Investimento estrangeiro em junho é 80% maior do que há um ano

Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) registraram ingressos líquidos de 1,3 bilhão de dólares em junho, alta de 80% em relação a junho de 2004. No acumulado deste ano, os IEDs totalizam 8,6 bilhões de dólares, 112% mais do que no primeiro semestre do ano passado. "Independente da interferência na estatística de fatores pontuais ligados à Inbev [operação com ações de minoritários, em abril], trata-se de um bom ritmo", diz Marcel Pereira, da RC Consultores. A consultoria estima um IED total em 2005 entre 17 bilhões e 18 bilhões de dólares.

"Os investimentos estrangeiros estão muito ligados a empresas exportadoras no Brasil", afirma Carlos Urso, da consultoria LCA. "Essas empresas estão conseguindo reajustar seus preços no mercado internacional." Para o analista, assim, apesar do real valorizado e da crise política, o ritmo mensal de entrada de IEDs deve manter-se entre 1,2 bilhão e 1,3 bilhão até o final do ano. "Só cai se o quadro político se deteriorar muito", diz. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (25/7) pelo Banco Central (BC).

Os investimentos brasileiros diretos líquidos no exterior somaram 263 milhões, acumulando 1,8 bilhão de dólares no semestre, com crescimento de 117% em relação a mesmo período de 2004.

Segundo Urso, é na conta de viagens internacionais que se percebem os efeitos do real forte frente ao dólar. Houve um aprofundamento do déficit de 133 milhões de dólares em maio para déficit de 194 milhões de dólares em junho. Há doze meses, o saldo negativo foi de 7 milhões.

Superávit

O Brasil obteve saldo positivo nas transações correntes de 1,3 bilhão de dólares em junho. O balanço de pagamentos, que além do resultado das transações correntes considera também a conta de capital e financeira e, ainda, o ingresso de investimentos estrangeiros, foi negativo em 431 milhões de dólares (veja a tabela abaixo).

O BC destaca no mês de junho osuperávit recordede 4 bilhões na balança comercial (a despeito da apreciação cambial), a captação de 1,1 bilhão em bônus da República e o pagamento de 1,7 bilhão de parcela deempréstimo ao Fundo Monetário Internacional.

As remessas líquidas de renda para o exterior somaram 2,1 bilhões de dólares, aumento de 33% em relação ao junho de 2004.

A dívida externa total estimada para abril de 2005 é de 200 bilhões de dólares, redução de 2,1 bilhões em relação à posição calculada pelo BC para março. O endividamento externo de médio e longo prazos soma 180 bilhões de dólares; o de curto prazo totaliza 20,2 bilhões. As reservas internacionais somam 59,9 bilhões de dólares, 824 milhões de dólares menos do que em março.