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Inflação de serviços é a menor desde 2000

Após anos seguidos com alta superior a 8%, a inflação de serviços deve ter encerrado 2018 com variação em torno de 3,5%

Inflação: o que mais pesou para redução do reajustes foi o enfraquecimento do mercado de trabalho, disse Braulio Borges (Reza Estakhrian/Getty Images/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 13h10.

São Paulo - A lenta recuperação da economia tirou o fôlego dos reajustes dos serviços que devem ter encerrado 2018 com a menor variação de preços desde o ano 2000. Até novembro - último dado disponível -, a inflação de serviços que inclui, por exemplo, gastos com cabeleireiro, lavanderia e restaurante, acumulava alta de 3,3% no ano. No mesmo período, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE tinha subido 3,59%.

Após anos seguidos resistindo nas alturas, com alta superior a 8%, a inflação de serviços deve ter encerrado 2018 com variação em torno de 3,5%. O resultado é um ponto porcentual abaixo do de 2017 e ligeiramente menor do que a inflação geral de 3,7% esperada para o ano, segundo projeções de consultorias. Na sexta-feira, o IBGE divulga o IPCA de 2018.

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Segundo economistas, vários fatores combinados contribuíram para a desaceleração da inflação de serviços de 2018 a ponto de o indicador ter ficado abaixo do índice geral de inflação, o que não ocorria desde 2015.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, o que mais pesou para redução do ritmo de reajustes dos serviços foi o enfraquecimento do mercado de trabalho, que ainda convive com desemprego elevado (11,6%).

O economista explica que o setor de serviços é intensivo em mão de obra e que o seu principal custo é o salário. Com a desocupação elevada, os gastos com salários se reduziram e isso ajudou a segurar os reajustes. "A desaceleração da inflação dos serviços é o lado bom de uma situação ruim", diz Borges, fazendo menção à lenta retomada da atividade.

O economista Fabio Silveira, diretor da consultoria MacroSector, lembra que entre dezembro de 2014 e novembro de 2018, mais de um milhão de postos de trabalho formais foram fechados na indústria de transformação. "Essas pessoas foram procurar emprego no setor de serviços", diz.

A maior oferta de mão de obra achatou ainda mais os salários. Fora isso, o próprio setor desativou 620 mil vagas formais no período, contribuindo para a redução de salários e de custos. Ele acrescenta que o uso intensivo de tecnologia ajudou também a reduzir gastos.

Outro fator que joga a favor da contenção de reajustes é a demanda mais fraca por serviços. Fran Norberto, cabeleireiro há 35 anos, sentiu uma queda de 65% no movimento no ano passado no salão mais luxuoso, onde atendia as clientes entre terça-feira e sábado na zona norte de São Paulo. Às segundas, ele trabalhava em outro salão, também na zona norte, com preços populares.

A saída encontrada por ele para manter a receita foi trocar o salão luxuoso por outro com preços intermediários. Com essa estratégia, Norberto diz que trabalha mais e ganha menos por cliente.

"Enquanto as coisas não melhorarem, a gente tem de cair na real e descer do salto", afirma o cabeleireiro.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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