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Indústria pressiona governo por mais acordos comerciais

No momento em que vê sua participação nas exportações despencar e em que perde mercado até na América do Sul, o setor começa a pressionar o governo

Nos anos 70 e 80, a indústria brasileira representava 3% da indústria global e 1,5% do comércio mundial de produtos. Hoje, essas fatias caíram para 1,7% e 0,7%, respectivamente (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2013 às 09h42.

São Paulo - Após passar anos buscando proteção do governo, a indústria brasileira se deu conta de que o mercado interno não é suficiente para garantir seu futuro.

No momento em que vê sua participação nas exportações despencar e em que perde mercado até na América do Sul, o setor começa a pressionar o governo na direção oposta: quer mais acordos comerciais bilaterais.

Nos próximo dias, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) enviará à presidente Dilma Rousseff uma carta com extensa análise sobre a ausência do Brasil nos acordos preferenciais de comércio e recomendações para uma nova e urgente política de inserção comercial, ainda que isso signifique uma abertura maior do mercado nacional.

"O Brasil precisa saber, em todas as esferas - empresários, governo e sociedade -, que, se não fizer nada, vai ficar excluído do cenário mundial. Vai regredir mais e mais sua produção para bens primários", diz Pedro Passos, presidente do Iedi e sócio-fundador da Natura.

Outras entidades também pedem mudanças na política comercial brasileira, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A Fiesp se prepara para liderar um movimento pela reforma do Mercosul. "Precisamos nos livrar dessa camisa de força, pois não vamos concluir nenhum acordo tendo Argentina e Venezuela como parceiros", diz Roberto Giannetti da Fonseca, do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.

A ideia é ter um acordo guarda-chuva para o bloco e acertos individuais de cada país, com tarifas específicas e prazos de adesão.


O Iedi afirma que, ao privilegiar as negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), em discussão desde 2001, o Brasil não correu atrás de acordos preferenciais de comércio, se afastando de outras economias relevantes que investiram nessa estratégia. Em dezembro, o futuro de Doha será tema da reunião da OMC, agora sob direção do brasileiro Roberto Azevedo.

Recuo

Nos anos 70 e 80, a indústria brasileira representava 3% da indústria global e 1,5% do comércio mundial de produtos. Hoje, essas fatias caíram para 1,7% e 0,7%, respectivamente.

Com a cruzada pela inserção do País em acordos de grande abrangência, Passos afirma ter como "meta ou sonho" a recuperação dessa presença. "Não se trata, portanto, de um esforço coreano ou chinês, pois já tivemos o dobro da participação atual."

Entre as questões regulatórias que devem ser incluídas em futuros acordos, o Iedi sugere regras de origem preferenciais, mecanismos de reconhecimento mútuo de medidas não tarifárias, salvaguardas transitórias e um modelo de proteção aos investimentos que leve em conta as sensibilidades de países em desenvolvimento.

A coordenadora do Centro do Comércio Global e do Investimento da Fundação Getulio Vargas (FGV), Vera Thorstensen, diz que, até o ano passado as indústrias resistiam em apoiar acordos.

Alegavam perda de competitividade em razão do custo Brasil e da desvalorização cambial. Mas viram, por exemplo, que a explosão de consumo ocorrida no País foi atendida em boa parte por produtos chineses. "A indústria nacional continua sem competição, mas percebeu que isso precisa ser usado como pressão para buscar soluções do governo", diz.

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São Paulo - Após passar anos buscando proteção do governo, a indústria brasileira se deu conta de que o mercado interno não é suficiente para garantir seu futuro.

No momento em que vê sua participação nas exportações despencar e em que perde mercado até na América do Sul, o setor começa a pressionar o governo na direção oposta: quer mais acordos comerciais bilaterais.

Nos próximo dias, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) enviará à presidente Dilma Rousseff uma carta com extensa análise sobre a ausência do Brasil nos acordos preferenciais de comércio e recomendações para uma nova e urgente política de inserção comercial, ainda que isso signifique uma abertura maior do mercado nacional.

"O Brasil precisa saber, em todas as esferas - empresários, governo e sociedade -, que, se não fizer nada, vai ficar excluído do cenário mundial. Vai regredir mais e mais sua produção para bens primários", diz Pedro Passos, presidente do Iedi e sócio-fundador da Natura.

Outras entidades também pedem mudanças na política comercial brasileira, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A Fiesp se prepara para liderar um movimento pela reforma do Mercosul. "Precisamos nos livrar dessa camisa de força, pois não vamos concluir nenhum acordo tendo Argentina e Venezuela como parceiros", diz Roberto Giannetti da Fonseca, do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.

A ideia é ter um acordo guarda-chuva para o bloco e acertos individuais de cada país, com tarifas específicas e prazos de adesão.


O Iedi afirma que, ao privilegiar as negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), em discussão desde 2001, o Brasil não correu atrás de acordos preferenciais de comércio, se afastando de outras economias relevantes que investiram nessa estratégia. Em dezembro, o futuro de Doha será tema da reunião da OMC, agora sob direção do brasileiro Roberto Azevedo.

Recuo

Nos anos 70 e 80, a indústria brasileira representava 3% da indústria global e 1,5% do comércio mundial de produtos. Hoje, essas fatias caíram para 1,7% e 0,7%, respectivamente.

Com a cruzada pela inserção do País em acordos de grande abrangência, Passos afirma ter como "meta ou sonho" a recuperação dessa presença. "Não se trata, portanto, de um esforço coreano ou chinês, pois já tivemos o dobro da participação atual."

Entre as questões regulatórias que devem ser incluídas em futuros acordos, o Iedi sugere regras de origem preferenciais, mecanismos de reconhecimento mútuo de medidas não tarifárias, salvaguardas transitórias e um modelo de proteção aos investimentos que leve em conta as sensibilidades de países em desenvolvimento.

A coordenadora do Centro do Comércio Global e do Investimento da Fundação Getulio Vargas (FGV), Vera Thorstensen, diz que, até o ano passado as indústrias resistiam em apoiar acordos.

Alegavam perda de competitividade em razão do custo Brasil e da desvalorização cambial. Mas viram, por exemplo, que a explosão de consumo ocorrida no País foi atendida em boa parte por produtos chineses. "A indústria nacional continua sem competição, mas percebeu que isso precisa ser usado como pressão para buscar soluções do governo", diz.

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