Economia

Indústria quer vender sobra de energia em leilões públicos

Companhias querem vender sobras para o mercado atendido pelas distribuidoras e já estão conversando com o Ministério de Minas e Energia sobre o tema


	Cabos de transmissão de energia elétrica: indústria conversa informalmente com representantes do Ministério sobre o interesse em oferecer a sobra de energia em leilões
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Cabos de transmissão de energia elétrica: indústria conversa informalmente com representantes do Ministério sobre o interesse em oferecer a sobra de energia em leilões (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 16h25.

São Paulo/Brasília - Grandes empresas industriais do Brasil querem vender sobras de energia em leilões públicos para o mercado atendido pelas distribuidoras de eletricidade e estão conversando com o Ministério de Minas e Energia sobre o tema, afirmaram fontes do setor elétrico.

A Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape) em conjunto com a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) conversam informalmente com representantes do Ministério sobre o interesse de empresas associadas em oferecer a sobra de energia em leilões, com entrega a partir de 2015.

Os associados da Abiape são Alcoa, ArcelorMittal, CSN, Eneva, Gerdau, InterCement, Odebrecht Energia, Samarco, ThyssenKrupp, Vale e Votorantim Energia. Entre os associados da Abrace estão GM, Dow, Fibria, CSN, Braskem, ArcelorMittal, Alcoa, Anglo American e Bayer.

Os autoprodutores associados à Abiape participam de diversos empreendimentos de geração que totalizam 22.759 MW de potência instalada, dos quais 8.744 MW são específicos para o consumo próprio. Desse total, 7.184 MW já estão em operação no país em 37 hidrelétricas, 17 termelétricas e 8 PCHs.

Já as indústrias associadas à Abrace são responsáveis pelo consumo de aproximadamente 20 por cento da energia elétrica produzida no país, o que corresponde a 45 por cento do consumo industrial de energia, segundo a associação.

Planejamento Para Mais Energia

O vice-presidente da Abiape, Cristiano Amaral, explica que já existem sobras de energia na indústria, mas que também poderia haver um planejamento para reduzir o consumo e oferecer mais energia.

Segundo ele, parte das sobras de energia existentes estão relacionadas com projetos de ampliações industriais que estavam programados, mas não foram executados.

"Não teria que ser um leilão exclusivo, mas que o governo pudesse abrir um novo produto (em leilões), com entrega a partir de janeiro de 2015 ... e que a gente pudesse participar dessa forma", disse Amaral.


O presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, confirmou que a entidade vem conversando com o ministério, em conjunto com Abiape, sobre a possibilidade de os associados de ambas poderem oferecer sobra de energia em leilões para o mercado regulado.

Segundo ele, a participação nos leilões seria "uma solução muito boa para o consumidor regulado, pois aumenta a competição para o leilão, para o Tesouro e também para o ambiente de contratação de energia, pois aumenta a liquidez".

A venda de energia pela indústria seria mais uma oferta para ajudar a cobrir a descontratação das distribuidoras de energia, que é superior a 3,3 gigawatts médios atualmente. Diante disso, as distribuidoras estão tendo que arcar com fortes gastos para contratar energia mais cara relacionada à geração térmica no curto prazo.

O governo federal irá promover em 30 de abril um leilão de energia existente com o objetivo de cobrir essa descontratação, mas Amaral, da Abiape, disse que não deve ser possível viabilizar a participação da indústria já para este leilão.

Ele explicou que algumas empresas poderiam ter dificuldade em comprovar lastro para a energia ofertada em leilão. Isso porque a maioria da indústria não é 100 por cento autoprodutora de energia e pelo menos alguma parte da eletricidade que poderiam ofertar em leilão é contratada com terceiros.

O leilão de energia A-0 permite que, para o produto "por quantidade de energia", das hidrelétricas, a comprovação de lastro de venda se dê por meio de terceiros, mediante contratos de compra de energia e potência. O prazo de suprimento desses contratos que servirão como lastro deverá ser compatível com o prazo do leilão e o empreendimento de geração deverá ser identificado.

Essa identificação, segundo Amaral, é muito difícil de ser feita, caso a energia a ser oferecida pelos geradores não venha de empreendimento próprio, mas de contratos com terceiros.

Segundo uma fonte do governo que trata diretamente do assunto, os leilões de energia excedente de autoprodutores e de consumidores livres é uma pauta a ser analisada, mas no futuro. "Agora estamos focados em viabilizar o leilão A-0. Mas esse assunto não está descartado. É uma possibilidade a ser examinada futuramente", disse a fonte.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraEletricidadeEnergiaEnergia elétricaLeilõesMinistério de Minas e EnergiaServiços

Mais de Economia

Brasil exporta 31 mil toneladas de biscoitos no 1º semestre de 2024

Corte anunciado por Haddad é suficiente para cumprir meta fiscal? Economistas avaliam

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Mais na Exame