Economia

Itália: Retração da economia pode acabar no fim do ano

De acordo com Ignazio Visco, decisões políticas na Europa, sobretudo do Banco Central Europeu (BCE), ajudaram a reduzir os custos de financiamento para o governo e as empresas

A dívida soberana da Itália cresceu 114 bilhões de euros nos primeiros 11 meses de 2012, incluindo 23 bilhões em contribuições do país aos fundos de resgate europeus (Ezra Shaw/Getty Images)

A dívida soberana da Itália cresceu 114 bilhões de euros nos primeiros 11 meses de 2012, incluindo 23 bilhões em contribuições do país aos fundos de resgate europeus (Ezra Shaw/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2013 às 09h30.

Bergamo - O presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco, afirmou hoje que a retração da economia italiana pode terminar na segunda metade de 2013, mas o nível de incerteza ainda é grande. De acordo com ele, decisões políticas na Europa, sobretudo do Banco Central Europeu (BCE), ajudaram a reduzir os custos de financiamento para o governo e as empresas. No entanto, "é crucial que isso continue e seja reforçado", acrescentou.

Ele disse que as contas públicas do país continuam frágeis parcialmente devido aos temores por parte de investidores internacionais, mas o spread, ou a taxa de juro paga pela Itália, em comparação com a Alemanha não é justificável do ponto de vista dos fundamentos econômicos.

Segundo Visco, o empréstimo de 3,9 bilhões de euros (US$ 5,22 bilhões) concedido ao Banca Monte dei Paschi di Siena "não é um resgate de um banco em crise". O Banco da Itália deu sinal verde para emissão de títulos de dívida ao banco toscano, a fim de oferecer "um reforço de capital temporário e excepcional", explicou em uma conferência anual do setor. "É um empréstimo, que pode ser usado como capital regulatório, e tem um custo particularmente elevado que subirá ao longo do tempo", disse o presidente do BC.

Na quinta-feira, o Monte dei Paschi comunicou ter mais de 700 milhões de euros em perdas atreladas às complicadas transações de derivativos que desencadearam uma série de investigações criminais.

Mas a ajuda do governo italiano deve-se, na verdade, aos riscos relacionados à "grande carteira de títulos do governo" do banco, esclareceu Visco. De acordo com ele, a base de capital do Monte dei Paschi é adequada.

O sistema bancário do país continua" fundamentalmente saudável e tem limitada exposição a produtos financeiros", acrescentou. Visco avalia que a utilização desses produtos não deve ser reduzida, já que permitem serviços como hipotecas de taxa variável ou hedge cambial para empresa interessadas em expandir suas operações para mercados estrangeiros.

Destacando a importância de processos de governança e gestão de risco, ele afirmou que os parlamentares devem ampliar os poderes do banco central da Itália - responsável pela supervisão - para remover executivos considerados inapropriados, mesmo que o banco não esteja em crise.

Olhando para o sistema bancário como um todo, Visco disse que duas recessões profundas afetaram a rentabilidade do setor devido ao aumento de empréstimos inadimplentes. Mas o país tem um método particularmente rígido de classificar operações problemáticas, o que analistas e o Fundo Monetário Internacional (FMI) devem levar em conta, destacou o presidente do BC.

Os bancos italianos levantaram mais de 17 bilhões de euros em ações, e as cinco maiores instituições do país elevaram o índice de solvência de capital "Core Tier 1" para 10,8%, lembrou. Ele acrescentou, entretanto, que alguns bancos de médio porte ainda precisam elevar a base de capital. As informações são da Dow Jones.

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