise financeira global, a menos que os líderes ajam com urgência para lidar com o surto de coronavírus, e sinalizou que sua instituição tomará medidas até quinta-feira.

Em teleconferência na terça-feira, Lagarde disse aos líderes da União Europeia que, sem uma ação coordenada, a Europa “verá um cenário que lembrará a muitos a Grande Crise Financeira de 2008”, segundo uma pessoa a par dos comentários. Com a resposta certa, o choque provavelmente será temporário, acrescentou.

Lagarde disse que autoridades do BCE analisam todas as ferramentas para a decisão de política monetária na quinta-feira, particularmente medidas para oferecer financiamento “superbarato” e garantir que a liquidez e o crédito não se esgotem, disse a pessoa, que não quis ser identificada.

Ainda assim, Lagarde enfatizou que as medidas do BCE só podem funcionar com o apoio dos governos, com medidas para garantir que os bancos continuem emprestando para empresas nas áreas afetadas, disse a pessoa. Um porta-voz do BCE não quis comentar.

Lagarde falou horas antes de o Banco da Inglaterra seguir os passos de outros bancos centrais e tomar uma medida de emergência. A autoridade monetária britânica anunciou um corte da taxa de juros de 50 pontos-base na quarta-feira, combinada com medidas para ajudar a manter o fluxo de crédito. O Banco da Inglaterra disse que ainda tem mais espaço para agir, se necessário.

Mark Carney, presidente do BOE, ecoou a visão de Lagarde de que uma resposta adequada ajudaria a evitar uma recessão global. “Não há razão para esse choque se transformar na experiência de 2008, praticamente uma década perdida em várias economias, se lidarmos bem com isso”, disse.

Opções do BCE

Entre as opções do BCE, economistas destacam uma versão de um programa existente que oferece empréstimos de longo prazo a bancos a taxas de juros potencialmente negativas - o que significa que o BCE paga os bancos para emprestar dinheiro - caso ofereçam crédito para empresas e famílias.

Investidores esperam um corte dos juros, embora de apenas 10 pontos-base, porque a taxa básica do BCE já está em uma mínima histórica, negativa em 0,5%.

Crescimento mais fraco

Crescimento mais fraco (Divulgação/Bloomberg)

A mensagem de Lagarde serve como sério alerta e dramático apelo para que autoridades intensifiquem esforços para impedir que o vírus arraste a Europa para uma recessão. Mesmo antes do surto, autoridades do BCE pediam repetidamente que os governos aumentassem os gastos públicos devido à falta de ferramentas da política monetária.

A Itália, onde ocorre um bloqueio nacional, foi a mais atingida até agora pela propagação do vírus. Na mesma teleconferência com Lagarde, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte apelou aos líderes da UE para mostrarem a mesma determinação e solidariedade que demonstraram durante a crise da dívida na Europa.

Na quarta-feira, o ministro das Finanças da Itália, Roberto Gualtieri, disse que o governo aumentou o valor que planeja gastar para amortecer o golpe na economia para 25 bilhões de euros (US$ 28,3 bilhões).

Lagarde alertou que o estrago provavelmente se espalhará para outros países. Ela elogiou as ações tomadas até agora em algumas áreas, mas exigiu mais, disse a pessoa. Deixar de agir com ousadia agora aumentaria o risco de “colapso de parte de suas economias”, disse Lagarde aos líderes.

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