Economia

Juro futuro precifica chance maior de corte da Selic

Mercado foi impactado pelo anúncio de que a meta de superávit primário para este ano foi elevada em R$ 10 bilhões

Diretoria do Banco Central acompanha atentamente os dados de inadimplência (Divulgação/Banco Central)

Diretoria do Banco Central acompanha atentamente os dados de inadimplência (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2011 às 17h23.

São Paulo - O mercado de juros futuros voltou a devolver prêmios na sessão de hoje, impactado pelo anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a meta de superávit primário para este ano foi elevada em R$ 10 bilhões, de R$ 117,8 bilhões para R$ 127,8 bilhões. Pela manhã, quando havia apenas a notícia de que o governo anunciaria medidas fiscais, a curva a termo chegou a precificar quase 70% de chance de um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana.

Mas após o próprio Mantega dizer que só haverá redução de juros "quando o BC achar possível", caiu para pouco mais de 50% a possibilidade de corte da Selic, mais ainda acima dos 40% de sexta-feira. Diante destes fatos, o mercado ignorou o noticiário positivo do exterior, assim como o aumento das expectativas de inflação para este ano, contidas no Boletim Focus.

Ao término da negociação normal na BM&F, o contrato futuro de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em outubro de 2011 (424.135 contratos negociados), o mais sensível à decisão do Copom de quarta-feira, projetava taxa de 12,255% ao ano, após ter caído para 12,23% ao ano mais cedo, de 12,28% no ajuste de sexta-feira. O DI de janeiro de 2012 (667.025 contratos) projetava 11,92% ao ano, da mínima de 11,91% e de um ajuste a 11,98% na sexta-feira.

O DI de janeiro de 2013 (403.075 contratos) marcava 11,11%, após ter ido a 11% mais cedo, de 11,19% no ajuste de sexta. Entre os vencimentos longos, o DI de janeiro de 2017 (77.200 contratos) sinalizava 11,17% ao ano, de uma mínima a 11,03% e ante 11,45% no ajuste. O DI de janeiro de 2021, com giro de 23.725 contratos negociados, cedeu a 11% mais cedo, mas terminou em 11,12% ao ano, de 11,43% no ajuste de sexta-feira.

Para o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, novamente há um exagero por parte dos investidores na devolução de prêmios. "O próprio ministro Mantega afirmou que a decisão visa permitir a redução dos juros apenas no médio e longo prazos. Além disso, o superávit maior se dará mais pela força da arrecadação do que por corte de gastos", ponderou. Por isso, Rostagno enxerga um componente técnico exacerbando o movimento de devolução de prêmios. "Provavelmente, ordens de stop loss, diante da queda que aconteceu logo no começo do dia, acentuaram o movimento de baixa das taxas, tirando o componente lógico dos preços", analisou.

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