Embarques de trigo na Argentina estão paralisados
Ministério da Agricultura da Argentina negou a informação de fontes de que embarques foram interrompidos e licenças de exportação canceladas
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 17h35.
São Paulo - Os embarques de trigo da safra nova da Argentina (2012/13) estão paralisados desde a tarde de quarta-feira, disseram nesta quinta-feira fontes do mercado e a associação da indústria no Brasil, o maior importador do cereal argentino.
A Argentina interrompeu embarques e também cancelou parte das licenças de exportação previstas para a temporada 2012/13, afirmaram as fontes, um importante empresário da indústria local e um corretor no Paraná com estreita relação com o mercado argentino.
"O governo argentino suspendeu os embarques de trigo da safra nova... Os armadores estão informando simplesmente que o governo não está deixando embarcar", afirmou o empresário, que pediu para não ser identificado.
O Ministério da Agricultura da Argentina, em Buenos Aires, informou que a informação era falsa, ao ser consultado sobre o assunto. Um porta-voz afirmou ainda que o país não está avaliando uma redução nas autorizações de exportações em função de crescentes preocupações sobre o tamanho da safra.
A Argentina está em processo de colheita de uma safra que deverá ser 25 por cento menor do que a registrada na temporada passada. Segundo previsão de novembro do Departamento de Agricultura dos EUA, a produção deverá somar 11,5 milhões de toneladas.
Além de uma safra menor, a qualidade da produção argentina deverá ter problemas, após chuvas intensas que inundaram lavouras.
"De fato, existem navios para embarque da safra nova e que não estão com autorização de embarque", disse o corretor, que também prefere ficar no anonimato.
"Acontece que o trigo argentino tem problema de qualidade (nesta safra)... e acredito que essa medida é pra valorizar o produto deles. O governo argentino precisa de dólares", acrescentou.
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) recebeu relatos de duas empresas associadas sobre o problema.
"Eles estão preocupados porque contam com o fornecimento argentino para atender necessidade de moagem. Nós não sabemos porque os embarques não estão ocorrendo. Esperamos que isso se normalize, porque os moinhos contam com o trigo", disse o presidente-executivo da Abitrigo, Sérgio Amaral, em entrevista à Reuters.
A Argentina fornece normalmente cerca de 80 por cento do trigo importado pelo Brasil, um dos maiores compradores globais do cereal.
Um navio normalmente leva cinco dias para trazer trigo da Argentina, e alguns moinhos estariam com baixos estoques, segundo uma das fontes.
"Tivemos uma safra menor no Brasil, na Argentina. Tudo isso faz com que os moinhos acompanhem muito de perto o que está acontecendo", acrescentou Amaral, ressaltando que a Abitrigo não tem conhecimento sobre o que motivou a interrupção dos embarques.
QUEBRA DE CONTRATO
Na Argentina, uma fonte do setor exportador afirmou no início da semana que ao menos quatro navios graneleiros estavam parados no porto porque chegaram antes do programado e carregaram trigo.
A fonte afirmou que as autoridade da alfândega impediram os navios de sair, mas acrescentou que eles poderiam deixar o país a partir de 15 de dezembro, quando as licenças de exportação da nova temporada entram em vigência.
A primeira fonte no Brasil disse que tradings argentinas relataram que o governo deverá se reunir no próximo dia 15 de dezembro com o setor privado para discutir o assunto.
"Confirmei essa informação com diversas fontes, eu estou com barco lá, parado, com 30 mil toneladas para serem carregadas... Isso é quebra de contrato", disse o empresário, ressaltando ter comprado o trigo da safra nova para embarque a partir do primeiro dia deste mês.
Ou seja, no caso de a Argentina eventualmente voltar a liberar embarques somente após o dia 15, isso representaria uma quebra de contrato, na visão do industrial.
"Por enquanto, há mais de 200 mil toneladas de compradores que querem embarcar e não conseguem. Tecnicamente, isso é um default." O problema nos embarques é mais um para a indústria do trigo do Brasil, que deverá enfrentar uma escassez na oferta após uma quebra na safra local e no parceiro comercial do Mercosul. Segundo a fonte, o Uruguai também colhe uma safra com problemas de qualidade.
Os problemas com embarques na Argentina devem significar custos ainda maiores para os moinhos brasileiros, que já preveem uma elevação nos gastos com matéria-prima nos próximos meses.
O governo da Argentina, que controla exportações de milho e trigo para garantir o abastecimento interno, autorizou ainda em junho exportações de 6 milhões de toneladas de trigo na temporada 2012/13. A demanda interna é de cerca de 6 milhões de toneladas.
