Economia

Inflação é a menor para fevereiro desde 2000 e está quase na meta

Alimentação e Bebidas tem menor resultado desde julho de 2010 e inflação em 12 meses já se aproxima do centro da meta

Mercado de rua em São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)

Mercado de rua em São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de março de 2017 às 09h04.

Última atualização em 26 de julho de 2017 às 19h20.

São Paulo - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,33% em fevereiro, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É a taxa mais baixa para o mês desde 2000, quando foi de 0,13%, e representa queda em relação a janeiro, quando foi de 0,38%.

A inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou em 4,76%, após ter registrado 5,35% nos 12 meses imediatamente anteriores.

A meta de inflação anual no país é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Uma redução na meta pode ocorrer em junho, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá para ratificar ou não a meta de 2018 e fixar a do ano seguinte. A questão divide economistas.

Grupos

Dos 9 grupos pesquisados, 3 caíram e 6 subiram em relação ao mês anterior, mas com impactos desproporcionais.

O grupo Educação foi o grande responsável pela inflação mensal, com alta de 5,04% e impacto de 0,23 ponto percentual no índice final.

Isso é um reflexo dos reajustes praticados no início do ano letivo, em especial nas mensalidades dos cursos regulares, que tiveram alta de 6,99%.

O maior impacto para baixo (-0,11 ponto percentual) na inflação de fevereiro foi a de Alimentação e Bebidas, de longe o grupo com maior peso na formação do índice.

Depois de subirem 0,35% em janeiro, os alimentos e bebidas caíram 0,45% em fevereiro.

"As chuvas ficaram mais bem distribuídas, e isso favoreceu a safra e melhorou a oferta dos produtos", diz José Fernando Gonçalves, pesquisador do IBGE.

Foi o menor resultado desde julho de 2010. Se considerarmos apenas o mês de fevereiro, foi a queda mais intensa desde que o plano Real começou em 1994.

As passagens aéreas caíram 12,29% e tiveram o maior impacto individual negativo na inflação de fevereiro: -0,05 ponto percentual no índice final.

Foi quase suficiente para anular a alta de 2,33% nos ônibus urbanos, que tiveram impacto de 0,06 ponto percentual na taxa final.

GrupoVariação janeiro, em %Variação fevereiro, em %
Índice Geral0,380,33
Alimentação e Bebidas0,35-0,45
Habitação0,170,24
Artigos de Residência-0,100,18
Vestuário-0,36-0,13
Transportes0,770,24
Saúde e cuidados pessoais0,550,65
Despesas pessoais0,450,31
Educação0,295,04
Comunicação0,630,66

 

GrupoImpacto janeiro, em p.p.Impacto fevereiro, em p.p.
Índice Geral0,380,33
Alimentação e Bebidas0,09-0,11
Habitação0,030,04
Artigos de Residência0,000,01
Vestuário-0,02-0,01
Transportes0,140,04
Saúde e cuidados pessoais0,060,08
Despesas pessoais0,050,03
Educação0,010,23
Comunicação0,020,02

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse em entrevista ontem, antes da divulgação dos dados, que o país está em um processo de desinflação:

"Tem a queda dos alimentos, mas há uma desinflação mais difundida. Temos queda na inflação de serviços e de outros componentes."

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