Economia

Inflação limita poder de compra da população, diz IBGE

De março para abril, o rendimento real habitual caiu 0,2%, passando de R$ 1.865,76 para R$ 1.862,40, corroído pelo aumento dos preços


	A inflação está limitando o poder de compra da população no primeiro semestre, na avaliação do coordenador de Trabalho e Rendimento do IIBGE, Cimar Azeredo
 (Marcelo Camargo/ABr)

A inflação está limitando o poder de compra da população no primeiro semestre, na avaliação do coordenador de Trabalho e Rendimento do IIBGE, Cimar Azeredo (Marcelo Camargo/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2013 às 13h20.

Rio de Janeiro - A inflação está limitando o poder de compra da população no primeiro semestre, na avaliação do coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. "A inflação jogou o rendimento para baixo", disse.

De março para abril, o rendimento real habitual caiu 0,2%, passando de R$ 1.865,76 para R$ 1.862,40, corroído pelo aumento dos preços. Em março, o rendimento real tinha caído também 0,2%, após alta de 1,2% em fevereiro e queda de 0,1% em janeiro.

No entanto, comparando a média do período de janeiro a abril com igual intervalo do ano passado, o rendimento do trabalhador brasileiro subiu 1,7%. Nesse caso, o rendimento passou de R$ 1.829,80 para R$ 1.861,54.

"Houve muitos ganhos de rendimento ao longo de 2012. Para perder esse ganho, demoraria muito", ressaltou Azeredo. O instituto divulgou nesta quinta-feira, 23, a taxa de desemprego de abril das seis principais regiões metropolitanas do País, que ficou em 5,8%, ante 5,7% em março.

O coordenador avaliou ainda que o mercado de trabalho demonstrou melhora qualitativa em abril. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceu 3,1% em comparação com igual mês de 2012. Ao mesmo tempo, o número de empregados sem carteira no setor privado caiu 5,8%, considerando a mesma base de comparação.

A análise de Azeredo é que, independentemente da atividade econômica, o País passa por um período de mais fiscalização das leis trabalhistas, o que está forçando os empregadores a formalizar os trabalhadores, assinando suas carteiras.

"Nem na crise de 2008 o número de carteira de trabalho deixou de subir, o que está relacionado ao processo de fiscalização. Houve uma saída de cena do emprego sem carteira", disse o economista.


Construção

O IBGE destacou ainda que a queda da população ocupada na construção nos primeiros quatro meses deste ano, de 3,2% em média, é surpreendente, se considerada a alta de 2,5% registrada no setor em igual período do ano passado.

O quadro é ainda mais surpreendente na região metropolitana de São Paulo, onde a população ocupada na construção, na média de janeiro a abril deste ano, caiu 1,4%, enquanto, em igual período do ano passado, avançou 8,7%.

"O problema da construção foi em dezembro, janeiro e fevereiro. O motivo é uma incógnita. Mas, certamente, não tem a ver com perda de poder de compra ou com atividade, senão aconteceria em todas os setores", afirmou o economista.

Azeredo avalia que a construção foi o setor que mais demonstrou perda expressiva da população ocupada em abril, de 5,5% comparada a março. Já a indústria, que na mesma base de comparação apresentou queda de 0,3%, é motivo de alerta, por conta da sua importância no mercado de trabalho. A indústria responde por 16% da população ocupada do País.

Na média de janeiro a abril de 2012, a variação da população ocupada na indústria foi de 0,3%, enquanto, em igual período deste ano, foi de -0,1%. "É possível dizer que indústria está estável neste ano. Mas não deslancha ainda. Isso pode acontecer a partir de maio. Não vejo um quadro de piora no mercado de trabalho", afirmou Azeredo.

Acompanhe tudo sobre:ConsumidoresEstatísticasIBGEInflaçãoPreços

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto