Queda no superávit das exportações brasileiras para o Mercosul devido a ajustes econômicos na Argentina (Juan Ignacio Roncoroni/EFE)
Agência de notícias
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 21h00.
O Itamaraty afirmou nesta segunda-feira, 2, que o superávit nas exportações do Brasil para o Mercosul teve uma queda significativa no último ano. O resultado negativo foi atribuído à política econômica implementada pelo governo de Milei, na Argentina, que reduziu em 20% as exportações entre os dois países.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajará para o Uruguai para uma reunião de líderes da cúpula, onde também há expectativa por avanços no acordo do bloco com a União Europeia.
Ao falar sobre a queda do superávit, a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisele Padovan, chamou o impacto de "significativo".
"No ano passado, o Brasil exportou US$ 23,5 bilhões, ou 6,9% das nossas exportações para países do Mercosul, e importou US$ 17 bilhões, 7% das importações totais brasileiras, com superávit de US$ 6,5 bilhões, o que é muito relevante. Infelizmente, esse ano esse superávit caiu por conta da queda das exportações para a Argentina," disse Padovan.
A embaixadora atribuiu o impacto ao ajuste econômico promovido pelo governo de Javier Milei. Sem ter detalhes das áreas impactadas, a embaixadora afirmou que a política econômica do país vizinho seria a "única explicação" para a mudança.
A secretária ainda afirmou que as implicações foram "negativas" para o país e chamou o pacote de ajustes de "bastante forte".
"É a única explicação de um ano para outro você ter uma queda de 20%. O que mudou esse ano? Entrou um novo governo argentino que quis promover um ajuste bastante forte. Então isso tem implicações, infelizmente negativas para nós", afirmou.
" A queda do Mercosul foi em decorrência da queda nas nossas exportações para a Argentina, em função do programa de ajuste do presidente Milei," completou.
A embaixadora chamou o impacto de "relevante" em razão da característica da troca comercial, com alto potencial de geração de emprego. Ela ainda destacou o cenário de pobreza e desemprego no país vizinho.
"Isso é um dado relevante porque uma característica do comércio intrarregional, o comércio do Mercosul, é de alto valor agregado. 82% das nossas exportações são de produtos manufaturados, semimanufaturados, que geram emprego e renda", afirmou.
"Existe um aumento da pobreza, desemprego, queda no rendimento das pessoas, trabalhadores, aposentados, então acho que isso necessariamente implica queda nas vendas," finalizou Padovan.