Economia

Ipea: alimentos, bebidas e serviços alimentaram inflação

Estudo mostra que desde 2007 as três áreas foram as principais responsáveis pela altas nos preços 

Bebidas: uma das principais causas da alta da inflação (Arquivo/Getty Images)

Bebidas: uma das principais causas da alta da inflação (Arquivo/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2011 às 15h31.

Brasília – Os preços dos alimentos, bebidas e serviços foram os que mais pressionaram a inflação nos últimos anos, sempre acima da meta estabelecida pelo governo, segundo informou hoje (21) o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Desde 2005, o centro da meta anual de inflação é 4,5%, balizada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), podendo variar dois pontos percentuais.

A análise do Ipea sobre o comportamento da inflação está no comunicado A Dinâmica da Inflação Brasileira: Considerações a partir da Desagregação do IPCA, divulgado hoje. De acordo com os técnicos do instituto, a decomposição da variação do IPCA mostra, desde 2007, uma estrutura bem definida onde o aumento dos preços de alimentos, bebidas e serviços foram os mais destacados.

Em contrapartida, os preços administrados por contrato ou monitorados pelo Poder Público (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação, água, saneamento, transporte público e outros) tiveram reajustes menores no período e contribuíram com a redução da inflação. Os preços dos produtos industrializados também tiveram correções abaixo do centro da meta, aliviando as pressões inflacionárias dos alimentos, bebidas e serviços.

O comunicado do Ipea cita que o aquecimento do mercado interno, com as políticas de redistribuição de renda, combate à pobreza e expansão do crédito também teve implicações sobre a inflação. Isso é detectado especificamente no agrupamento de serviços, cujos preços “são sensíveis ao salário mínimo e à redução do desemprego”, e os reajustes salariais têm sido superiores ao centro da meta de inflação.

A pressão inflacionária dos serviços se tornou mais intensa a partir de 2008, de acordo com o Ipea, e se manteve em alta mesmo em 2009, ano de recessão. Os indícios de pressão dos preços dos serviços ficaram mais patentes em 2010, em razão do “aquecimento excessivo da economia”, como afirma o comunicado do Ipea.

Esse aquecimento é salutar, porém, sobre os preços de setores em que há economia de escala. Caso dos produtos industrializados, sobre os quais a expansão da demanda e do crédito ao consumo propiciou ganhos de produtividade no setor de bens de consumo duráveis, especialmente na indústria automobilística. O Ipea lembra, porém, que esses preços foram contidos também por causa da valorização do real em relação ao dólar.

A análise dos efeitos da alta dos preços externos de commodities (produtos básicos com cotação internacional, principalmente agrícolas e minerais) sobre a inflação doméstica é mais complexa, segundo o comunicado do Ipea. Em especial por se tratar, no nosso caso, de um país exportador de tais produtos.

Os técnicos acham que é necessário separar os efeitos diretos sobre os preços de alimentos dos efeitos indiretos causados pela apreciação do câmbio. O Ipea constatou que, desde 2007, houve repasse intenso dos preços internacionais para os preços internos dos alimentos.

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