Transposição do Rio São Francisco: Bezerra Coelho reconheceu atrasos que poderiam ser evitados, mas garantiu que a obra será concluída em tempo considerado normal (Marcelo Curia/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 17h46.
Brasília – Os investimentos em barragens, adutoras e outras obras de infraestrutura para enfrentamento de secas extremas e outros fenômenos climáticos pode ultrapassar a cifra dos R$ 5 bilhões no ano que vem, considerando apenas os recursos do Ministério da Integração Nacional projetados para 2013.
A estimativa apresentada hoje (19) pelo ministro Fernando Bezerra Coelho tem, ao menos, duas justificativas. A primeira é que, ao longo deste ano, foram investidos mais de R$ 3 bilhões. Em 2011, a cifra foi R$ 2,8 bilhões. A outra motivação para o otimismo em relação aos investimentos é o calendário das obras de transposição do Rio São Francisco.
De acordo com Bezerra Coelho, a entrega da principal obra do governo brasileiro e o cumprimento da promessa de abastecimento de água para a região Nordeste, a mais afetada pelas estiagens, estará garantida em 2015. Isto porque os editais para contratação das empresas que farão as últimas etapas da transposição devem ser publicados até o final de fevereiro de 2013.
“[As obras ainda não concluídas] no Eixo Leste [que vai garantir a distribuição de água a municípios da Bahia, de Pernambuco e da Paraíba] estarão todas contratadas até junho”, disse o ministro.
Do lado norte das obras, os dois eixos que garantem o fornecimento de água do município pernambucano de Cabrobó para Jati e Mauriti, no Ceará, já estão contratados. “Até o dia 30 de janeiro, publicamos o edital da terceira meta, que garante o abastecimento de água até a Paraíba”, acrescentou.
Bezerra Coelho reconheceu atrasos que poderiam ser evitados, mas garantiu que a obra será concluída em tempo considerado normal para o tipo de investimento. Ao citar projetos semelhantes desenvolvidos em outros países, o ministro assegurou que o trabalho está dentro do prazo de todas as transposições feitas no mundo. “Só não vamos ganhar dos chineses”, admitiu.
Segundo o ministro, o tempo dessas obras variou entre 20 e 40 anos. Apenas a China conseguiu concluir em dez anos o projeto de transporte de água do Rio Amarelo (Huang He), feito com três eixos.
Ao antecipar o balanço das ações de prevenção e enfrentamento da seca no Nordeste brasileiro que será divulgado amanhã (20), o ministro destacou que a transposição não tem sido o único investimento público na região. “A cada R$ 1 investido na transposição, temos R$ 2 investidos em outras obras de infraestrutura hídrica no Nordeste”, disse.
Além da transposição, Bezerra Coelho citou obras como o Eixão das Águas, no Ceará, que garante 60% da água consumida em Fortaleza, capital do estado, a partir do açude do Castanhão, construído sobre o leito do Rio Jaguaribe.
Bezerra também adiantou que a adutora em Irecê, na Bahia, está em fase final de testes e deverá levar água para a região de Serra Talhada em janeiro. Ainda segundo o ministro, no Rio Grande do Norte, a primeira etapa da Adutora do Agreste, considerada a maior em operação, estará concluída até fevereiro de 2013.
O dinheiro investido na região também envolve medidas emergenciais como contratação dos mais de quatro mil carros-pipa que estão levando água para os municípios mais atingidos pela seca. Amanhã (20), Bezerra Coelho deve anunciar um programa de controle desse trabalho. “Como todas as cisternas estão georreferenciadas, quem tiver cisterna vai ter um cartão. Sempre que a cisterna for abastecida, será registrado. Vamos monitorar”, antecipou ele.