Economia: indicadores devem mostrar impacto do coronavírus no Brasil
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2020 às 06h52.
Última atualização em 10 de março de 2020 às 07h21.
O ano de 2020 poderia ter começado mais promissor para a indústria brasileira, não fosse a epidemia de coronavírus que se espalha pelo mundo e desacelera o comércio global.
Pelo menos essa era a expectativa depois de anunciada uma trégua na guerra tarifária entre Estados Unidos e China, no fim do ano passado. O conflito entre os países, somado à crise econômica pela qual passa a Argentina (importante parceiro brasileiro), e à explosão de barragem da Vale em Brunadinho (MG), foram os maiores responsáveis por interromper em 2019 dois períodos seguidos de crescimento na produção industrial, que teve queda de 1,1% no ano.
Os números sobre a atividade do setor extrativo e de transformação em janeiro serão conhecidos nesta terça-feira (10), com a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM BR), feita pelo IBGE.
Na quarta-feira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) também divulgam o levantamento de conjuntura da indústria de janeiro, com as perspectivas econômicas dos empresários em fevereiro.
A maior preocupação é que a epidemia de Coronavírus afete a capacidade de produção dos países mais dependentes da China, já que a paralisação no país asiático impacta o suprimento de cadeias inteiras de negócios.
Os problemas na Argentina também seguem em destaque. Estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas mostram que a fraqueza da economia argentina deve continuar afetando o desempenho da indústria no Brasil este ano, potencialmente subtraindo 0,36 ponto percentual ou mais do PIB brasileiro em 2020.
Será divulgado hoje também o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola para fevereiro de 2020. Mais do que a escassez de insumos da indústria, o principal impacto de uma crise mais longa provocada pelo coronavírus para o Brasil deve ser na balança comercial.
A cotação dos principais produtos exportados pelo Brasil despencou após o aparecimento do surto na China, o principal comprador das commodities nacionais.
Os preços mais favoráveis ao produtor vêm incentivando o cultivo do milho e da soja, segundo o IBGE. O Instituto prevê que a safra brasileira de soja em 2020 seja a maior da série histórica do instituto, iniciada em 1975, chegando a 246,7 milhões de toneladas, 2,2% acima do resultado de 2019.