Economia

"Impacto cambial no IPC-S já começou, mas é lento", diz FGV

O dado veio dentro do intervalo das expectativas do AE Projeções, mas abaixo da mediana de 0,44%, e exatamente como o previsto pelo coordenador


	Inflação: a avaliação foi feita por Picchetti após analisar o IPC-S de setembro, que avançou para 0,42%, ante 0,21%
 (spijker/Creative Commons)

Inflação: a avaliação foi feita por Picchetti após analisar o IPC-S de setembro, que avançou para 0,42%, ante 0,21% (spijker/Creative Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 14h12.

São Paulo - A influência da alta do dólar já vem afetando a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), mas os impactos acontecem de forma tímida, por causa da recessão econômica, avaliou nesta quinta-feira, 1, o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Tem uma elevação constante desde o início do ano, mas que ainda não bateu por completo sobre os preços. O nível de atividade fraco está fazendo o seu papel, mas não a ponto de conter totalmente os impactos", afirmou.

A avaliação foi feita por Picchetti após analisar o IPC-S de setembro, que avançou para 0,42%, ante 0,21%.

O dado veio dentro do intervalo das expectativas do AE Projeções (de 0,40% a 0,62%), mas abaixo da mediana de 0,44%, e exatamente como o previsto pelo coordenador.

De agosto para setembro, o grupo comercializáveis, que capta mais rapidamente as influências do câmbio, dobrou, ao atingir 0,26%.

O item que mais vem sentindo essa pressão é o de computador e periféricos (de 0,33% para 1,13%), contou Picchetti, que ainda lembra de alguns produtos alimentícios que refletem esse avanço do dólar, mas de forma discreta, como é o caso de pão francês (de 1,19% para 1,53%).

Em 12 meses, citou Picchetti, a taxa do pão francês ficou em 9,98%. "Considerando que 50% da matéria-prima é importada e o trigo subiu bastante, tem, sem dúvida, um efeito importante. Ainda assim é menos que o proporcional do que seria se fosse um repasse integral da elevação do trigo", analisou.

A taxa acumulada em 12 meses dos comercializáveis também seguiu trajetória ascendente, ao passar de 2,87% para 2,93%.

"Os comercializáveis acumularam quase 3% e o câmbio se desvalorizou cerca de 40% no período. Que vem refletindo, vem, mas lentamente", reforçou.

Serviços

Assim como o grupo comercializáveis no IPC-S vem captando os reflexos do dólar caro de maneira mais tímida, a inflação de serviços está demorando para desacelerar de forma mais significativa, ainda que a atividade esteja fraca.

Apesar do arrefecimento no ritmo de alta de agosto para o mês passado (de 0,84% para 0,63%), em 12 meses terminados em setembro, a variação acumulada ficou em 14,79% (ante 15,10%).

"A desaceleração no mês está por trás do resultado acumulado em 12 meses. Ainda tem elevação generalizada em termos nominais de alguns produtos e poucas quedas em termos reais (descontada a inflação)", afirmou.

Apesar da desaceleração do grupo serviços, o economista disse que o cenário ainda é de pressão inflacionária, como corroboram os resultados dos núcleos, de preços livres e do indicador de difusão.

"Tudo isso reforça claramente a análise de que não é meia dúzia de itens que são os vilões, que os responsáveis pela inflação elevada não são somente os preços administrados", avaliou.

De acordo com a FGV, a taxa média mensal dos núcleos atingiu 0,59% e acumulou 7,73% em 12 meses concluídos em setembro, inferior à de 9,65% do IPC-S.

Os preços administrados tiveram variação de 1,14% (ante 0,79%) e acumularam taxa expressiva de 30,36%. Já o indicador de difusão - que mede o quanto a alta dos preços no IPC-S está espalhada - alcançou a marca de 67,65% em setembro, após 61,76% em agosto.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEstatísticasFGV - Fundação Getúlio VargasIndicadores econômicosInflaçãoIPC

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Banco Central aprimora regras de segurança do Pix; veja o que muda

Mais na Exame