Investimentos só voltam com economia consistente
Em encontro com empresários, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que investimetnos substanciais só voltarão a ser efetivados quando houver condições mais positivas da economia
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.
Os investimentos privados nacionais e estrangeiros só voltarão a ser efetivados no Brasil quando o país apresentar condições gerais mais positivas que as atuais. Essas condições, entretanto, não virão tão rápido quanto espera o empresariado. Conforme o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a lentidão de algumas ações, como a reforma trabalhista e a votação de marcos regulatórios, deve-se à necessidade de negociação entre o governo e diversas forças políticas e sociais (veja reportagem de EXAME a respeito).
As palavras cautelosas de Palocci foram ouvidas por uma dezena de grandes empresários, como Abílio Diniz (Pão de Açúcar), Benjamim Steinbruch (CSN) e Eugênio Staub (Gradiente) em uma reunião fechada no hotel Grand Meliá, em São Paulo, nesta segunda-feira (8/11). Presente no encontro, o presidente do conselho de administração da Dixie Toga e do conselho da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Sérgio Haberfeld, saiu do encontro convencido da consistência dos argumentos apresentados por Palocci. "Pela primeira vez, estou convencido de que o governo segue um caminho lento e gradual de estabilização econômica. Nosso crescimento não será um vôo de galinha", diz. "Tenho a impressão de que o país está deixando de ser o eterno país do futuro para avançar em sua direção".
O encontro foi organizado pela organização não-governamental Instituto Talento Brasil e contou com o apoio do senador Aloizio Mercadante, líder do governo no Congresso. O objetivo foi debater, a portas fechadas, os rumos da economia e as apreensões do empresariado. "Saí da reunião com a convicção de que o governo sabe o que está fazendo. Eles não estão tomando medidas a esmo", diz.
Segundo Haberfeld, o grupo de empresários cobrou urgência em algumas medidas, ajustes no câmbio para estimular as exportações e a adoção de estímulos efetivos para o investimento priavado. "O ministro deixou claro que vivemos num ambiente democrático em que todos devem ser ouvidos", afirma o presidente do conselho da Amcham. No encontro, Palocci ressaltou que conhece os principais fatores que emperram a competitividade brasileira, como a burocracia, a carga tributária e a informalidade de grande parte da economia, e argumentou que as medidas tomadas pelo governo visam à criação de bases sólidas para um crescimento sustentado de longo prazo e não ao lançamento de bolhas de consumo e expansão sem base real.