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Indústria de açúcar limita embarque à espera de preço melhor

Expectativa de preços mais elevados do açúcar a partir de meados do segundo semestre faz a indústria e tradings no Brasil limitarem vendas no curto prazo

Açúcar: boa parte do açúcar produzido na atual temporada continua estocado nas usinas (Prashanth Vishwanathan/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 13h01.

São Paulo - A expectativa de preços mais elevados do açúcar a partir de meados do segundo semestre faz a indústria e tradings no Brasil limitarem vendas no curto prazo, afetando já os embarques do maior exportador global da commodity, disse o sócio-diretor da Job Economia, Julio Maria Borges.

Segundo o consultor, boa parte do açúcar produzido na atual temporada continua estocado nas usinas, enquanto as tradings não retiram o produto à espera de condições melhores para negociação.

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"No médio prazo, vemos bons fundamentos para os preços do açúcar... Uma recuperação que pode ser até mais acentuada do que se imagina, dependendo da intensidade do El Niño", disse Borges.

A confirmação do fenômeno climático El Niño pode trazer mais chuvas para o centro-sul do Brasil, afetando a qualidade da cana e reduzindo a oferta de açúcar.

Os preços do açúcar bruto em Nova York, que estão em torno de 17 centavos de dólar por libra-peso, têm oscilado pouco ao longo do ano, após uma mínima de quase 15 centavos em janeiro, e estão abaixo dos custos totais das usinas, segundo o consultor.

Segundo ele, se considerar um câmbio de 2,25 reais, o preço deveria ser 19,50 centavos de dólar por libra-peso para remunerar adequadamente a indústria, de forma a cobrir custos totais.

"Espero que o preço alcance ainda no segundo semestre cerca de 20 centavos/lb, desta forma haverá exportação. Caso contrário, elas serão muito inibidas nesta safra. Em outras palavras, o Brasil vai reduzir muito sua participação nas exportações mundiais", disse. A retração nas vendas tem se refletido nas exportações brasileiras, com os embarques no acumulado da safra (abril a junho) recuando cerca de 20 por cento na comparação anual, para 4,614 milhões de toneladas (açúcar bruto e refinado).

Fator Índia

Além disso, existe a perspectiva de uma produção menor de açúcar no mundo, com possível recuo da safra da Índia (segundo produtor e maior consumidor global) também por efeito da ocorrência do fenômeno El Niño.

"Se o El Niño acontecer com intensidade razoável na Índia, por exemplo, já reduzirá a pressão de exportação (da Índia)", disse Borges. Centros de previsão climática têm apontado chances para a ocorrência de um El Niño entre fraco e moderado este ano, que poderia ter impactos na safra da cana.

Com perspectivas de safras menores no Brasil e na Índia, pelos riscos climáticos --as lavouras brasileiras já foram afetadas por uma severa seca no início do ano--, as consultorias já consideram que a safra global --que vai de outubro a setembro-- deve passar de um excedente para um déficit em 2014/15.

Na quinta-feira, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) afirmou que a moagem de cana do Brasil deve refletir os efeitos da seca prolongada, prevendo níveis de produtividades menores que o inicialmente estimado.

A Unica estimou, antes mesmo da seca recente, uma queda de 1 milhão de toneladas nas exportações de açúcar do centro-sul do Brasil em 2014/15, com base nos dados das previsões da severa estiagem do início do ano.

O Brasil exportou 27 milhões de toneladas no ano calendário 2013, segundo dados do Ministério da Agricultura.

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