"Inflação no piso da meta quebra a inércia", diz Meirelles
O ministro afirmou que o fato da inflação ter se aproximado do piso da meta dá margem para o BC cortar a taxa de juros
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de outubro de 2017 às 15h35.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , afirmou nesta segunda-feira, 30, que o fato de inflação ter se aproximado do piso da meta do Banco Central (BC) é positivo, porque isso quebra a inércia inflacionária e dá margem para a autoridade monetária cortar a taxa de juros.
"E é o que o BC está fazendo, temos hoje a taxa de juros real mais baixa da história, o que é um estímulo econômico e monetário para crescer", disse.
Meirelles afirmou também que o Brasil saiu da maior recessão da sua história e vai começar a crescer.
"Uma recessão da dimensão que passamos deixa consequências que demandam certo tempo para serem dissipadas. O Brasil está criando emprego. No entanto, desemprego ainda é muito elevado", afirmou.
As declarações foram dadas em São Paulo, durante almoço promovido pelo Lide, grupo de líderes empresariais criado pelo prefeito da capital paulista João Doria, que também estava presente. O ministro foi convidado para dar palestra sobre a situação da economia brasileira.
Reforma trabalhista
Meirelles fez uma defesa às reformas econômicas empreendidas pelo governo federal. Segundo ele, as mudanças vão ter como resultado a redução do custo do crédito.
Além disso, afirmou que a reforma trabalhista, mais especificamente, é necessária para fortalecer a negociação coletiva.
"A legislação trabalhista do Brasil não foi feita para o mundo de hoje", disse.
Ele defendeu também a chamada PEC do Teto, aprovada no início da gestão de Michel Temer.
O ministro argumentou que desde a Constituição de 1988 o Estado brasileiro tem crescido mais que a economia e que, agora, com a PEC do Teto, as despesas da União, em vez de subirem para 25% do PIB, vão cair para 15%.
"Experiência internacional mostra que setor privado é mais produtivo que setor público", afirmou.
Reforma da Previdência
O ministro voltou a admitir que é muito difícil a aprovação da reforma da Previdência no ano que vem, pelo fato de ser ano eleitoral, e reiterou que, por isso, o governo tem de aproveitar os últimos 40 dias úteis de 2017 para que o projeto passe no Congresso Nacional. "É o momento ideal", disse.
O ministro defendeu que a reforma seja aprovada no plenário da Câmara com o mesmo texto aprovado pela comissão especial da Casa.
Segundo ele, se isso ocorrer, serão mantidos 75% dos benefícios fiscais da proposta original. "Tem chance de ser aprovado no plenário da Câmara? Isso é outra discussão", acrescentou Meirelles.
Apesar de ter reconhecido as dificuldades no Congresso, o ministro disse que, na sua visão, a aprovação da reforma é de interesse de todas as forças políticas do Brasil.
Segundo o ministro, mesmo quem é publicamente contra a reforma quer que a proposta seja aprovada, para que o déficit previdenciário não se torne um problema para o próximo presidente.
"Se reforma não for aprovada, será primeiro desafio do próximo presidente", disse. "Eu estava conversando com um grande líder da oposição e disse a ele: apesar do seu discurso, você, de noite, reza para que a Previdência seja aprovada", brincou o ministro.
Ele afirmou também que os gastos do governo com a Previdência podem chegar a 80% do total, caso a reforma proposta pela equipe econômica não seja aprovada pelo Congresso Nacional. "Não sobra dinheiro para nada", argumentou o ministro.
Meirelles disse ainda que o excesso de gastos públicos pode quebrar um País. No entanto, disse que o crescimento das despesas discricionárias nos últimos anos já foi revertido, ao citar a aprovação da chamada PEC do Teto, que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior.
Além disso, Meirelles recebeu o pedido de empresários presentes no evento para "esquecer o projeto de reoneração da folha", porque a indústria já se adaptou a esta realidade.
O ministro afirmou que o governo tem recebido diversas reivindicações, de empresários que querem menos tributação, de pessoas que querem aposentadoria mais cedo, de parte da população que quer manter benefícios sociais. "Tudo isso é legítimo, mas temos que ter equilíbrio na sociedade", disse ele.