Economia

Indústria mundial segue enfrenta desafio, diz Gerdau

Em teleconferência com jornalistas, o executivo destacou previsão do Worldsteel Association, de que o consumo aparente mundial de aço deve cair 1,7% em 2015


	Chapas de aço para uso na construção: a Gerdau encerrou o terceiro trimestre de 2015 com uma dívida líquida de R$ 20,844 bilhões, montante 23,5% maior que o registrado ao final de junho, de R$ 16,876 bilhões
 (Michael Caronna)

Chapas de aço para uso na construção: a Gerdau encerrou o terceiro trimestre de 2015 com uma dívida líquida de R$ 20,844 bilhões, montante 23,5% maior que o registrado ao final de junho, de R$ 16,876 bilhões (Michael Caronna)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2015 às 12h36.

São Paulo - A indústria mundial de aço segue enfrentando um momento desafiador, com redução de demanda e excesso de oferta, destacou nesta quinta-feira, 29, o diretor-presidente (CEO) da Gerdau S.A., André B. Gerdau Johannpeter.

Em teleconferência com jornalistas, o executivo destacou previsão do Worldsteel Association, de que o consumo aparente mundial de aço deve cair 1,7% em 2015.

O executivo salientou que o setor segue influenciado pelo excesso de capacidade instalada global, desaceleração econômica da China, baixo nível de investimentos mundial, turbulências no mercado financeiro, redução da demanda em países emergentes (Rússia e Brasil) e conflitos geopolíticos.

No Brasil, destaca, a retração econômica continua impactando a demanda dos principais segmentos consumidores de aço: indústria, construção civil e setor automotivo.

Dívida líquida

A Gerdau encerrou o terceiro trimestre de 2015 com uma dívida líquida de R$ 20,844 bilhões, montante 23,5% maior que o registrado ao final de junho, de R$ 16,876 bilhões, consequência do efeito da variação cambial do período sobre a dívida bruta, explica a empresa em sua demonstração de resultado.

A dívida bruta, por sua vez, totalizou R$ 27,583 bilhões ao final de setembro, ante R$ 22,566 bilhões registrado ao final de junho.

Segundo informa a empresa, ao final do trimestre 7,7% da dívida bruta era de curto prazo e 92,3% de longo prazo. A dívida bruta era composta por 15,9% em reais, 78,3% em dólar norte-americano e 5,8% em outras moedas.

O custo médio nominal ponderado da dívida bruta, em 30 de setembro de 2015, era de 6,8%, sendo que 12,0% para o montante denominado em reais, de 6,0% mais variação cambial para o total denominado em dólares tomados a partir do Brasil e de 6,0% para a parcela tomada pelas subsidiárias no exterior.

Em 30 de setembro de 2015, o prazo médio de pagamento da dívida bruta era de 6,6 anos, sendo que mais de 70% com vencimento somente a partir de 2018.

A relação dívida líquida/Ebitda da empresa no trimestre subiu para 3,8 vezes, ante 3,1 vezes do segundo trimestre e 2,4 vezes de igual período do ano passado.

A empresa destaca ainda que em setembro, concluiu o processo de eliminação dos covenants financeiros de manutenção da dívida líquida/Ebitda em todos os contratos com bancos comerciais. "Com isto, a companhia pode manter o foco em reduzir sua alavancagem sem correr o risco de quebra destes covenants nos momentos de volatilidade e ciclicalidade inerentes ao negócio", afirma a companhia.

Aço bruto

A produção de aço bruto da Gerdau somou 4,201 milhões de toneladas entre julho e setembro de 2015, o que representa uma queda de 6,1% ante o volume registrado no mesmo período do ano passado. Na comparação com o segundo trimestre do ano, a queda foi de 5,2%.

Já as vendas de aço da empresa somaram 4,669 milhões de toneladas no trimestre, com avanço de 2,4% ante igual intervalo do ano passado e alta de 9,3% ante o segundo trimestre do ano. No seu balanço financeiro, a empresa explicou que o aumento deve-se ao volume maior de exportação a partir do Brasil.

No País, a produção de aço bruto da Gerdau caiu 1,6% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para 1,578 milhão de toneladas. Na comparação com o segundo trimestre, a queda foi de 4,9%.

