Inflação sobe 0,95% em novembro e atinge 10,74% em 12 meses
A inflação brasileira está em dois dígitos desde setembro no acumulado de 12 meses, com a alta nos preços dos combustíveis puxando a fila nos últimos meses
Carolina Riveira
Publicado em 10 de dezembro de 2021 às 09h07.
Última atualização em 10 de dezembro de 2021 às 11h00.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor ( IPCA ), uma das principais métricas da inflação no Brasil, fechou em 0,95% no mês de novembro, segundo divulgado nesta sexta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação é a maior para o mês desde 2015.
No acumulado de 12 meses até novembro, a alta do índice é de 10,74%, a maior para o período desde 2003. No ano até aqui, isto é, entre janeiro e novembro, o IPCA subiu 9,26%.
- Em outubro, a variação mensal do IPCA havia sido de 1,25%, maior alta desde 2002;
- E de 1,16% em setembro, maior taxa desde o Plano Real de 1994.
O IPCA vem em uma trajetória de altas bruscas nos últimos meses, em meio à subida de preços de combustíveis no mercado internacional, crise hídrica que impactou a energia elétrica e preços dos alimentos que vieram de altas do ano passado.
O choque de oferta mundo afora diante da pandemia da covid-19, como a falta de insumos para a indústria, também colabora negativamente.
Em novembro, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA tiveram alta.
A maior variação (3,35%) e o maior impacto vieram dos Transportes, segundo o IBGE, frente que é afetada sobretudo pela alta dos combustíveis.
O preço da gasolina teve o maior impacto individual na alta do IPCA, com preços subindo 7,38%. A trajetória de alta acontece com todos os combustíveis de veículos e domésticos:
- Em 12 meses, a gasolina acumula alta de 50,78%;
- O etanol subiu 69,40% em 12 meses, a maior alta de um item individual no período;
- Já o diesel subiu 49,56% desde novembro passado;
- O gás de botijão subiu 38,88%.
Nos grupos gerais, o segundo maior impacto foi da Habitação (alta de 1,03%), que já vinha em alta no mês anterior, reflexo da alta do gás doméstico. Já Alimentação e Bebidas, grupo que vinha tendo forte alta em 2020 e no começo de 2021, teve queda em novembro (-0,04%), assim como Saúde e cuidados pessoais.
A variação do IPCA em novembro ficou pouco abaixo das expectativas dos analistas, que apontavam alta acima de 1%. A estimativa da equipe de Macro & Estratégia do banco BTG Pactual era de variação de 1,09%, já mostrando leve desaceleração na margem, mas patamar ainda alto.
As maiores altas de preços em novembro na cesta medida pelo IPCA foram nas cidades de Campo Grande (MS) e Salvador (BA).
Selic nas alturas
A inflação brasileira está em dois dígitos desde setembro no acumulado de 12 meses, e deve fechar 2021 desta forma, o que não acontecia desde 2015.
Ainda assim, diante da alta da taxa de juros, a expectativa é de desaceleração da economia e da demanda e consequente queda na inflação.
Bancos e casas de análise já projetam o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil com crescimento zero para o ano que vem. Os números do PIB no terceiro trimestre, divulgados neste mês, também mostram estagnação da economia, apesar da vacinação em massa que vem ocorrendo no Brasil.
Com a expectativa em baixo ou nenhum crescimento econômico e alta dos juros, a projeção dos analistas ouvidos no último boletim Focus, do Banco Central, é de IPCA em 5,02% em 2022. Este número vem aumentando progressivamente nas projeções, mas ainda é metade do visto hoje.
Nesta semana, o Banco Central também elevou a taxa Selic de 7,5% para 9,25% , em decisão já esperada pelo mercado.
A taxa básica de juros, vale lembrar, havia começado o ano em 2%, seu menor patamar histórico. Mas o BC tem promovido a maior alta de juros em 20 anos como tentativa de conter a inflação diante dos sinais ruins na frente fiscal e de estabilidade.
E não deve parar por aí: no boletim Focus desta semana, a mediana das projeções é de que a Selic fechará 2022 em 11,25%.