Previsão de um novo ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, e de maior controle fiscal, devem influir positivamente na indústria a partir do próximo ano (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 13h40.
Brasília - O gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse hoje (2) que a expectativa é que o setor encerre 2014 sem consolidar a recuperação na produção.
“Acho que vai ficar para 2015”, disse Castelo Branco, em coletiva de imprensa para comentar a pesquisa Indicadores Industriais, com dados de outubro, divulgada nesta segunda-feira.
“A consolidação de uma recuperação, que poderia vir na esteira de uma melhora do faturamento [o indicador cresceu em outubro 3,1% pela quarta vez consecutiva], não se espraiou para a atividade produtiva, medida pelas horas trabalhadas, pelo uso da capacidade instalada e pelo emprego”, comentou, lembrando a queda desses indicadores, que sinalizam maior ou menor aquecimento do setor.
Além do faturamento, a pesquisa divulgada hoje mostrou elevação na massa salarial e no rendimento real, um dado que, do ponto de vista da CNI, não é tão bom.
“Como não temos aumento da produtividade para acompanhar, isso acaba se materializando em aumento de custos”, disse Flávio Castelo Branco. O emprego, apesar de ter caído 0,1%, desacelerou a retração vista em outros meses.
Para Castelo Branco, a previsão de um novo ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, e de maior controle fiscal, devem influir positivamente na indústria a partir do próximo ano.
“O Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] tem outra reunião e o ciclo [de alta de juros] deve continuar.
Tem também o pré-anúncio de maior rigor na política fiscal. São políticas macroeconômicas de controle, visando ajuste da inflação, mas que repercutem na demanda global e, portanto, na atividade da indústria”, destacou o gerente de Política Econômica da CNI.
Castelo Branco disse ainda que, embora exista “preocupação” quanto à possibilidade de um maior aperto fiscal influenciar nas desonerações até agora concedidas à indústria, a ideia é que isso seja contrabalançado por mudanças de caráter estrutural na carga tributária.
“Algumas desonerações tinham caráter temporário. Outras foram tornadas permanentes, como a desoneração da folha de pagamento. Quando levantamos os principais problemas que afetam as empresas industriais, a carga tributária sempre é o maior: impacta a competitividade dos nossos produtos. Estamos discutindo para ver se aliviamos o ônus, a carga não explícita. Aquela que faz a empresa gastar com o departamento de contabilidade, o escritório”, declarou.