Analistas do setor, no entanto, dizem que uma piora na colheita poderia resultar em redução nas licenças de exportação.
São Paulo - Os embarques de trigo da safra nova da Argentina (2012/13) estão paralisados desde a tarde de quarta-feira, disseram nesta quinta-feira fontes do mercado e a associação da indústria no Brasil, o maior importador do cereal argentino.
A Argentina interrompeu embarques e também cancelou parte das licenças de exportação previstas para a temporada 2012/13, afirmaram as fontes, um importante empresário da indústria local e um corretor no Paraná com estreita relação com o mercado argentino.
"O governo argentino suspendeu os embarques de trigo da safra nova... Os armadores estão informando simplesmente que o governo não está deixando embarcar", afirmou o empresário, que pediu para não ser identificado.
O Ministério da Agricultura da Argentina, em Buenos Aires, informou que a informação era falsa, ao ser consultado sobre o assunto. Um porta-voz afirmou ainda que o país não está avaliando uma redução nas autorizações de exportações em função de crescentes preocupações sobre o tamanho da safra.
A Argentina está em processo de colheita de uma safra que deverá ser 25 por cento menor do que a registrada na temporada passada. Segundo previsão de novembro do Departamento de Agricultura dos EUA, a produção deverá somar 11,5 milhões de toneladas.
Além de uma safra menor, a qualidade da produção argentina deverá ter problemas, após chuvas intensas que inundaram lavouras.
"De fato, existem navios para embarque da safra nova e que não estão com autorização de embarque", disse o corretor, que também prefere ficar no anonimato.
"Acontece que o trigo argentino tem problema de qualidade (nesta safra)... e acredito que essa medida é pra valorizar o produto deles. O governo argentino precisa de dólares", acrescentou.
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) recebeu relatos de duas empresas associadas sobre o problema.
"Eles estão preocupados porque contam com o fornecimento argentino para atender necessidade de moagem. Nós não sabemos porque os embarques não estão ocorrendo. Esperamos que isso se normalize, porque os moinhos contam com o trigo", disse o presidente-executivo da Abitrigo, Sérgio Amaral, em entrevista à Reuters.
A Argentina fornece normalmente cerca de 80 por cento do trigo importado pelo Brasil, um dos maiores compradores globais do cereal.
Um navio normalmente leva cinco dias para trazer trigo da Argentina, e alguns moinhos estariam com baixos estoques, segundo uma das fontes.
"Tivemos uma safra menor no Brasil, na Argentina. Tudo isso faz com que os moinhos acompanhem muito de perto o que está acontecendo", acrescentou Amaral, ressaltando que a Abitrigo não tem conhecimento sobre o que motivou a interrupção dos embarques.
QUEBRA DE CONTRATO
Na Argentina, uma fonte do setor exportador afirmou no início da semana que ao menos quatro navios graneleiros estavam parados no porto porque chegaram antes do programado e carregaram trigo.
A fonte afirmou que as autoridade da alfândega impediram os navios de sair, mas acrescentou que eles poderiam deixar o país a partir de 15 de dezembro, quando as licenças de exportação da nova temporada entram em vigência.
A primeira fonte no Brasil disse que tradings argentinas relataram que o governo deverá se reunir no próximo dia 15 de dezembro com o setor privado para discutir o assunto.
"Confirmei essa informação com diversas fontes, eu estou com barco lá, parado, com 30 mil toneladas para serem carregadas... Isso é quebra de contrato", disse o empresário, ressaltando ter comprado o trigo da safra nova para embarque a partir do primeiro dia deste mês.
Ou seja, no caso de a Argentina eventualmente voltar a liberar embarques somente após o dia 15, isso representaria uma quebra de contrato, na visão do industrial.
"Por enquanto, há mais de 200 mil toneladas de compradores que querem embarcar e não conseguem. Tecnicamente, isso é um default." O problema nos embarques é mais um para a indústria do trigo do Brasil, que deverá enfrentar uma escassez na oferta após uma quebra na safra local e no parceiro comercial do Mercosul. Segundo a fonte, o Uruguai também colhe uma safra com problemas de qualidade.
Os problemas com embarques na Argentina devem significar custos ainda maiores para os moinhos brasileiros, que já preveem uma elevação nos gastos com matéria-prima nos próximos meses.
O governo da Argentina, que controla exportações de milho e trigo para garantir o abastecimento interno, autorizou ainda em junho exportações de 6 milhões de toneladas de trigo na temporada 2012/13. A demanda interna é de cerca de 6 milhões de toneladas.
Analistas do setor, no entanto, dizem que uma piora na colheita poderia resultar em redução nas licenças de exportação.