As vendas de aço da companhia totalizaram 1,938 milhão de toneladas, com crescimento de 16,7% na comparação com um ano atrás, impulsionadas pelas exportações, que cresceram 178,7% no período para 811 mil toneladas. As vendas para o mercado doméstico, por sua vez, cederam 17,7% na mesma base de comparação, para 1,127 milhão de toneladas.

Segundo a empresa, o recuo das vendas no Brasil devem-se ao menor nível de atividade da construção e da indústria, ocasionado pelas incertezas econômicas. "Por outro lado, as exportações apresentaram aumento tanto em relação ao ano passado quanto na comparação com o segundo trimestre devido às oportunidades no mercado internacional, aliadas a um câmbio favorável", explica.

Entre julho e setembro, 1,538 milhão de toneladas de minério de ferro foram destinadas para a Usina Ouro Branco (MG) e 568 mil toneladas foram comercializadas para terceiros.

Na América do Norte a produção de aço bruto recuou 6,6% no terceiro trimestre ante igual período do ano passado e cedeu 1,1% na comparação como o segundo trimestre do ano, para 1,675 milhão de toneladas. As vendas, por sua vez, recuaram 3,5% para 1,664 milhão de toneladas na comparação com um ano e subiram 0,9% ante o período de abril a junho.

Segundo a empresa, as vendas no trimestre em relação ao ano passado apresentaram redução em função da contínua pressão de produtos importados na região. Em relação ao segundo trimestre, a quase estabilidade nas vendas, explica a empresa, foi resultado da continuidade da boa demanda na construção não residencial, mesmo com o alto volume de importados competindo na região.

Despesas

As despesas com vendas, gerais e administrativas somaram R$ 631 milhões no terceiro trimestre do ano, com redução de 4,5% ante igual intervalo do ano passado e 0,9% ante o segundo trimestre do ano. Segundo a empresa, a queda é reflexo dos esforços de racionalização ao longo desses períodos, mesmo considerando o efeito da variação cambial nos períodos comparados.

"Estes esforços geraram uma redução da participação das despesas com vendas, gerais e administrativas em relação a receita líquida, passando de 6,2% no terceiro trimestre de 2014 para 5,9% no segundo trimestre deste ano e para 5,3% no terceiro trimestre.

Aços Especiais

O vice-presidente executivo de finanças (CFO) da Gerdau, Harley Lorentz Scardoelli, explicou nesta quinta-feira que as perdas pela não recuperabilidade de ativos realizada pela empresa no terceiro trimestre do ano envolve R$ 713 milhões na América do Norte, R$ 354 milhões na América do Sul e R$ 1,084 bilhão relativos aos negócios de Aços Especiais, totalizando R$ 2,151 bilhões no período.

"O resultado teve um impacto de R$ 2,2 bilhões no resultado do trimestre, mas sem efeito caixa", destacou o executivo em teleconferência com jornalistas para comentar o balanço financeiro da companhia no trimestre.

Dos R$ 713 milhões realizados na América do Norte, R$ 351 milhões referem-se a ágio e R$ 362 milhões a investimentos. O valor total realizado na América do Sul, por sua vez, refere-se apenas a ágio. Já no segmento de aços especiais, R$ 800 milhões referem-se a imobilizado e R$ 284 milhões a baixa de ativos fiscais diferidos.

No release de resultados do período, a empresa explica que seguindo o padrão IFRS, concluiu pela antecipação do teste de recuperabilidade de ágio e outros ativos de vida longa para o trimestre levando em consideração as mudanças observadas no panorama econômico dos mercados de atuação da companhia, bem como premissas de expectativa de resultado de cada segmento.

"Ao excluir esses itens não-recorrentes, sem impacto no caixa, o lucro líquido e o crescimento do Ebitda no trimestre já refletem o amplo trabalho de nossas equipes para aumentar a competitividade e eficiência de todas as operações, o que integra as iniciativas do Projeto Gerdau 2022", destacou o diretor-presidente (CEO) da Gerdau, André B. Gerdau Johannpeter.

Em teleconferência com analistas, o executivo destacou a redução das despesas gerais, administrativas e com vendas, otimização do capital de giro e geração de caixa livre no valor de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre de 2015. "Também mantivemos o grau de investimento junto às três principais agências de classificação de risco do mundo - Standard & Poor's, Fitch e Moody's - e negociamos a retirada de cláusulas contratuais de títulos de dívida (covenants), o que nos permite ter uma gestão da dívida focada no longo prazo", complementou.

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