Economia

IPCA fecha 2011 a 6,50%, no teto da meta de inflação

Índice de preços subiu 0,50% em dezembro. Em 12 meses até novembro, o índice tinha alta de 6,64%

Analistas previam que o indicador teria alta de 0,55% em dezembro (Marcelo Calenda/EXAME.com)

Analistas previam que o indicador teria alta de 0,55% em dezembro (Marcelo Calenda/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 12h59.

Rio de Janeiro/Brasília - Para alívio do governo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2011 com alta de 6,50 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, exatamente no teto da meta de inflação do governo. Em 12 meses até novembro, o índice tinha alta de 6,64 por cento.

Em dezembro, o indicador subiu 0,50 por cento, após alta de 0,52 por cento em novembro. Analistas ouvidos pela Reuters previam que o IPCA teria alta de 0,55 por cento em dezembro, encerrando o ano a 6,56 por cento, segundo mediana da pesquisa Reuters. Ou seja, o mercado esperava que o IPCA estouraria o teto da meta e, caso isso ocorresse, o Banco Central teria de fazer uma carta aberta para explicar os motivos do tropeço e o que estava sendo feito para evitar novos no futuro.

Segundo o IBGE, a taxa exata do IPCA em 2011 ficou em 6,4994 por cento e pelas regras internacionais de arredondamento, foi divulgada em 6,50 por cento. Em dezembro, a alta precisa foi de 0,4970 por cento. "Há países que, para evitar dúvidas ou especulações de manipulação, preferem divulgar 6,49 (por cento). Nós não. Usamos os critérios conhecidos", disse à Reuters uma fonte do IBGE.

O resultado fechado de 2011 foi o maior desde 2004, quando o IPCA registrou alta de 7,60 por cento. Em 2010, ele havia ficado em 5,91 por cento. Desde 2006, a meta de inflação do governo vem sendo fixada em 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

Surpresa

O resultado fechado do ano passado pegou de surpresa boa parte do mercado, que esperava um estouro no teto da meta, mas manteve a expectativa de mais cortes na Selic. Para o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno, o que ajudou o IPCA a ficar dentro do objetivo do governo foi a recente redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre bens da linha branca.

"Fora isso, a inflação segue pressionada, com alimentos acelerando e serviços ainda num patamar elevado. Foi um fator pontual que contribuiu para a desaceleração e fechando o ano no teto", afirmou ele.

Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou em nota que o resultado de 2011 está em linha com cenário antecipado pela autoridade monetária. Segundo ele, "em 2012, a inflação ao consumidor seguirá recuando e se deslocando na direção da trajetória de metas, dinâmica esta consistente com a estratégia de política monetária adotada pelo Banco Central."


Mesmo assim, a autoridade monetária sabe que terá desafios daqui para frente. Em meio a um processo de afrouxamento da política monetária -que começou em agosto com a redução da Selic, hoje em 11 por cento ao ano, e deve continuar no curto prazo para estimular a economia diante da crise internacional-, o BC já fala em novas pressões inflacionárias.

No mês passado, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, afirmou que por conta da economia mais forte, deverá haver mais pressão sobre os preços no início de 2013. E foi bastante claro ao afirmar que, se ncessário, haverá aumentos de juros.

O ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, também comemorou nesta sexta-feira o resultado do IPCA de 2011 dentro da meta, argumentando que veio em linha com o esperado e que a expectativa é de que o índice feche 2012 abaixo de 5 por cento.

Esse foi o oitavo ano seguido que o BC cumpre a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A última vez que ele não conseguiu foi em 2003, quando o IPCA ficou em 9,30 por cento e o então presidente do BC, Henrique Meirelles, teve de publicar uma cara aberta.

Demanda maior

Segundo o IBGE, a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados apresentou variação maior que a do ano anterior, deixando claro que a pressão sobre os preços foi de demanda. O grupo que mais subiu de um ano para o outro foi o de Transporte, que passou de 2,41 por cento para 6,05 por cento.

Na ponta oposta, vieram o grupo Alimentação e bebidas, que teve desaceleração de uma alta de 10,39 para 7,18 por cento e Artigos de residência, de 3,53 para estabilidade. No ano passado, o segmento Despesas pessoais foi o que registrou maior elevação de preços: 8,61 por cento.

"Os produtos não alimentícios compensaram as altas sazonais de alimentos e vestuário (em dezembro)", afirmou a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, lembrando que a inflação foi muito forte no primeiro trimestre, com aumentos de preços acima da média nas escolas, com reajuste nos ônibus e alta dos alimentos que vinha desde o fim de 2010.

Segundo ela, a inflação medida pelo IPCA fechou o primeiro semestre do ano em 3,87 por cento e o segundo, em 2,54 por cento. "Uma taxa de 6,5 por cento é uma inflação alta", acrescentou a economista.

Eulina disse ainda que a redução do IPI foi determinante para o IPCA fechar dentro da meta de inflação. Segundo ela, em dezembro, os preços dos eletrodomésticos tiveram um impacto negativo no indicador de 0,0258 ponto percentual.

Os preços dos serviços subiram em 2011 9,39 por cento, depois de avançarem 8,15 por cento no ano anterior, com um impacto de quase 2 pontos percentuais no IPCA.

"Os preços dos não alimentícios, incluindo serviços, dispararam pelas característica da nossa economia. Com mais emprego, mais renda, você tem espaço para repassar custos", avaliou a economista do IBGE ao destacar que os aluguéis subiram, no ano passado, 11,01 por cento e o custo com empregado doméstico, 11,37 por cento.


Dentro do grupos de alimentos, o destaque foi a alimentação fora de casa, que subiu acima do IPCA e ficou em 10,49 por cento em 2011, contra 5,43 por cento para alimentação em casa.

No ano, os itens que mais pressionaram o IPCA foram, pela ordem: refeição fora de casa (com 0,47 ponto percentual) e empregados domésticos e colégios (com 0,40 ponto cada)

Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre fecharam 2011 com inflação acima de 6,5 por cento e, São Paulo, principal região pesquisada, ficou em 6,49 por cento.

Acompanhe tudo sobre:ConsumoEstatísticasIBGEIndicadores econômicosInflaçãoIPCAPreços

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor