Economia

Inflação é maior para ‘pais’ de pets e lojas sentem impacto

Os preços dos alimentos para animais domésticos subiram, em média, 23,7%

Cansado: regra determina um descanso semanal remunerado (monkeybusinessimages/Getty Images)

Cansado: regra determina um descanso semanal remunerado (monkeybusinessimages/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de janeiro de 2022 às 10h18.

Última atualização em 18 de janeiro de 2022 às 09h55.

No ano passado, a inflação dos pets, os animais de estimação, superou a dos humanos. Os preços dos alimentos para animais domésticos subiram, em média, 23,7%, quase o triplo da alta registrada pela comida consumida no domicílio (8,24%) pelos brasileiros em igual período, de acordo com pesquisa que o IBGE faz para calcular o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País.

Já imaginou ter acesso a todos os materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal? Agora você pode: confira nossa página de conteúdos gratuitos para baixar. 

No caso dos serviços, o movimento se repetiu. Tratamentos de animais em clínicas foram majorados em 6,08%, ultrapassando o reajuste dos serviços médicos e dentários, de 4,11%. Para serviços de higiene, banho e tosa, a alta atingiu 7,74% em 2021, ante 5,85% de cabeleireiros e barbeiros.

Não existe um índice que apure especificamente a inflação dos pets. Mas dados da fintech de inteligência artificial e organização financeira Olívia mostram que, em 2021, o gasto médio mensal com produtos e serviços para pets foi de R$ 208,28, com alta de 21,44% em relação ao registrado pelos usuários da plataforma no ano anterior.

Em 2021, o IPCA deu um salto e fechou em 10,06%, a maior variação em seis anos. “Em anos anteriores, tivemos esses preços de itens voltados para pets subindo menos do que a inflação geral do País”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Fábio Bentes.

Ele destaca que o preço da comida para pets subiu acima da alimentação doméstica. Esse descolamento é explicado pelos aumentos de custos das matérias-primas e maiores gastos por causa da desvalorização cambial, já que as commodities são cotadas em dólar.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, José Edson Galvão de França, a inflação no setor teria superado os 50%.

Diante da pressão do preço das matérias-primas, a fabricante de ração para cães e gatos Special Dog Company, por exemplo, reajustou em 28% os preços, depois de ver custos subirem 44%, diz o diretor, Marcos Tavares.

Consumidor

As lojas sentiram o impacto desse efeito dominó.

“Tivemos uma inflação em 2021, em média, de 18% dos produtos que vendemos, puxada pelo petfood”, diz Sergio Zimerman, CEO da Petz rede voltada a animais domésticos.

O executivo conta que a maioria dos clientes não trocou a marca de ração por causa da alta de preços. “Quem trata o pet como membro da família a última coisa que fará será deixar de dar o melhor para ele.”

Esse comportamento foi observado tanto nas lojas da rede localizadas em bairros nobres quanto na periferia.

O que houve, segundo Zimerman, foi que o consumidor procurou compensar os aumentos de preços da comida reduzindo as compras de outros itens não essenciais, como petiscos, roupas, brinquedos, por exemplo.

Escolhas

Essa foi a estratégia dos “pais” de pet Manoela Meinke e Lucas Barreto. Para garantir os cuidados básicos dos cinco animais de estimação - os cachorros Amora, Snow e Tequila, o gato Ozzy e a porquinha-da-índia Sushi -, eles gastam em média R$ 2 mil por mês com a alimentação, remédios, areia higiênica e substrato.

Com a alta nos preços, o casal diz que comprar brinquedos, por exemplo, ficou mais difícil. “Compramos esses que duram mais, porque está tudo muito caro, não dá para sair dando mimo assim a todo momento”, conta Manoela.

Outra saída foi realizar as compras em maior escala na internet e estocar. “Deixamos as grandes redes e começamos a buscar esses produtos em vendedores particulares que anunciam no Mercado Livre. Um exemplo é a areia usada pelo gato, que chega a ser até 30% mais barato online”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAnimaisEXAME-no-InstagramInflação

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor