Economia

Itaú Unibanco espera queda de 2,2% do PIB em 2015

Para o banco, os indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam que a retração da atividade econômica pode ser mais longa e intensa


	As recentes mudanças no nível do câmbio devem ampliar a diferença entre a dívida líquida e a dívida bruta, segundo o Itaú Unibanco
 (.)

As recentes mudanças no nível do câmbio devem ampliar a diferença entre a dívida líquida e a dívida bruta, segundo o Itaú Unibanco (.)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2015 às 18h32.

São Paulo - No relatório divulgado no início da tarde desta quarta-feira, 15, em que revisou diversos indicadores da economia brasileira, o Itaú Unibanco avaliou que apesar da redução dos desequilíbrios fiscais, o corte de despesas ainda não é suficiente para compensar a queda na arrecadação e, em meio a um cenário de enfraquecimento da atividade, a implementação do ajuste fiscal ficou mais difícil.

Para o banco, os indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam que a retração da atividade econômica pode ser mais longa e intensa do que o esperado anteriormente, apontando, inclusive, uma queda no terceiro trimestre de 2015.

A estimativa para este ano foi revisada para queda de 2,2% do Produto Interno Bruto, ante 1,7%, e a projeção de superávit primário foi cortada para 0,5% do PIB, ante 0,7% anteriormente.

"Avaliamos que o impacto da queda na atividade econômica no superávit primário deste ano seja de R$ 43 bilhões, ou 0,7% do PIB (R$ 28 bilhões, 0,5% do PIB anteriormente)", diz o relatório enviado a clientes.

O corte já considera um cenário de maior volume de receitas extraordinárias ainda neste ano, totalizando R$ 15 bilhões. A estimativa anterior era de R$ 10 bilhões.

O Itaú Unibanco considera, no entanto, que o corte dos gastos públicos ainda é insuficiente para compensar o recuo do lado das receitas, mesmo reconhecendo uma "mudança significativa" no padrão dos gastos públicos com a adoção de uma postura contracionista do lado do gasto.

"O gasto federal recuou 1,1% em maio ante o mesmo mês do ano passado, e 1,3% no acumulado do ano, em termos reais", enquanto, em 2014, houve avanço de 5,2%, e, em 2013, de 6,4%, em termos reais.

Por outro lado, houve aumento de gastos obrigatórios, especialmente com previdência (4,3%), o que "mostra a dificuldade de se implementar um ajuste fiscal relevante do lado da despesa", observa o Itaú Unibanco.

Dívida pública

As recentes mudanças no nível do câmbio devem ampliar a diferença entre a dívida líquida e a dívida bruta, segundo o Itaú Unibanco.

"A depreciação é favorável à dívida líquida, devido ao ajuste patrimonial positivo sobre as reservas internacionais. A nosso ver, tanto a dívida bruta quanto a líquida apresentarão tendência ascendente, porque o superávit primário segue abaixo do nível consistente com a estabilização da dinâmica da dívida", diz a nota.

A instituição financeira classifica como "surpreendentemente positivo" o resultado positivo acumulado pelos governos regionais em 2015.

Segundo o banco, Estados e municípios acumularam superávit primário de R$ 19,2 bilhões (0,3% do PIB esperado para o ano completo), superior à meta de R$ 11 bilhões (0,2% do PIB) para este ano.

"O desempenho positivo reflete uma postura mais rígida do Tesouro Nacional em termos de financiamento e uma maior arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a energia (impulsionada pelo aumento de preços de energia)", explica o Itaú Unibanco.

A projeção, no entanto, é de uma redução nos próximos meses, com os governos regionais encerrando 2015 com um superávit primário em linha com a meta.

Já para o governo central, deve haver dificuldade em alcançar a meta de 2015, de R$ 55 bilhões (0,9% do PIB). O Itaú Unibanco ressalta que, no acumulado do ano, o superávit primário do governo central chegou a R$ 6,6 bilhões.

"Considerando que o período entre janeiro e maio representa historicamente 52% do resultado anual, os R$ 6,6 bilhões deste ano ressaltam a dificuldade para o governo central de alcançar a meta de 2015".

Acompanhe tudo sobre:Bancoseconomia-brasileiraEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasIndicadores econômicosItaúItaúsaPIB

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Banco Central aprimora regras de segurança do Pix; veja o que muda

Mais na Exame